Deputados, prefeitos, vereadores do interior, trabalhadores e sindicalistas do setor de energia elétrica protestaram contra a decisão da Companhia de Energética de Minas Gerais (CEMIG) de fechar as chamadas localidades da empresa (postos e agências) em cidades do interior sob a alegação de reduzir custos, visando sua privatização e reivindicaram as bases operacionais da empresa. O protesto foi feito em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na última sexta-feira 12.
De acordo com os participantes, a medida, que teria por objetivo preparar a empresa para a privatização, gera grandes prejuízos para a população, além de impactar a vida dos trabalhadores, alguns deles lotados nos postos há 30 anos. Apagões constantes, queda na arrecadação dos municípios, perda de produção, sobretudo na pecuária leiteira, e falta de energia em hospitais, escolas e órgãos públicos foram alguns dos prejuízos relatados pelos participantes, muitos deles de cidade que já perderam os postos.
Em Sacramento, o resultado foi sentido por toda a região do bairro Chafariz que ficou sem energia elétrica na noite de 20 e durante o dia 21 por conta de um acidente ocorrido na av. Cgo. Julião Nunes. Sem a equipe de base que foi transferida para Uberaba, a Cemig só chegou ao local de madrugada e a troca do poste e manutenção da rede só ocorreu na tarde do dia seguinte, levando prejuízo a muitos moradores.
O presidente da Câmara Municipal de Bom Jardim de Minas (Sul do Estado), Sebastião Flávio de Paula, anunciou que o Legislativo entrou com uma ação no Ministério Público (MP) contra a decisão da Cemig e aconselhou todas as câmaras dos municípios prejudicados a fazerem o mesmo.
O prefeito da cidade, Sérgio Martins, denunciou que, ao todo, 15 municípios seriam afetados com o fechamento dos postos. Afirmando que o serviço da Cemig é caríssimo e de alto risco, revelou o prefeito que em 2018, a Cemig obteve um lucro de R$ 1,5 bilhão, motivo que não se justifica nem o fechamento das bases nas pequenas localidades, nem a intenção de privatização da empresa.
Também, Jefferson Leandro Teixeira da Silva, do Sindieletro-MG, aponta a tentativa de privatização como razão para o sucateamento. “O sindicato já propôs medidas que reduzem custos, mas o interesse é privatizar. São mais de 50 localidades que existem em todo o Estado, com mais de 150 trabalhadores. O fechamento vai impactar a vida desses trabalhadores e da população”, disse.
A deputada Beatriz Cerqueira, autora do requerimento para a audiência, lamentou a ausência de representantes da Cemig na reunião, ao ler a justificativa da estatal pelo não comparecimento. “Audiência pública é o espaço da escuta, da negociação e de encaminhamentos”, cobrou.
No final da reunião, a comissão aprovou requerimentos com pedidos de providências à estatal, solicitando que a empresa reveja a decisão de fechar os postos.