Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Sobre trilhos e sobre história

Edição nº 1655 - 28 de Dezembro de 2018

No último dia 6, uma postagem na página “Estação Cipó – Parque Cultural”, criada pelo sacramentano, Luiz Eduardo Sarmento, chamou a atenção pelas fotos e o comentário: “Estação Ferroviária de Simplício - MG, em 2007 e atual (restaurada). Quando será que poderemos fazer uma publicação similar sobre as belíssimas estações ferroviárias de Sacramento?”

Na sequência, uma matéria jornalística “A história da estação de 130 anos que ‘morreu’ após criação de hidrelétrica”, publicada no dia 24/06/18, no blog Sobre Trilhos (https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2018/06/24/), assinado pelo jornalista  Marcelo Toledo e, que trata da Estação de Jaguara no município de Sacramento. Veja a íntegra da matéria: 

 

“A história da estação de 130 anos que 'morreu' após criação de hidrelétrica”

Inaugurada em 1888, a estação de trens de Jaguara tem uma história emblemática. Localizada em Sacramento (MG), ela era ao mesmo tempo o fim de uma linha ferroviária e o início de outra.

Maior que a média das estações, Jaguara estava estrategicamente posicionada, quase às margens do rio Grande, na divisa entre Minas Gerais e São Paulo, e pertencia à Companhia Mogiana de Estradas de Ferro.

Construída em estilo inglês, a estação hoje não tem mais trilhos e está totalmente abandonada, situação que se agravou com o surgimento do lago da hidrelétrica Jaguara, criada no rio Grande no início da década de 70.

Isso significou uma ruptura na linha ferroviária, que ficou submersa e cortou a ligação entre a paulista Rifaina e a mineira Sacramento. A própria cidade paulista foi reconstruída, já que a original está debaixo d'água.

Com essa interrupção na rota, a estação passou a ser uma das pontas do trecho ferroviário Jaguara-Uberaba. Mas, desde então, o fluxo de passageiros, que já estava em queda desde a década anterior, definhou cada vez mais, até a desativação em 1976.

Além da importância para o sistema ferroviário, a região em que ela se encontra - o lado paulista, especificamente - foi utilizada como base por tropas na Revolução Constitucionalista de 1932.

Esse ex-símbolo de prosperidade econômica ainda hoje abriga imóveis que compunham a vila ferroviária da estação, mas as construções estão sucateadas e não têm mais, por exemplo, o piso original. Além da estação e da antiga vila ferroviária, que abriga seis casas conjugadas, outras duas construções foram erguidas em Jaguara. 

Ela, apesar de já estar em solo mineiro, era na verdade a última estação da chamada Linha do rio Grande, que surgiu dois anos antes na região de Ribeirão Preto. Era, também, a primeira da Linha do Catalão, que tinha como objetivo chegar até Goiás, o que nunca se concretizou”.

As linhas da Mogiana foram construídas entre 1873 e 1921, tendo como mola propulsora a produção de café nas fazendas paulistas. Em 27 anos, o transporte de café apresentou crescimento de 25 vezes. Depois da quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, as exportações caíram e parte dos ramais ferroviários, já então deficitários, começou a ser desativada.”