As comemorações dos 90 anos da Santa Casa de Misericórdia de Sacramento, no dia 1º de junho, iniciaram às 8h, na área externa do prédio, com hasteamento das bandeiras e execução do Hino Nacional, por Luiz Alberto da Silva e Flávia Helena Pereira. A seguir, café com os funcionários do primeiro turno (os demais tiveram o café no seu horário) com direito a parabéns pra você e velas no bolo.
A diretoria entregou a cada um dos funcionários e convidados um cartão com os dizeres: “Atuar na área da saúde é oferecer o seu conhecimento, carinho e dedicação àqueles que buscam melhora e assim aliviam suas dores. É saber que a vida tem um valor imensurável. É ser, como profissional e ser humano, aquele com quem podemos sempre contar. Você faz parte dos 90 anos da história da Santa Casa de Sacramento. (...)”.
Às 9h, missa em ação de graças e na intenção de todos que fizeram parte da história da entidade. Presidida pelo pároco da Basílica, padre Jaime Ribeiro, que reconheceu na homilia que a Santa Missa é a melhor forma de agradecimento. “São 90 anos e quantas pessoas aqui se doaram e se doam, trabalharam e trabalham, serviram e servem. Esses 90 anos são resultado das bênçãos de Deus e de muito trabalho”.
Às 10h30, na rampa de acesso ao posto 5, a diretoria inaugurou a Galeria dos Provedores, que levou o nome de Riceiro Lenza, doador do terreno onde foi construída a Santa Casa, em 1954. No momento, foram registradas as presenças de ex-provedores e familiares representantes de muitos deles, que se emocionaram. Presenças também do presidente da Câmara e médico da Santa Casa há 34 anos, Pedro Teodoro Rodrigues de Resende; do secretário de Saúde, Reginaldo Afonso dos Santos, dentre outros. Na oportunidade, foi apresentado um resumo da atuação de cada um dos provedores.
Quem são os homenageados
Na noite da sexta-feira 1º, em solenidade realizada na Casa da Cultura, dez pessoas foram homenageadas pela diretoria, com o Título Irmão Benemérito, criado, na data da aprovação do Estatuto, no dia 11/08/1928, num gesto de agradecimento, pela relevância de seus trabalhos. A história da Santa Casa de Misericórdia de Sacramento revela uma riqueza ímpar de homens e mulheres que, debruçados em sonhos e desejos de realização, doaram o bem maior que um ser humano é capaz: a sua fé, persistência e sabedoria para que a Santa Casa fosse estabelecida e se consolidasse. São estes os homenageados:
Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP), organização civil de leigos, homens e mulheres, dedicados ao trabalho cristão de caridade, que de Paris, chegou a Sacramento no início dos anos 1900. Aqui, desenvolve um grande trabalho, com o Dispensário dos Pobres que funciona até hoje; o Lar dos Idosos e na assistência às famílias carentes. Mas teve e tem papel relevante na história da Santa Casa. Em 23 de março de 1943, os vicentinos, João Goulart, Lamartine Leite, Álvaro Cardoso de Oliveira e Oswaldo Vieira de Araújo foram nomeados pela Sociedade de São Vicente de Paulo, para fim de angariar donativos para a construção da Santa Casa. Os vicentinos continuam presenças vivas, ainda que discretas, nas campanhas em prol da Santa Casa. A SSVP foi representada pelo confrade e vicentino, Jaime Eduardo Araújo.
Irmãs de São José de Cluny, que desde a chegadas da irmãs Antônia da Sagrada Família, Mafalda do Menino Jesus, Tereza da Purificação e Isabel Rosália, em 2 de janeiro de 1963, para administrar a Santa Casa ali trabalharam por 37 anos, quando duas grandes líderes as mantiveram unidas no compromisso de manter a ordem e o funcionamento adequado da instituição, nos diversos setores: Irmã Teresa da Purificação Vaz e Irmã Maria Benigna de Jesus Martins. O rigor e a competência de ambas na coordenação das equipes foi fundamental para o cumprimento da vocação de nossa Santa Casa, de cuidar da saúde das pessoas que a ela recorrem. Com a implantação da Gestão Plena de Saúde, SUS, as irmãs entregaram a administração, com as mais jovens permanecendo no trabalho de enfermagem e as idosas na parte espiritual, até o ano de 2011. A Congregação foi representada por Irmã Irene Fernandes, diretora da CIJU.
As irmãs Zeladoras da Santa Casa, grupo instituído em 31 de janeiro de 1946 na gestão de Aristófero Mendes do Nascimento. Era formado por voluntárias, senhoras da sociedade, que tinham como incumbência acompanhar, apoiar e fiscalizar as atividades da cozinha, limpeza, mobiliário, roupas de cama, angariar fundos para a entidade, enfim atender no que fossem solicitadas. Com o passar dos anos, ganharam tanta relevância institucional em sua atuação que mereceram a alteração estatutária, estendendo-lhes a competência de angariarem donativos, promoverem festivais, quermesses, concertos, etc, em benefício da Santa Casa, num trabalho que durou 14 anos. Recebeu a comenda a zeladora, Amália Rezende Cordeiro, representada pela filha, Maria Beatriz Cordeiro Meca.
Raimunda Martins dos Santos (Nininha), uberabense de nascimento, mas residiu em Sacramento, na Santa Casa durante 54 anos, onde contribuiu com o seu trabalho e dedicação desde meados de 1956, quando chegou à cidade, após concluir o curso de Auxiliar de Enfermagem, função exercida também no Posto de Saúde Clemente Vieira de Araújo. Mas foi na Santa Casa que fez a diferença. Figura icônica da prática da enfermagem, o perfil de Nininha a revela na sua forma mais essencial: vocação para cuidar dos doentes com toda a sua atenção e carisma, verdadeiramente comprometida com o bem estar das pessoas que precisam de ajuda. Aposentada em 2010, Nininha permaneceu na SC até 2014, quando retornou a Uberaba, deixando o rastro de uma pessoa essencialmente carinhosa, de dedicação desmedida ao trabalho e de elevada competência profissional.
Nilda Iva de Oliveira, sacramentana, professora aposentada, mas que sempre ocupou na sociedade posições de devoção ao próximo. Por incontáveis anos, visitava todas as noites, como voluntária, os doentes do SUS internados na Santa Casa. Oferecia o melhor que podia lhes dar: carinho, companhia, uma boa conversa acompanhados de uma deliciosa ceia com torradas, bolachas e chás com biscoitos. Suas incansáveis campanhas nas padarias rendia biscoitos e pães para servir em suas esperadas visitas. Sua participação como membro da mesa administrativa da Santa Casa teve início em 2005 e prosseguiu ininterruptamente no período de 2009 a 2014. Nilda é membro da Casa da Amizade (Rotary Clube), da qual foi presidente por duas gestões.
José Humberto Ramos, sacramentano, radicado em Paranaguá (PR), onde fundou a empresa Multitrans Amazonas, atuando nas áreas de transporte e adubo para todo o país. Mas nunca esqueceu suas origens, mantendo na cidade natal algumas propriedades rurais. Dedicado à caridade, é referência enquanto homem comprometido com o próximo, ajudando várias entidades. Na Santa Casa de Misericórdia, esse comprometimento se traduz no apoio permanente até os dias atuais, nas melhorias das instalações com vistas ao conforto e bem estar dos doentes. Empresário e homem de grande coração, José Humberto Ramos, por onde passa, deixa o exemplo da compaixão, dedicação e seriedade com que administra suas responsabilidades sociais. José Humberto foi representado pelo irmão, Vani Ramos.
Maria Magdalena Devoz, sacramentana que escreveu a sua história através da moda, difundindo o nome da terra natal por onde seu nome passa. Mas a fama não a afastou da missão e dom de servir. A filantropia sempre foi sua aliada, caminhando juntamente com o seu trabalho na Vila Sinhazinha, ao se juntar a um grupo de colegas que faziam sopa para alimentar aqueles que necessitavam; como voluntária de várias outras entidades filantrópicas, Centro Espírita Batuíra, Casa Meimei, Lar São Vicente de Paulo, Lar de Eurípedes, Casa Lar da Criança, Presídio de Sacramento. Foi rotariana por vários anos e, nos últimos anos, com a companheira Meri Lúcia da Silva Rodrigues, tornaram-se a dupla imbatível, num compromisso e dedicação inalienáveis com as reformas físicas da Santa Casa de Misericórdia.
Meri Lúcia da Silva Rodrigues, sacramentana de coração e por título de Cidadania é Psicóloga e graduada em História com um histórico de trabalho na APAE por oito anos e como professora na Escola Coronel, por dez anos. Casada com o médico Fernando Fernandes Rodrigues, ao longo de sua vida conseguiu conciliar a vida de esposa, mãe, profissional e rotariana da Casa da Amizade por muitos anos com um grande trabalho ao lados das companheiras, na diretoria do Lar São Vicente e Casa Rosa da Matta. Faz parte da fraternidade da Loja Maçônica Acácia do Borá. Na Santa Casa, a presença de Meri é cercada de profundo respeito por sua atuação voluntária no projeto de reforma das alas de internação ao longo dos últimos cinco anos.
Riceiro Lenza, sacramentano, pecuarista, casado com Geralda Faleiros Lenza, ambos de saudosas memórias, foram os doadores do terreno onde está instalada a Santa Casa. Em Sacramento, nasceram seus nove filhos, que deles herdaram a honradez e o dom da doação. Riceiro foi um homem com participação intensa e ativa na vida das famílias e da comunidade de Sacramento, sempre orientado pelo espírito solidário e altruísta. Foi irmão do Santíssimo, vicentino e presidente do Dispensário dos Pobres, que funciona até hoje, assim como do Lar São Vicente de Paulo e na assistência às famílias mais necessitadas. A família Riceiro Lenza esteve representada por seu filho, Cacildo Faleiros Lenza, com quem os pais moraram durante mais de vinte anos em Uberaba. Registre-se ainda a presença da filha Elenice Lenza e a neta Gelza, residentes em Araxá, que se emocionaram desde a inauguração da galeria.
José Alberto Bernardes Borges, sacramentano, filho de Alberto Marquez Borges e de Carmelita Bernardes Borges, grandes benfeitores da Santa Casa. Seu pai e José Dias construíram a capela interna da instituição e a primeira ambulância da SC foi doação de sua mãe, dona Carmelita, que foi membro ativo do grupo das Irmãs Zeladoras. E deles José Alberto herdou a saga altruística, conciliou as suas três gestões como prefeito (1971/72; 1977/82 e 1989/92) com o trabalho social. Ao concluir seu primeiro mandato de Prefeito, eleito provedor, recusou o cargo, mas se empenhou no trabalho voluntário na Santa Casa exercendo os cargos de tesoureiro e administrador. E nessa função acompanhou com desvelo uma das maiores reformas da instituição, colocando a serviço dela os seus conhecimentos em Arquitetura e Administração Hospitalar. José Alberto figura ainda como um dos grandes amigos das irmãs de São José de Cluny, sobretudo das irmãs Benigna e Tereza, com quem trabalhou no voluntarismo no bairro João XXIII.
Encerrando a noite de homenagens, o provedor Atílio Cesar Servato agradeceu de modo especial aos poderes Executivo e Legislativo pela parceria com a Santa Casa e de modo especial, ao prefeito Wesley de Santi de Melo pela perseverança nos cuidados prestados no campo da saúde por meio de uma política adequada à realidade de nossa Sacramento.
“- Somente pela união do poder público, da comunidade de sacramentanos, dos médicos, enfermeiros e funcionários é possível levar adiante o funcionamento da nossa Santa Casa. Somente compartilhando essa responsabilidade é possível enriquecer o valor do serviço diário de cada um de nós”, destacou.