Caiu como uma bomba na cidade, a notícia da extinção do Grupo da Polícia Meio Ambiente, de Sacramento, conforme recente publicação da Resolução nº 4.638, de 27 de dezembro de 2017, que altera a estrutura organizacional e o Detalhamento e Desdobramento do Quadro de Organização e Distribuição da Polícia Militar de MG, aprovados pelas resoluções nº 4.580, de 13 de julho de 2017; 4.591, de agosto de 2017 e 4.602, de 19 setembro de 2017.
A extinção do Grupo da Polícia Ambiental da cidade consta do Anexo II, que trata da Alteração no Plano de Articulação Operacional, a que se refere o artigo 1º da Resolução nº 4.638, que diz: “Art. 1º. Realizar, na Estrutura Organizacional da PMMG, as alterações constantes nos anexos desta Resolução”. E, conforme o anexo, no ítem que se refere à 5ª Região de Polícia Militar (5ª RPM) extinguem-se, não só o Grupo da Polícia de Meio Ambiente de Sacramento, que atende também Conquista, mas também outros 11 grupamentos e Polícia Rodoviária: Nova Ponte, Almeida Campos, Barreira do Araxá, Conquista, Frutal (2), Planura, Uberaba (2) e Campina Verde (2).
Sobre as causas e motivos da extinção, o ET esteve com o comandante local, Sgt PM Anilton da Silva Egídio, mas não conseguiu nenhuma explicação que, segundo ele, serão repassadas à imprensa pelos comandos superiores. Tentou também falar por telefone com Major Ismael Campos Jr, comandante da 5ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsito, de Uberaba, mas se encontrava ausente.
Através de emeio, o ET reportou ao comandante Ismael, questionamento os motivos e lamentando a extinção do grupamento, consideramos “uma decisão diante da dimensão territorial dos dois municípios atendidos, mais de 3 mil Km², com cinco grandes hidrelétricas instaladas: Igarapava, Jaguara, Estreito e Peixotos no rio Grande, além de outras PCHs, Macacos, Pai Joaquim, Marimbondo, acrescentando-se ainda a situação estratégica do município com mais de 100 Km de fronteira fluvial, estendendo-se do lago de Igarapava a Peixotos...”. Mas, até o fechamento da edição, o ET não havia recebido a resposta.
Prefeitura está trabalhando para manter o Grupo na cidade
O prefeito Wesley De Santi de Melo, ao tomar ciência da resolução que extingue o Grupo de Polícia Ambiental na cidade, mobilizou o departamento jurídico e a Secretaria de Meio Ambiente para contatar lideranças estaduais, visando interceder pela permanência do grupamento da PM Meio Ambiente em Sacramento.
Em entrevista ao ET, o prefeito foi taxativo ao afirmar que se a medida visar economia para o Estado, isso não ocorrerá, porque o Estado não tem despesas com a Polícia Meio Ambiente, a não ser com o soldo dos militares, que continuará existindo em qualquer companhia em que estiverem lotados.
“- Logo que tomamos conhecimento da extinção, exercendo o nosso papel de gestor, entramos em contato com nossos deputados pra que nos ajudem em relação a isso. Vimos que é uma medida do governo do Estado para contenção de despesas, mas eu discordo e explico porquê: em Sacramento o Estado não tem despesa com o grupamento. A Prefeitura banca todas as despesas, desde as operacionais com combustível à manutenção da sede onde estão instalados, mantendo pessoal de limpeza, manutenção de veículos, café... Enfim, a estrutura necessária para sua permanência no município sem gastos, a não ser o soldo dos policiais. Se houver contenção de despesa será para o município, não para o Estado”, observou.
Wesley enumerou as mesmas considerações elencadas pelo ET no emeio enviado ao comando da Polícia Ambiental em Uberaba. “Concordo com vocês, o município é estratégico, divisa de uma imensa fronteira formada por grandes lagos de várias usinas hidrelétricas e mais de 3 mil propriedades rurais... Pela relação dos grupamentos extintos, o Estado acabou com o Triângulo. E agora fica a pergunta: Quem vai fiscalizar? Como? Um município do tamanho do nosso, rodeado de lagos, represas, usinas, município de fronteira com o Estado de São Paulo e outros municípios por terra e por água, como vai ficar?”, indaga, informando sobre as providências tomadas.
“- Estamos enviando ofícios para o Governador e para os deputados da nossa base para que intercedam junto ao governo”, afirma, completando: “Vamos tomar todas as medidas possíveis, porque isso vai ser muito ruim para Sacramento e para o meio ambiente. Se com a fiscalização já temos muitos problemas ambientais, que dirá sem a PM Ambiental. Acho que por todas essas considerações, o Estado deveria ter outra visão, fazendo outra análise sobre nosso município”.
PM Ambiental está em Sacramento há 38 anos
As atividades da Polícia Meio Ambiente iniciaram em Sacramento em 13 de junho de 1979, graças a um trabalho do então prefeito interino, Luiz Rodrigues de Souza, de saudosa memória, que assumira o governo por seis meses, junto ao Batalhão da Polícia Militar de Patos de Minas, criado em março de 1975, ao qual Sacramento era subordinada.
De acordo com o cabo PM Evandro Luiz de Oliveira, hoje na reserva, um dos primeiros florestais na cidade, “diante do pedido formal do prefeito da cidade, o comandante do Batalhão de Patos de Minas, determinou ao comandante de Sacramento que criasse uma equipe de Policiamento Florestal interno, isto é, dentro do Pelotão da Policia Militar, com militares pertencentes ao Pelotão”. E, de fato, a determinação foi cumprida e, no dia 13 de junho, se apresentaram ao Pelotão da Polícia Militar de Sacramento, os militares Cb PM Ademar Firmino; Sd PM Iracy e Sd PM Evandro Luiz de Oliveira para fundar o então Grupo de Polícia Fluvial, na Vila da UHE de Jaguara, com requerimento expedido pela CEMIG.
Ainda de acordo com cabo Evandro, na época, o Grupo de Polícia Fluvial atuava no rio Grande e áreas próximas a UHE de Jaguara, e executando Policiamento Ostensivo Geral. No final de 1979, com a transferência do cabo Ademar Firmino, o comando do Grupo de Polícia Fluvial passou para o cabo Manoel Evangelista dos Santos e, só em 1981, com a criação Batalhão de Polícia Florestal (BPFlo), foi que o Grupo de Polícia Fluvial foi retirado da Vila da UHE de Jaguara e transferido para a cidade de Sacramento, com a denominação de Grupo de Polícia Florestal, subordinado à Policia Florestal e já como policiamento especializado. O primeiro comandante do Grupo de Polícia Florestal, em Sacramento, foi o 3 º Sgt PM Ademir José Machado, que recebeu a primeira viatura do Grupo, um Jipe, que foi denominado pela população de “Jipe da Florestal”.
Nesses quase 39 anos, além de Sgt Ademir, estiveram no comando da Polícia Meio Ambiente o 2º Sgt PM Luiz Carlos da Silva; 3º Sgt PM Celso Aparecido Brait,; Cb PM PM Alexandre Alves Pereira; 3º Sgt PM Denilcio Caldeira da Silva e, atualmente, o comando do 4º Grupo de Polícia Militar de Meio Ambiente está sob a responsabilidade do 3º Sgt PM Anilton da Silva Egidio.
(Fonte: Jornal ET, Edição nº 1517, de – 13/5/16)