Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Pje começa a funcionar dia 27 em Sacramento

Edição nº 1636 - 17 de Agosto de 2018

Juízes, defensores, advogados e serventuários finalizaram esta semana o curso de como operar o sistema digital denominado, Processo Judicial Eletrônico (PJe), uma iniciativa do Tribunal de Justiça de Minas Gerais que se estende a todo o estado e que tem como objetivo a informatização dos atos processuais em todas as comarcas, conforme determina a lei 11.419/06.

“- A partir do dia 27 de agosto, os novos processos serão eletrônicos ou seja, os processos judiciais serão informatizados, por isso trouxemos toda a estrutura para treinar todas as partes integrantes desses processos: magistrados, defensores públicos, servidores, advogados, estagiários para utilizarem essa nova ferramenta de trabalho que é o processo judicial eletrônico”, justifica a orientadora do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Flávia Jacque Araújo, que ministrou o curso.

Sacramento está atrasada nessa corrida. A lei tem 12 anos, mas o PJe só foi lançado oficialmente em 21 de junho de 2011, e só agora é implantado na cidade. Alguns Tribunais no país são exemplos de informatização e já atuam com grandes números de processos praticamente 100% informatizados. Das quase 300 comarcas mineiras, apenas 60 já implantaram o sistema, conforme informou a orientadora. 

 De acordo com Jacque o curso é totalmente prático, cada profissional orientado tem um computador à disposição com dois monitores, um de tela normal, outro vertical, como uma folha A4, onde o sistema roda o processo página a página. “O usuário pode trabalhar manuseando o processo com o monitor vertical ao lado”, explicou, detalhando o curso.

“- O curso consiste de detalhes para trabalhar no sistema, ou seja, como entrar no sistema, o cadastro, distribuição e cadastramento de uma ação judicial, como responder as intimações, como se habilitarem no PJe, isto é, tudo aquilo que eles vão precisar no dia a dia para advogar no processo. E treinamento com a 'mão na massa', mesmo, não é sentar e ficar escutando, é ficar sentado, mas fazendo na prática o passo a passo”.

 Para a orientadora, a grande vantagem do PJe é que antes mesmo de o processo entrar em operação na comarca, ele já consegue simular o que vai ter no dia a dia. “A vantagem de advogar hoje é a facilidade para distribuir ações de onde estiver e quiser, desde que tenha internet e o certificado digital.  O cumprimento de prazos não fica atrelado ao horário de expediente físico  do fórum, ou  seja, o advogado terá até 23h59 minutos e 59 segundos para utilizar o sistema. E outra grande vantagem é que ele vai poder advogar em qualquer comarca de Minas Gerais que tenha PJe ou em outros tribunais espalhado pelo país, de sua própria mesa de trabalho, no escritório ou em casa”.

 O curso está sendo ministrado na cidade, através de convênio entre a OAB e TJMG. “O presidente da OAB local, Dr. Lincoln Caires, nos auxiliou muito, não só fazendo as inscrições dos advogados, mas também com muitas informações  e já está adequando a sala da OAB dentro do Fórum para auxiliar os advogados quando precisarem acessar o PJe, ou seja, a 116ª subseção da OAB vai deixar a sala dos advogados pronta para acessar o processo eletrônico”. 

'Tudo vai funcionar através de um computador...
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) iniciou o processo de implantação do PJe nas comarcas de 1ª instância em 2012, com o projeto-piloto na capital. A partir de 2014, o projeto foi expandido, gradualmente, para as 29 maiores comarcas do Estado (comarcas de entrância especial). 
No segundo semestre de 2016, oito comarcas de porte médio (comarcas de segunda entrância) passaram a contar com o PJe. Em 2017, mais 18 comarcas de segunda entrância passaram a adotar o sistema e também foi implantado o projeto piloto nos Juizados Especiais e nas Turmas Recursais das Comarcas de Betim e de Contagem. Desde 1º de janeiro de 2018, as Execuções Fiscais  tramitam obrigatoriamente pelo PJe nas unidades onde o sistema já está implantado. 
Agora a implantação chega a Sacramento. De acordo com a diretora do Foro, Juíza Ivana Fidelis, a comarca está na fase de preparação para a implantação. “Já foi feita toda a adequação no nosso sistema de internet, todo o material já chegou à Comarca, os computadores, scanners necessários para podermos trabalhar com o PJe e, a partir do dia 27 já estaremos operando através dele na área cível, isto é, todo peticionamento, ações novas serão distribuídas eletronicamente”, explica, exemplificando.
“- Tudo vai funcionar através de um computador. O advogado que queira fazer uma petição, não precisará vir ao fórum, basta que ele acesse o computador no seu escritório e remeta o documento ao fórum via internet, explica, destacando a importância do curso oferecido pelo TJMG para atualizar os usuários ao sistema. 
 Para a juíza Ivana, a importância e vantagem do sistema são enormes. “Primeiro, vai diminuir consideravelmente a quantidade de papel. Não teremos mais os autos físicos e, evidentemente, para a sustentabilidade isso é excelente. Ou seja, os autos aí com sete, oito volumes, cada um com 200 páginas, serão guardados no computador; o advogado vai trabalhar do escritório dele ou de onde estiver e nós também. Por exemplo, eu poderei trabalhar na minha casa ou em outra cidade”, esclarece, destacando que aqueles autos fixos que estão em andamento, continuam, mas a médio prazo a tendência é desaparecer.
Questionada se o sistema traz alguma desvantagem, Ivana considera pouco provável, por conta da segurança e da qualidade tecnológica da internet. “É claro que para isso vamos precisar de uma internet muito boa. E, naturalmente, pode haver alguma falha, interrupção do sistema, existindo a necessidade de retirar o PJe do ar por algum tempo, porém  isso tudo é resolvido com a prorrogação de prazo, então não trará prejuízo para ninguém”. 
Transparência e segurança 
Questionada também sobre problemas ocorridos em relação a violação de dados, como o direito à intimidade e privacidade no mundo virtual, agora disponibilizados pela internet, a juíza Ivana descarta também essa possibilidade. 
“- O advogado vai ter um token, que é o número dele, a certidão digital e só poderá acessar o PJe com essa identidade. Para outra pessoa ter acesso aos autos, só se o advogado passar a senha do token. Importante ressaltar ainda que a parte pode consultar o processo, existe essa possibilidade, mas para acessar os autos e peticionais só o advogado”.  
 Também a orientadora Flávia Jacque compartilha essa segurança. “A Lei 11.419, de 2006, o Novo Código de Processo Civil (CPC) e a Resolução 121 do CNJ preveem punições pelo uso indevido de informações que apareçam no sistema eletrônico. Os processos judiciais estão mais acessíveis, não resta dúvida, mais isso tudo vai ficar registrado, ou seja, se um advogado acessar um processo de que ainda não representa as partes, aquele acesso ficará registrado e ele poderá ser responsabilizado e punido por isso. E mais, um documento que é sigiloso não vai aparecer para todo mundo, ele será restrito a quem realmente interessa”.  
A reportagem lembrou do 'Bug do milênio' (medo de uma possível pane ocorrida na rede mundial de computadores na virada do século), mas para Jacque o PJe é extremamente seguro. “Não há nenhum risco para essa violação. Muito menos para um possível 'Bug', o CNJ e os tribunais fazem a segurança dessas informações, através de backup então não há risco de os processos sumirem ou outras coisas acontecerem. O TJMG usa o sistema desde 2012, outros tribunais em todo o Brasil começaram bem antes e nunca houve um problema que tenha prejudicado o processos judicial”. 
José Carlos Basso De Santi Vieira, um dos advogados a fazer o curso faz uma avaliação muito positiva do PJe. “Este curso vem facilitar e esclarecer algumas dúvidas sobre o manuseio e utilização do PJe,  que vai eliminar os processos físicos, ou seja, tudo tramitará de forma digital, facilitando o acesso, diminuindo o tempo, enfim, facilitando o dia a dia do trabalho do advogado”, diz, mostrando o calhamaço de papel que levava. “Isso aqui vai deixar de existir e vai trazer uma vantagem grande para o meio ambiente, além de não ocupar espaços nos escritórios... São muitas as vantagens”.