O trecho inicial da rua Carlos Ullemann, interditado há um ano, volta a inundar depois de intensa chuva que caiu na cidade, na manhã da última segunda-feira, inviabilizando até a saída de veículos das garagens e preocupando os moradores, por conta da demora na solução do problema: “A rua vira um mar de água e invade nossas garagens trazendo tudo o quanto é tipo de lixo”, queixam-se, pedindo uma solução.
Elza Maria de Almeida, funcionária pública aposentada da Prefeitura, residente próxima à rua, é uma das primeiras moradoras do local. “Fui uma das primeiras moradoras aqui do bairro, logo abaixo dos Caianas que foram os pioneiros. Esse problema não acontecia desde que o córrego corria a céu aberto e a água da chuva escoava toda. Foi só canalizar o córrego Boa Vista que começou o problema. Ainda no tempo do Seu Abel, que trabalhou aqui muito tempo, trazendo vários caminhões de pedra para sustentar a ponte, e canalizaram a água no final da rua Carlos Ullemann, mais ou menos uns 100 m, mas não dimensionaram as manilhas, nem pensaram no futuro... Aqui desce um mundaréu de água, primeiro do Jardim Alvorada, depois Maria Rosa, o Jardim das Oliveiras e explodiu tudo”, explica, mostrando com razão que tudo foi feito errado, desde o princípio.
MGS, empresário que trabalha há dez anos em uma empresa de terraplanagem, instalada na cidade há 17 anos, cujo de depósito fica na esquina, para ele não é novidade a inundação ali. “Todo ano, mais de uma vez, é dar uma chuva forte a água espalha”, explica, e avalia que a limpeza que o pessoal fez no local não vai resolver nada.
“- Pra resolver isso aqui, eles têm que retirar as manilhas que não comportam a água ou construir outro caal paralelo com manilhas de diâmetro maior, a montante da ponte, onde o problema se agrava ao receber água dos vários bairros. Eles vêm, fazem limpeza, retiram árvores, mas infelizmente não estão mexendo no lugar certo”, avalia.
De acordo com M, a água não entra na garagem onde guardam as máquinas pesadas, mas a questão da interdição da rua, dificulta a movimentação. “Trabalhamos com prancha para transportar as máquinas, e com a interdição desse trecho, temos que dar a volta pela Cônego Julião, pegar a ponte de cima e vir de ré, porque não dá pra virar aqui, sem falar de uma outra prancha maior que é impossível entrar na garagem de ré”, avalia, afirmando que a empresa foi obrigada a adquirir um terreno para conseguir um melhor acesso para as máquinas.
O que diz a Prefeitura
O ET falou com o prefeito Wesley De Santi de Melo e com o secretário de Obras, Sérgio Álves de Araújo (foto), que explicou a causa da inundação. “Tem razão a moradora que diz que que não previram o futuro. Quando fizeram o serviço, havia apenas o Jardim Alvorada, mesmo assim, não respeitarem os 30 metros de ambas as margens do córrego Boa Vista, conforme a lei exigia e o governo da época aprovou, sem prever o crescimento da cidade e a topografia do local. O córrego Boa Vista serve como receptor de águas pluviais de vários bairros, primeiro o bairro Jardim Alvorada, depois vieram o Maria Rosa, o Jardim das Oliveiras 1 E 2... e deu no que deu”, analisa o engenheiro Sérgio.
Tudo começou com a implantação do bairro Jardim Alvorada que não respeitou o afastamento da margem do córrego, que é de 30 metros, para depois começar a rua, em nenhuma das margens, nem construiu os dissipadores, um sistema que diminui a velocidade da água. Essas duas exigências já foram atendidas pelo Jardim das Oliveiras, porém, as manilhas que canalizaram o córrego Boa Vista foram mal dimensionadas, explica, ressaltando que a Prefeitura tem todo interesse em resolver o problema, entretanto está esbarrando em questões ambientes e em ações impetradas por proprietários do lado direito do córrego, que se sentem prejudicados. Por exemplo, se a Prefeitura construir um canal a céu aberto, de 2 m por 2,5 m, que resolveria o problema, esses moradores afirmam que não teriam acesso às suas casas”, explica.
Já o prefeito Wesley De Santi de Melo disse ao ET que iniciou o seu governo em 2017 enfrentando uma grande inundação do local, a ponto de arrebentar todo o asfalto da rua Carlos Ullemann. “Inicialmente, dimensionamos o problema e vimos que não se tratava, simplesmente, de recompor o asfalto, mas de elaborar um projeto que resolvesse os problemas futuros, isto é, dimensionar toda a vazão de água pluvial que desce para o ribeirão Boa Vista dos bairros que ficam à direita e à esquerda do córrego”, explicou, informando que, a princípio, foi projetado um canal aberto de 2,0 m por 2,5 m, porém esbarrou noutro problema, o canal impediria o acesso a moradores da margem direita do córrego”.
Disse o prefeito que a solução final está na canalização do córrego com dois manilhões suficientes para receber toda a água, mas é uma obra caríssima. “Os primeiros 100 m custariam R$ 600 mil e precisamos cobrir uma extensão de 300 metros, o que elevaria o custo para quase R$ 2 milhões, portanto, ainda estamos concluindo os estudos para encarar a obra”, disse, lembrando que Uberaba gastou R$ 180 milhões em obras de canalização e não resolveu o problema. Portanto, vamos concluir um projeto adequado, que venha solucionar o problema, e precisamos de verbas para isso. Fazer o projeto e executar a obra nós damos conta, mas sem recursos nada pode ser feito”, finalizou.