Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Desmoronamento da Mina da Loca preocupa SAAE

Edição nº 1611 - 23 de Fevereiro de 2018

A histórica Mina da Loca, distante três quilômetros da cidade, onde muitos piqueniques eram realizados por alunos das escolas da cidade até o ano de 1967, quando foi desapropriada e adquirida pelo poder público para servir de manancial da cidade, desmoronou na tarde de terça-feira 20, levando grande susto aos fazendeiros do entorno do local e preocupando o SAAE, autarquia que administra o abastecimento de água da cidade. 

A Mina da Loca, uma formação rochosa de arenito em forma de gruta, medindo 12 m de largura por 7 de altura, é uma nascente de água  que começou a ser utilizada como manancial público em 1967, no governo do então prefeito, José Sebastião de Almeida. No local, foi construído um pequeno reservatório subterrâneo, com a finalidade de armazenamento e decantação de areia que era arrastada junto com o fluxo de água. A Mina da Loca, sozinha,  foi a responsável pelo abastecimento da cidade até a década de 1980  . 

Uma das vantagens da mina, além da pureza da água água, é que ela chega por gravidade, através de duas adutoras, uma em ferro fundido de 150 mm e outra, em cimento amianto,  de 200 m,  até o Centro de Tratamento, Reservatório e Distribuição, localizado no alto do bairro Jardim Alvorada. 

 

Sem um laudo técnico todo cuidado é pouco

No local, o engenheiro diretor do SAAE, Osny Zago, explicou ao ET o que aconteceu naquela tarde do dia 20 e os procedimentos a serem adotados. 

“- O acidente causou o desabamento do teto da câmara/entrada principal da gruta, formada por grandes blocos de pedra de arenito. Veio também abaixo toda a vegetação da cúpula da gruta, composta na maioria de bambu jardim, plantado na época para conter a erosão na camada de solo logo acima da camada rochosa”, explica.

 Na vistoria do local - segundo o diretor - foi avaliada a dimensão do dano provocado pelo desabamento e levantada as providências a serem tomadas para evitar a paralisação da captação da água e limpeza do local. “O que pudemos constatar é que, a princípio, a captação ficou apenas parcialmente comprometida, não afetando significativamente o abastecimento. Mas, constatamos que ainda existe perigo de um novo desabamento no interior da gruta (atrás do já ocorrido), e este sim, caso ocorra, poderá comprometer o abastecimento”, alertou.

  Explicou Zago que, devido ao risco de novo desmoronamento e o período chuvoso, ficou definido que os trabalhos de limpeza e remoção das pedras, não serão executados de imediato. “Além disso, pelo fato de não termos um laudo técnico mostrando as causas do desmoronamento, temos que ter toda a precaução, por exemplo, executando um serviço manual, evitando marteletes pneumáticos ou máquinas que podem provocar vibração e atingir a gruta”, ponderou. 

Questionado pelo repórter sobre a relação existente entre a Gruta da Loca com a Gruta dos Palhares, ambas com a mesma formação rochosa de arenito, não seriam temerários os eventos ali ocorridos com bandas sinfônicas, caixas de som animando apresentações diversas, Zago disse que é difícil fazer uma avaliação dessa extensão , mas considera descartada a ocorrência de um sinistro na Gruta dos Palhares pela consolidação do arenito em toda sua abóbada. “Agora, sobre a realização de eventos no local, com certeza, na minha modesta opinião, deveriam ser evitados. Como dizem, 'o seguro morreu de velho' ”. 

Finalizando, Osny Zago fez um alerta que deve também ser levado em consideração. “No início dos anos 2000, no governo do Dr. Biro, tivemos um tremor de terra na Jaguarinha, repetido agora, em 2016. Pode ser imperceptível para nós, mas o solo ali da Mina da Loca pode ter sentido essa consequência”, observou, finalizando:

“- Caso ocorra outro desabamento, na parte de trás da gruta, o sinistro pode afetar a captação de água que, caso seja paralisado, provocará o desabastecimento de aproximadamente 35% da população”, concluiu. 

 

Polícia Ambiental lavra B.O. no local

Como a Mina da Loca fica dentro de uma Área de Preservação Permanente (APP), com um espaço pequeno para o trânsito de máquinas ou equipamentos, limitado pelo reservatório subterrâneo e as áreas adjacentes também de APPs, a Polícia Ambiental esteve no local para lavrar a ocorrência. 

Os sargentos Anilton e Alexandre, da Polícia Ambiental, a partir do dia 20 incompreensivelmente lotados em Araxá, estiveram em Sacramento, na tarde dessa quarta-feira 21, atendendo à denúncia do SAAE local, para lavrar a ocorrência do acidente ocorrido na Mina da Loca.

  Em entrevista ao ET, que acompanhou com o engenheiro Osny Zago, os policiais, que ficaram surpresos com o desmoronamento da gruta, lavraram a ocorrência e alertaram o diretor sobre o perigo que continua existindo no local.

“- Solicitados pelo diretor Osny Zago, estamos aqui para fazer essa verificação pra constar em boletim de ocorrência, a situação encontrada. Orientamos o diretor a fazer contato com o pessoal do Instituto Estadual de Florestas, para que sejam tomadas as providências necessárias visando a não comprometer o abastecimento de água da cidade e, também, alertamos sobre o cuidado a ser tomado em relação às intervenções que serão feitas para limpar o local”, explicou sargento Anilton.