Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Cidade comemora Dia do Índio

Edição nº 1619 - 20 de Abril de 2018

A secretária de Cultura, Governo e Educação em parceria com a Polícia Militar Meio Ambiente, escolas da cidade e a Associação Indígena Regional Andaia realizaram nessa quinta-feira 19, várias apresentações alusivas ao Dia do Índio, ao lado do Museu Corália Maluf, no centro da cidade. 

O prefeito Wesley De Santi de Melo abriu as homenagens, aludindo a importância da data e saudando os alunos pelas apresentações e os representantes descendentes de antigas tribos indígenas que habitavam o Sertão da Farinha Podre, especialmente, os índios Arachás e Caiapós, na pessoa de seu cacique, Karcará-Uru Katu Auá que, gentilmente, estiveram presentes.

 “- O projeto faz parte de um trabalho desenvolvido pelas secretarias envolvidas no sentido de resgatar as datas históricas comemorativas dos principais acontecimentos do país, como o Dia do Índio, Dia de Tiradentes, Independência, Zumbi dos Palmares... a fim de despertar nos estudantes esse sentimento de amor a todos esses heróis”, explicou o prefeito dando destaque à presença dos descendentes indígenas. 

“Essas crianças e adolescentes aqui presentes, muitos deles, com certeza, jamais tiveram essa oportunidade de ver de perto um descendente das tribos que habitavam esta região. Então, homenagear os descendentes daqueles primeiros povos que pisaram essa terra é muito importante, afinal a história do Brasil passa primeiro pelos índios ”, disse, agradecendo ao cacique Karcará, a medalha e uma telha pintada que recebeu da tribo.

O evento foi abrilhantado com apresentação dos alunos das escolas Sílvia Vieira, João Cordeiro, Luiz Magnabosco, Afonso Pena Junior, Escolinha Tio Tofe, Escola Eurípedes Barsanulfo e Creche Nildes Maria Moreira Camilo.

Encerrando as comemorações,  o Cacique Karcará-Uru falando aos presentes, destacou a presença e a  importância do Índio no Brasil, falou  sobre sua comunidade indígena em Araxá, cantou o Hino Nacional em Tupi Guarani e os índios finalizaram o evento com uma  dança indígena.  

O Cacique karcará-Uru, que na língua portuguesa se chama Edson Adolfo da Silva, em entrevista ao ET explicou, que a associação reúne descendentes do antigo povo katu-auá, conhecido como índios Arachás, também conhecido, em português, como Goitacazes, pertencentes ao tronco Tupi e os Caiapós. 

''Inclusive, existia uma rixa entre nosso povo e os caiapós”, revelou, destacando a importância da visita. “Para nós esta região é sagrada, pois nosso povo viveu nestas terras, inclusive na Gruta dos Palhares... Toda essa região da Serra da Canastra, o rio Araguari, tudo é sagrado para nós”, frisou. 

De acordo com o cacique Karcará, no último censo do IBGE, foi registrada  a presença de 868 mil pessoas indígenas, mas no levantamento indígena são mais de  1,4 milhão, dos 6 milhões existentes na época do descobrimento. “O censo foi feito por amostragem, mas muitos vivem nas cidades e não foram encontradas, porque hoje integramos a sociedade, mantendo a nossa cultura em espaços como a nossa Associação, onde fazemos rituais, exercitamos a nossa língua', explica, destacando que hoje em Araxá eles são 286 descendentes, justificando seu título. “Sou cacique porque descendo da linhagem de pajé. Sou a quinta geração do cacique Andaiá”, afirmou. 

Na sua mensagem aos estudantes, Carcará-Uru destacou: “Nosso povo está batendo palmas com as danças que vocês apresentaram como nosso povo vai fazer aqui”, disse e ofereceu um presente, uma medalha indígena,  ao prefeito Baguá. Também, Anauê, em nome das mulheres indígenas, agradeceu a acolhida. Anauê, segundo Edson, significa 'Salve o senhor'.

Além do cacique Carcará-Uru e Anauê, vieram a Sacramento,  os descendentes Sussu-Ará-Uru (Jair) e, Uiratanhã, que significa 'pássaro que corre e  canta', em português é o nome de Eráclita Ramos de Jesus.