A equipe volante do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), formada pelos assistentes sociais, Fabrício Araújo e Malena Cristina Santana, e a psicóloga Taísa Vaz de Mendonça, realiza no próximo dia 2, no Lar Solidário, o 1º Encontro de Catadores de Materiais Recicláveis de Sacramento, com o apoio da Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social.
De acordo com Fabrício, o encontro visa fortalecer a coleta seletiva na cidade e também o trabalho dos catadores em cooperativa. “Quando falamos em matérias recicláveis, falamos de resíduos sólidos que podem ser reutilizados, reaproveitados através da reciclagem. Muitos deles, como plástico, papelão, vidro, que é moído, alumínio, etc, podem também ser usados em artesanato ou tornando-se matéria-prima para outros produtos”, explica.
Ressalta o assistente social que nenhum tipo de rejeito é reciclável ou reaproveitado. “Todo rejeito - por exemplo, papel higiênico, fraldas descartáveis, absorventes, preservativos, evidentemente usados, e até papéis engordurados e sujos - é destinado aos aterros sanitários. Já o lixo úmido formado por qualquer tipo de resto de comida, de frutas e verduras, tem outra destinação, vai para a compostagem e vira adubo”.
Fabrício revela também uma situação degradante para os catadores da Associação. “A coleta da sexta-feira é destinada apenas para a coleta seletiva, no entanto, a população não tem feito a seleção, ou seja está colocando rejeitos junto com o material reciclado e isso coloca o trabalho dos catadores numa situação degradante, porque têm que lidar com lixo, quando na verdade deveriam lidar apenas com o reciclável”, esclarece, observando que os rejeitos, conhecido com lixo úmido, não inclui alimentos.
“Precisamos entender, alcançar um nível de entendimento, que o lixo úmido, não contém alimentos, restos de frutas e verduras. Eles são orgânicos e, na verdade, têm que ser destinados para a compostagem, vão virar adubos e serem reutilizados”.
No encontro, consta da programação, uma equipe da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que falará sobre a importância dos catadores, junto à Cooperativa de Uberaba. “Uma pesquisadora da Unesp abrirá o encontro, falando sobre Carolina Maria de Jesus, que foi uma catadora de materiais recicláveis. Outra atividade, será uma oficina de Educação Popular Orientada dirigida por pesquisadores e alunos da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
O trabalho da psicóloga Taísa feito junto aos catadores, no sentido de diminuir sua vulnerabilidade. “Nosso objetivo é tirá-los dessa situação de vulnerabilidade social, que eles possam encontrar motivação para se organizarem melhor e conseguir promover o seu sustento de forma mais adequada”, explica, acrescentando que o encontro é aberto para todos os catadores, inclusive aqueles que catam latinhas, papelão e garrafas pets nas ruas.
Segundo a psicóloga essa situação de vulnerabilidade acarreta vários problemas, conforme explica: “Encontramos entre eles, devido à realização de um trabalho isolado, sozinho, situações de angústia, ansiedade, inclusive desestruturação da família, até mesmo por conta da falta de um reconhecimento da sociedade. E tudo isso precisa ser trabalhado, mostrando-lhes, que eles têm alternativas para sair dessa situação e uma delas é se organizando, fazendo parte, por exemplo, de uma associação”.
Taísa ressalta que o trabalho consiste também em devolver a esses catadores a sua autoestima. “É importante que eles entendam o valor que têm e que eles podem construir uma vida digna mesmo sendo um catador”, afirma.
Malena chama atenção para a falta de conscientização da população no ato de descarte do lixo. “Desde quando foi posto em prática a coleta seletiva, a Prefeitura vem orientando e pedindo à população para separar os tipos de lixo, mas infelizmente, a maioria não tem atendido a essa solicitação, misturando toda espécie de lixo, dificultando muito o trabalho dos catadores”, revela, lamentando essa falta de conscientização.
Finalizando, Fabrício aponta uma solução para melhorar a coleta: “Para melhorar essa situação há três pilares. Dois serão trabalhados no encontro. “O primeiro, é a capacidade dos catadores de se organizarem; o segundo, é a vontade do poder público, e o terceiro é o compromisso da população”.