Dificuldades do meu sertão
Nos tempos idos, onde o senso do bom humor transformava os sofrimentos em episódio natural e, por que não, cômico, era difícil a vida no sertão. Para uma pessoa ser removida para a cidade, doentes ou cadáveres, improvisava-se um banguê, uma rede com um lençol ou coberta, amarrado em uma vara forte e ali colocava-se a pessoa. Certa vez a esposa de Antônio Martins de Mello, proprietário da fazenda Veados, próximo ao Desemboque, do rio das Velhas e do ribeirão dos veados, ficou doente. Foi transportada em uma cadeira durante três quilômetros até chegar ao carro de aluguel que a esperava para levar à cidade. Doutra feita, trouxeram o Dr. Valadares até a barranca do córrego, onde tirou os sapatos, arregaçou as calças e com a água na altura dos joelhos atravessou o ribeirão e foi cuidar do doente. Em 1930 eram poucas as estradas e pontes na Bucolândia.
(Do livro, Fagulhas de História do Triângulo Mineiro, de Maura Afonso Rodrigues)