Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Biblioteca em Nova York homenageará mulheres extraordinárias do Brasil

Edição nº 1611 - 23 de Fevereiro de 2018

A edição da Quarta Literária, evento realizado pela Biblioteca Brasileira em Nova York (Brazilian Endowment for the Arts (BEA), sempre na última quarta-feira do mês, será dedicado às mulheres extraordinárias do Brasil, tais como Madalena Caramuru, Carolina Maria de Jesus  (foto) e Nísia Floresta. 

Neste 28 de fevereiro, o destaque será para Madalena Caramuru, filha da índia Moema e do português Diogo Álvares Corrêa,  a primeira mulher brasileira a saber ler e escrever, segundo atestam alguns historiadores, como Gastão Penalva e Francisco Varnhagen. Em 1534, Madalena casou-se com Afonso Rodrigues, natural de Óbidos, Portugal, que segundo Gastão Penalva, foi o responsável pelo ingresso de Madalena no mundo das letras. 

Madalena escreveu uma carta de próprio punho ao Padre Manoel da Nóbrega, no dia 26 de março de 1561, pedindo que as crianças escravas fossem tratadas com dignidade e oferecia a quantia de 30 peças para o resgate das crianças. Em homenagem a Madalena, os Correios lançaram um selo que simboliza a luta pela alfabetização da mulher no Brasil, em 14 de novembro de 2001.

Outra homenageada é a sacramentana, Carolina Maria de Jesus, considerada uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil. A autora viveu boa parte de sua vida na favela do Canindé, na zona norte de São Paulo, sustentando a si mesma e seus três filhos como catadora de papéis. Em 1958, foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, que publicou o diário de Carolina sob o nome, Quarto de Despejo. Com o dinheiro do livro, a autora se mudou da favela. Chegou a publicar outros livros, mas nenhum repetiu o enorme sucesso de sua primeira publicação. A obra da autora foi objeto de diversos estudos, tanto no Brasil quanto no exterior.

Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, nascida em 1810, foi uma educadora, escritora e poetisa brasileira. É considerada uma pioneira do feminismo no Brasil e foi provavelmente a primeira mulher a romper os limites entre os espaços públicos e privados publicando textos em jornais, na época em que a imprensa nacional ainda engatinhava. Nísia também dirigiu um colégio para moças no Rio de Janeiro e escreveu livros em defesa dos direitos das mulheres, dos índios e dos escravos.

Em seu livro “Patronos e Acadêmicos”, referente às personalidades da Academia Norte-Riograndense de Letras, Veríssimo de Melo começa o capítulo sobre Nísia da seguinte maneira: “Nísia Floresta Brasileira Augusta foi a mais notável mulher que a História do Rio Grande do Norte registra”.

A Brazilian Endowment for The Arts (BEA), fundada em 4 de dezembro de 2004, pela UBENY (União Brasileira de Escritores em Nova York ), criada pelo Professor Domício Coutinho, o atual presidente da BEA. A fundação, sem fins lucrativos,  nasceu do desejo de promover a arte, a literatura e as tradições culturais do Brasil. 

Hoje, a instituição é  sede da Biblioteca Brasileira de Nova York, a primeira e única do gênero nos Estados Unidos. O catálogo inicial contou com as doações da Biblioteca Nacional, a Academia Literária Brasileira, instituições privadas e colaborações individuais. A biblioteca tem mais de 6.000 títulos incluindo monografias, jornais, revistas, CD's, e DVD's. O espaço ocupado pela BEA existe devido a uma doação da família Coutinho. Atualmente, a instituição não tem apoio financeiro externo e conta com a anuidade dos membros, a compensação das aulas, as oficinas, doações, e um patrocínio parcial do Consulado Brasileiro de Nova York nos eventos. 

Professor Domício Coutinho se formou em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma,  é Bacharel em Línguas Anglo-Saxônicas pela Universidade Jesuítica de Recife, e Ph.D. em Literatura Comparada pela City University ofNew York (CUNY). (Fonte: www.brazilianvoice.com e brazilianendowmentforthearts.org).