Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Vazão do córrego dos Pintos preocupa autoridades

Edição nº 1586 - 01 de Setembro de 2017

“É muito preocupante!”. Essa é a expressão citada pelo engenheiro, diretor do SAAE, Osny Zago, ao falar ao ET sobre a situação do córrego dos Pintos, principal manancial de abastecimento da cidade, que tem uma vazão permitida de 45 mil litros por segundo, pois se tirar mais, o córrego seca.

“- Sem previsão de chuvas para os próximos dias, a situação tende a agravar. E se não chover nos próximos dez dias, vamos ter que entrar no racionamento, porque toda água do córrego vai passar para os canos, deixando o córrego seco da captação para baixo”, alerta Zago. 

Segundo o diretor, depararam esta semana com uma situação muito preocupante: “Várias nascentes que abastecem o leito do córrego secaram, fazendo com que do médio ao alto córrego, a água já não escorre mais, ela está empoçada, corre por baixo da vegetação morta, a gente não vê a água escoar”, detalha, explicando o motivo de tamanha preocupação. “O que vimos esta semana, geralmente, ocorre já próximo das chuvas, meados ou fim de setembro. Este ano antecipou muito e isso é um fator preocupante, porque não há previsão de chuvas por estes dias”, lamenta.

 Diante desse iminente caos, a primeira iniciativa do SAAE vai ser alertar a população para fazer um consumo consciente da água. “Caso contrário, o SAAE terá que adotar o sistema de rodízio para dar conta de abastecer a cidade. Já está faltando água em alguns bairros, o que tem gerado muita reclamação. As pessoas perguntam por que fechamos a água? Não temos água fechada em lugar nenhum”, informa.

Diz o diretor que, se falta água em algum bairro mais alto, é porque não tem. “O que ocorre é que a vazão não tem volume suficiente para chegar à ETA (Estação de Tratamento de Água), localizada no alto do bairro Maria Rosa. Se água não chega à ETA, não tem como distribuir para a cidade. E se não chover nos próximos dez dias, somos obrigados a adotar o racionamento, porque aí toda água do córrego vai passar para os canos e aí o leito seca”. 

 

Chuvas escassas não recompõe lençol freático 

Dentre as causas atribuídas para a diminuição da água no córrego dos Pintos, a principal delas é a falta de chuvas intermitentes. “O município não tem mais aqueles invernos (vários dias chuvosos) para infiltração de água e alimentar os lençóis freáticos. Do cerrado, capoeiras e pequenas florestas existentes no município, não restam hoje mais do que 5%. Diante disso, as chuvas escassearam, são rápidas, não dá pra água infiltrar e abastecer as minas, que estão secando. E são essas minas que alimentam o córrego”, explica.

Pelos estudos do SAAE, a ETA, que foi a solução na época e até bem pouco tempo, está começando a ficar deficitária, primeiro, porque a cidade aumentou muito nos últimos 12 anos; segundo, por conta da seca prolongada, que diminui a vazão do manancial.

Questionado pelo repórter sobre as providências tomadas pelo SAAE nos anos anteriores para a preservação dos mananciais que abastecem a cidade, Osny Zago diz que “a autarquia vem mantendo,  rigorosamente, um plano  de controle da bacia, aplicando 0,5% do valor do exercício  anterior, em projetos para melhorar a qualidade da água. São ações, como cercas em nascentes, plantio de mudas, bolsões, saídas de águas de estradas para evitar erosão. Mas isso não basta se o tempo não ajudar”, ressalva. 

Na medição feita pelo SAAE, informa o engenheiro que, em 2016, as chuvas foram suficientes apenas para alimentar as lavouras. “E temos que dar graças a Deus por isso, do contrário seria uma grande catástrofe. O que o ocorre é que o volume de chuvas diminuiu muito. Não temos mais chuvas suficientes para recarregar o lençol freático. O que faz a recarga é a parte alta da bacia. É na cabeceira, na parte alta do córrego, onde a água infiltra alimentando as minas e essas os córregos”, explica. 

Para agravar a situação, Osny cita um outro problema que surgiu também nos últimos anos. O aumento da população de 'javaporco' que, na falta de alimentos no mato, está chafurdando a lama próxima aos córregos, provocando assoreamento do leito do córrego. 

“- Os javalis não têm mais o que comer e foram para a beirada das nascentes comerem samambaia, raízes de são José, inhame do mato, minhocas, destruindo toda a vegetação ciliar  e com isso entopem  e causam assoreamento no leito córrego, que impedem a água de escoar”, explica.

  Finalizando, Osny informa, que o SAAE segue no reconhecimento das nascentes, mapeamento das minas que secaram e as que poderão secar até mais ou menos o dia 10 de setembro e entrar com uma campanha junto à população, de uso racional da água e cuidados com as queimadas.  

“É preciso muita consciência  por parte de todos no consumo e nas queimadas. Um fogo ali na região da AABB começou na quarta-feira e varou a noite. Fogo nas matas é crime, infelizmente, a fuligem chega à cidade e ela só sai com a água, por isso peço que as pessoas façam isso de maneira consciente, evitem o desperdício”, alerta.