Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Senar ministra cursos nos Pinheiros e em Clínica Terapêutica

Edição nº 1568 - 28 de Abril de 2017

Dez moradores da comunidade dos Pinheiros concluíram, na sexta-feira 21, o curso de móveis de bambu ministrado durante a semana pelo instrutor do SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), Renderson Alves da Silva. No mesmo dia encerrou a semana de curso de Produção Artesanal de Alimentos, ministrado pela instrutora do Senar, Maria Luz da Silva, para 11 internos da Clínica Terapêutica Santa Edwiges, na MG-428.  

Cadeiras de bambu ganharam forma nas mãos de dez artesãos, graças aos ensinamentos do mineiro de Itaúna, Renderson Alves, instrutor do Senar,  há nove anos especialista em fibra natural (bambu). Falando sobre o curso, o artesão destaca que a formação é completa, desde a identificação da matéria prima, que são o bambu jardim e o sisal, uma fibra natural, que pode ser substituída por um material sintético, a tendência do momento.

“- Começamos do zero, desde o plantio, caso alguém se interesse, a colheita, a secagem e a transformação da matéria prima em um móvel, começando pela cadeira, que é o piloto. A partir dela, eles estão aptos a fazerem qualquer móvel: sofá, mesa, armários, camas. O resto é treino, aprimoramento que eles vão adquirir confeccionando os seus móveis”, explica, destacando que o SENAR Minas já formou mais de 300 pessoas na confecção de móveis, com cerca de 40% deles se dedicando à atividade, muito rentável.

Avaliando a turma, Renderson elogia  o desempenho de cada um, sua dedicação e a rapidez do aprendizado de alguns. “Nesses nove anos no Senar conheci muitas Minas Gerais, vou pra ensinar e retorno com uma bagagem enorme de aprendizado. Estar aqui nos Pinheiros, com essa bela vista para a Canastra e junto a este povo maravilhoso é uma bênção. Agradeço a Deus por ter a oportunidade de estar em lugares tão maravilhosos como este”, reconhece, agradecido, revelando o desejo do grupo. “A ideia deles é forte, é ter uma cooperativa aqui, reunindo seus produtos para oferecer aos turistas que passam na porta”.

 

Alunos avaliam curso

De acordo com a mobilizadora Maria de Lourdes, a ideia do curso de móveis de bambu nasceu com Maraline Gonçalves Pedro, moradora dos Pinheiros há nove anos.  “Numa reunião da comunidade, ela deu a ideia. Aliás, ela é uma pessoa muito dinâmica, que surpreendeu a todos ao aprender dirigir trator, que é a exigência nº 1 para fazer o curso”, diz a mobilizadora, seguida de Maraline justificando seu interesse.

  “- É muito importante este curso, primeiro porque pode aumentar a renda, mas, principalmente, porque vai servir para tirar as mulheres do curral, da lavoura. Nós podemos fazer outras coisas que nos darão renda aproveitando a riqueza natural que temos aqui. A nossa ideia é formar uma cooperativa e colocar os nossos produtos no mercado. Eu me encontrei com a cerâmica, então,  esta peça aqui vai ser para o meu marido, que gostou muito desse ofício”, afirma ao lado do marido Livander de Souza Peres, nascido e criado nos Pinheiros. “Moro aqui há 43 anos, ou seja, desde que nasci e gostei muito desse curso, quanto mais aprender melhor e, podemos trabalhar com os móveis de bambu nas horas vagas. Vamos aperfeiçoar e investir nessa área”. 

 Destaque-se que Maraline saiu dos Pinheiros e ficou uma semana na cidade fazendo um curso de cerâmica  promovido pela ASAA e, já está comercializando seus produtos, que receberam elogios do instrutor Renderson, que ficou hospedado em sua casa. “Maraline está trabalhando muito bem com cerâmica”.

 Maria do Carmo Borges Carvalho nasceu em Tapira, onde morou até os 12 anos, quando se mudou para os Pinheiros, onde mora há 36 anos e concorda com Maraline. “Minha vida todo foi no curral, mexendo com gado, leite e queijo e agora apareceu esse curso, uma coisa que gostei muito de fazer e quero continuar”. 

José Carlos Weiss, de descendência austríaca, em 2002 comprou um sítio vizinho à Cachoeira da Parida, para investir em Turismo Rural e Ecoturismo. Weiss iniciou o investimento, retornou a Campos de Jordão por um tempo, mas agora pretende fincar pé por aqui. Enquanto o sítio que recebeu o nome de Mandala, não entra em atividade, ele exerce a profissão de odontólogo em Tapira, distante de Pinheiros cerca de 30 km. 

“- Estou diminuindo minha atividade como dentista e há dois meses estou me dedicando ao sítio e este curso veio bem na hora, porque eu ia fazê-lo em São Paulo, e o aprendizado aqui será investido no próprio sítio, onde estou fazendo todo o mobiliário de madeira e os móveis de bambu caem muito bem numa varanda, quiosque, como corrimão, armário...”, informa, reafirmando a ideia do grupo de montar uma cooperativa. “Nossa ideia é oferecer um pouquinho de cada coisa para os turistas e vai ser bom para todo mundo”.

Elza Leite, presidente da Associação Comunitária de Desenvolvimento Rural de Pinheiros e vice-presidente da Associação Sacramentana de Artesãos e Artistas (ASAA), há anos trabalha com artesanatos diversos, aproveitando o que há na região onde sempre viveu, a Fazenda Água Quente, foi uma das primeiras a concluir a cadeira de bambu. “Sempre gostei de aprender e com esse curso a gente vê que não aprendeu tudo ainda. O pessoal está muito animado e o primeiro passo foi dado, porque queremos que nós mulheres tenhamos uma fonte de renda numa outra atividade que não seja a lida rural. O que queremos é caminhar com nossas próprias pernas e vai ser possível, porque a matéria prima está aqui”.

Anderson Geraldo de Souza 19, nascido e criado nos Pinheiros, não perde a oportunidade de aprender. “Terminei o Colegial, mas continuei aqui, trabalhando como autônomo, e faço de tudo um pouco, mas cada vez que vem curso eu aproveito,  porque a aprendizagem é eterna e a gente não sabe o dia de amanhã. Esse curso de móveis é muito bom e uma boa oportunidade para gente se desenvolver”. 

 

E na clínica terapêutica Sta Edwiges, receitas fazem sucesso

Para a instrutora Maria, que faz sua segunda experiência em clínica terapêutica, “eles são muito interessados, inteligentes têm tudo para recomeçar. E o mais importante é que os internos são muito interessados. Tudo isso mostra para eles mesmos que são capazes, pois têm muita habilidade no manuseio das massas, sempre querendo saber mais e mais. Gostei muito de trabalhar com eles”, avalia. 

No curso, que durou uma semana, foram produzidos pão de mandioca, rosca de abóbora, pão de inhame, biscoito de polvilho, dentre outros e, na avaliação de Alessandro em nome de todos, avaliou “Muito bom.   Foi de grande valia e de grande conhecimento para nós, porque temos muito tempo aqui.  Coisas tão simples e o que não sabíamos é que podemos levar para nossas casas,  para a nossas família,  para o nosso dia a dia. E se nos for permitido, queremos fazer produtos aqui. Somos agradecidos pela oportunidade desse curso”. 

 

A escola no campo 

Maria de Lourdes Borges, funcionária do Sindicato dos Produtores Rurais e mobilizadora do Senar há 12 anos, muito gratificada pelo interesse da comunidade, destaca a importância dos cursos, a satisfação de ver um curso concluído e ainda elogia os pinheirenses. “Os moradores desta comunidade têm sede de aprender e isso é muito importante, porque a diversificação de atividades proporciona mais alternativas para conseguirem renda, usando o que eles têm aqui”, elogia, informando que a comunidade já fez cursos de tratamento de madeira, processamento de alimentos, motosserra, roçadeira, tratorista. 

Explica Lurdes que o SENAR é mantido por recursos provenientes da contribuição de produtores rurais tanto sobre a comercialização de produtos agrosilvipastoris quanto sobre a folha de pagamento da empresa rural. “Uma porcentagem dos impostos vai para o SENAR, e retorna ao produtor na forma de treinamentos e cursos de formação profissional, assistência técnica e ações de promoção social, por isso os cursos são gratuitos”.