As artesãs sacramentanas, Mônica Aparecida Lúcio e Sâmia Aparecida Gomes, estão fazendo sucesso com produtos da marca Arteco (Art'Eco), confeccionando um material 100% ecológico. As jovens artesãs criam sua arte ecológica utilizando resíduos de couro, que nada mais são do que tiras de couro que sobram nas fábricas.
O resultado é uma gama de produtos, como belas peças na linha de bolsas, carteiras, mochilas e mochilões para camping, porta celulares, etc, tudo personalizado, que já estão sendo comercializados através das redes sociais e, brevemente, após o registro, distribuídos nas lojas do gênero e vendas online. Além de produtos em couro, as artesãs fabricam produtos personalizados em paletes.
As futuras empresárias, que trabalham juntas há cinco anos, comemoram a boa aceitação dos produtos. “Trabalhávamos, inicialmente, com paletes, mandala indígena, e sempre tínhamos vontade de levar nossos produtos para feiras, exposições, de onde veio a ideia dos resíduos de couro, que são descartados pelas fábricas. Esse couro ou é jogado no lixo ou incinerado, causando um grande impacto na natureza. Então, podemos dizer que unimos o útil ao agradável”, explica Sâmia.
Mônica destaca ainda que tiveram grande aceitação de três empresas da cidade que doam os resíduos, mas pela demanda pretendem buscar novas empresas e novos resíduos. “Vamos apresentar nossos produtos e buscar a doação de diferentes materiais descartáveis, que possamos transformar em arte”.
Bolsas fazem sucesso em Belo Horizonte
A produção das empresárias Mônica e Sâmia iniciou há seis meses e as primeiras bolsas foram levadas e comercializadas todas na feira em Belo Horizonte. “Através da ASAA, estivemos na capital em fevereiro levando nossas bolsas que tiveram uma aceitação muito boa”, revela Mônica, agradecendo o espaço cedido pela ASAA nesse início das atividades, e destacando que as bolsas, excetuando os fechos e zíperes são 100% artesanais em resíduo de couro, distribuídos em embalagens personalizadas feitas de sacos de cimento, que podem ser reutilizadas. A etiqueta Art'Eco que marca o produto também é confeccionada em papel reciclado.
“- Acreditamos que, além da qualidade dos produtos e o fato de serem praticamente 100% ecológicos, estão tendo uma grande aceitação”, afirmam as artesãs.
“- Nossa ideia é termos um espaço próprio com uma loja física e outra online. Por enquanto, estamos com o ateliê em nossa própria casa até completarmos um estoque para abrir uma loja. Acreditamos que em breve vamos precisar de empregar mão de obra externa”, avaliam.
Outra ideia das empresárias é ministrar uma oficina para aprendizes. “Pessoas interessadas pelo projeto e por nossos produtos nos têm procurado com interesse em conhecer a arte, então pensamos em abrir uma oficina para formação de mão de obra, porque conforme o aumento das vendas, vamos precisar de mais profissionais, pois temos outras ideias futuras e uma delas é o aperfeiçoamento”, explicam.
Monica e Sâmia terminaram o segundo grau na Escola Coronel e pararam os estudos. Mas agora pretendem voltar: Mônica, no curso de Designer de Produtos, e Sâmia, Publicidade. “Estamos fazendo algo de que gostamos e uma coisa puxa a outra. A profissionalização nessas duas áreas vai nos ajudar muito no negócio. Descobrimos realmente o que queremos fazer e criatividade não nos falta”, afirmam.
Experiência em fábrica de calçados
Mônica revela que, ao terminar o segundo grau, não teve vocação pra fazer nenhum curso superior e foi trabalhar. “E fui trabalhar com couro. Durante dez anos trabalhei na fábrica de calçados Democrata, que nos doa parte desses couros. Mesmo reaproveitando as tiras, a fábrica chega ao descarte final, é este resto que reaproveitamos em nosso trabalho”, explica Mônica, lembrando como nasceu o amor pela arte.
“- Quando eu trabalhava, via que sobravam tiras, retalhos de couro e sempre que tinha um tempinho eu comecei a emendá-los e fazia algumas coisinhas: porta trecos, bolsinhas, pequenas peças que presenteava um e outro. Foi quando pensei: se fiz esses, consigo fazer mais. E estamos fazendo. Tudo isso é criação própria. Quando iniciamos, fomos atrás da Democrata, que nos deu resíduos de couros, daqueles mesmos que eu trabalhava há quatro anos atrás. Acho que eles estavam guardando pra mim...”, brinca, sorrindo.
Explica mais a artesã que, mesmo a fábrica reutilizando os resíduos de couro, sempre sobram pontas, tiras, retalhos que são descartados. “Digamos, o que eles doam seria a reciclagem do reciclado”.
De acordo com a artesã, secretária da ASAA, Leila Tiago, “a natureza é pródiga, nada se perde, tudo se transforma. Esses retalhos, por exemplo, reutilizados por Mônica e Sâmia, podem ser aproveitados ainda de duas maneiras, como cobertura do solo para plantas que necessitam de umidade, como bananeiras, ou para cordões de couro ou mistos, com tecido e couro, dando origem a uma infinidade de outros produtos, como bijuterias, almofadas e utilitários. Nada se joga fora, e é isso que estão fazendo com as sobras dos resíduos de couro”, elogia.