Um grupo de futuros moradores do Residencial Júlia Terra, reuniu-se na tarde da terça-feira 25, na entrada do loteamento, para protestar contra o atraso na entrega das casas, anunciada para o último dia 19.
Conforme informou o ET na edição 1566 (14.4.17) a previsão da data 19 de abril foi divulgada através de ofícios enviados à Câmara no dia 3 de abril, pela Construtora Laterza e pela Caixa Econômica Federal, mas que dependia de confirmação do Ministério das Cidades. Também confirmada pelo prefeito Wesley, informando que, “as pendências do Loteamento Júlia Terra, projeto nosso e construído pelo ex-prefeito Bruno, foram todas resolvidas e estamos prevendo entregar as chaves aos moradores no próximo dia 19”.
Vários dos mutuários presentes afirmaram que estiveram presentes na reunião ordinária da Câmara, dia 3 de abril, quando foram lidos três ofícios: um do secretário de Obras e Serviços Urbanos da Prefeitura, Sérgio Alves de Araújo, que informou ser de responsabilidade da empresa Laterza Construções Ltda prestar esclarecimentos e que à Prefeitura cabe a fiscalização, nos termos do convênio celebrado com a Caixa Econômica Federal.
O vereador Pedro Teodoro Rodrigues de Rezende, Presidente da Câmara, única autoridade presente no ato para ouvir as reclamações dos mutuários, leu também os ofícios enviados pelo diretor da empresa Laterza Construções Ltda, Nicolau Laterza Filho e pelo Gerente Geral da Caixa Econômica, Heraldo Lopes Rozado, lidos na reunião do dia 3, na Câmara. Ambos ratificavam a data da entrega das unidades para o dia 19 de abril, ressalvando, entretanto Rozado que, “esta data poderá ser alterada, pois ainda depende de confirmação do Ministério das Cidades”.
Na mesma reunião, um representante dos mutuários, usando a tribuna, agradeceu e saudou os futuros vizinhos: “Parece que saiu, gente, demorou, mas saiu...”, disse, recebendo os aplausos do plenário lotado por boa parte dos 195 mutuários do Residencial Júlia Terra. Mas a data não foi cumprida, porque o Ministério da Cidade não autorizou.
Dia 19, passou a ser o dia D
A data 19 de abril, a partir da reunião do dia 3, passou a ser o dia D para os mutuários, ganhando, inclusive, as redes sociais com agradecimentos aos vereadores Pedro Teodoro e Henrique Spirandelli. Mas toda aquela euforia que tomou conta dos futuros moradores, agradecimentos e louvores a políticos, foi frustrada a partir do último dia 19, que passou em branco, a não ser um comovente desabafo de Janaína Carvalho (Veja no box).
E quem ouviu sozinho as reclamações dos mutuários foi o presidente da Câmara, Pedro Teodoro, que lamentou com os moradores o não cumprimento da data, 19 de abril. “O que dependia de nós, falando pelos poderes Legislativo e Executivo, foi cumprido. A data anunciada da entrega das casas, 19 de abril, foi uma previsão, as sem sucesso, pois dependia da aprovação do Ministério das Cidades”, disse para o descontentamento geral dos futuros moradores.
O fato é que os manifestantes estavam muito insatisfeitos porque contavam como certa a entrega das casas naquela data. Muitos deles chegaram a organizar a mudança. De acordo com os mutuários, falando ao ET, “o processo das casas começou em 2011 com a negociação do terreno e a criação do residencial. Finda a gestão do prefeito Wesley, o projeto teve continuidade com o prefeito Bruno. As inscrições foram feitas em 2013 e selecionadas 195 famílias e, naquele mesmo ano tiveram início as obras”.
Contrariados, muitos lembravam das promessas da inauguração: “Na Câmara, anunciaram que seria 19 de abril, agora já estão jogando para maio. No dia 18, um dia antes da entrega, o prefeito Baguá falou que será em meados de maio. E como é que fica?”, cobram as mulheres. Daniela Pereira lembra que a primeira promessa foi de que entregariam as casas em julho de 2016. Linanda Floriano Ribeiro afirma tem gente morando de favor: “Falaram na Câmara e saiu no jornal da data, muita agente entregou a casa e agora está morando de favor, gente correndo o risco de ser despejada. Eu tenho quatro filhos e teria de ter saído da casa dia 19”. “Como é que vamos renovar contato?”, pergunta Laila Graziela Neves. Uma das preocupações dos mutuários é com a depredação dos imóveis.
Sueli Monteiro, grávida de oito meses, esperava dar a luz já morando na casa própria, mas agora... “Quando assinei o contrato na reunião na Casa da Cultura, nem grávida eu estava e agora o neném vai nascer em maio e cadê a casa? Já desmontei as coisas, empacotei e nada?, afirma ao lado de dois filhos, Thalita 11 e Nicolas 8. E assim muitos outros, cada um com uma história triste para contar...
Por fim, os manifestantes, em sua maioria mulheres, cobraram a presença do prefeito Wesley De Santi de Melo, que não compareceu. “Estamos pedindo socorro para o Baguá, porque o órgão municipal mais forte numa cidade é o prefeito e ele, com certeza, quando for entregar as casas, vai estar presente, por isso queremos conversar com ele. A Câmara tem ajudado, só o prefeito não apareceu e achamos isso estranho. Se não depende do prefeito e, sim, do Ministério, por que então anunciaram a data? Por que alguém não vai lá nesse Ministério resolver isso?”, cobram.
Finalizando o protesto, ficou acertado com o vereador Pedro Teodoro um encontro com o deputado Marcelo Álvaro Antônio, às 9h30 da manhã de sábado 29.
Nossos direitos!
“Estamos aqui para mais uma manifestação, para reivindicar nossos direitos, pois estamos cansados de tantas datas, tantas mentiras e de tanta enrolação! A culpa era da Laterza, Cemig, depois Saae, depois Caixa, depois dono do terreno e depois, depois!... Agora as casas estão prontinhas com água e energia, até vistoriadas já estão por nós! O que vamos esperar agora, os vândalos estragarem mais alguma coisa nas casas??? Qual a próxima desculpa? ?? Qual a próxima enrolação? ?? Qual a próxima mentira??? Cadê o respeito e dignidade por nós contemplados???
Não estamos mais atrás de explicações, nem mais de datas! Queremos apenas exigir nossos direitos de cidadãos! Queremos nossas chaves! Não queremos saber de quem foi a culpa, basta! Queremos nossas chaves!!” – bradou, fazendo o convite para todos os mutuários se juntarem ao protesto que seria realizado às 18h daquele dia, terça-feira, 25 último.
Com apitos e nariz de palhaços um grupo de aproximadamente 50 mutuários reuniu-se naquela tarde à entrada do Residencial Júlia Terra portando cartazes com as mensagens: “Unidos venceremos”, “A culpa é de quem?”, “Queremos respostas”, “Queremos nossas casa”; “Não é vandalismo, é revolta”...