Um dos ônibus da empresa Bonetti, que transporta universitários de Sacramento para Uberaba assustou os passageiros na noite da última segunda-feira 6, quando o cardam do veículo desprendeu causando a queda do motor do carro em pleno asfalto. A empresa já havia sido advertida por outros problemas mecânicos, mas desta vez, a Prefeitura proibiu a empresa de realizar o transporte por tempo indeterminado.
A insatisfação tomou conta dos estudantes que começaram a se manifestar pelas redes sociais. O universitário Hiago Fortunato, na página, Por uma Sacramento Melhor, na noite da segunda-feira, 6/11, às 22:29, postou a seguinte mensagem:
“- Por mais irônico que pareça, hoje 06.11.17, novamente o ônibus da empresa Bonetti estragou na saída da cidade. Não chegamos a andar nem 5 km e tudo parou. O fato é que a empresa depois de uma hora, mandou outro ônibus (na verdade micro-ônibus de aparência e procedência duvidosa). Alguns seguiram viagem, outros retornaram para Sacramento”, denunciou.
Na sua mensagem, Fortunato disse que antes dessa data, já haviam presenciado outros problemas e graves. “São muitos os fatos ocorridos na linha Fazu /Efop (Efop - Escola Técnica de Formação Profissional de Minas Gerais, grifo nosso) desde o começo do segundo semestre.
Enumera o universitário que, além de goteiras e defeitos no ar condicionado, em outras situações mais graves, os ônibus apresentaram defeitos. Na primeira delas, foram obrigados a pegar carona com o ônibus da HelioTur de Conquista, onde tiveram que se virar, pois a empresa não providenciou transbordo até Sacramento. Três dias depois, viajando em outro veículo, perceberam anormalidade, preocupados questionaram o motorista que garantiu estar tudo bem. Não estava, no retorno a Sacramento, denunciou na postagem, Fortunato afirmou que o motor do ônibus se desprendeu e caiu na rodovia.
De acordo com estudante, nas ocorrências, os responsáveis foram comunicados e cobrados, mas nada de concreto foi feito, razão de tomar a iniciativa para formalizar uma denúncia pública. “Pedimos ajuda e apoio das autoridades responsáveis, não queremos virar mais um caso de tragédia anunciada. Só quem viveu os fatos acima e presenciou a falta de respeito, sabe o quão isso magoa e nos deixa nervosos. Não estamos falando de um caso isolado, estamos falando de várias famílias”, alerta o universitário, reconhecendo que “os estudantes sabem da importância que a linha tem para a empresa Bonetti, pois todos precisamos trabalhar, porém a qualidade do serviço tem que existir, e essa relação empresa/ universitários é recíproca, pois uma precisa da outra.”
Jurídico analisa o caso
O ET foi atrás de informações com o responsável, o Diretor de Transporte Universitário da Prefeitura, Daniel de Souza Campos. Respondeu o diretor que todas as vezes que o ônibus da empresa apresentou problema, ele recebeu as denúncias e as providências foram tomadas.
“- Demos toda a atenção a todos os universitários e todas as reclamações foram encaminhadas por escrito para o departamento afim, que tomou as medidas emergenciais. Após a primeira denúncia, feita no dia 23/10, de um problema que ocorreu no carro dia 20, quando os universitários foram obrigados a pegar carona com o ônibus da Helio Tur e deixados em Conquista, sem transbordo, o veículo foi impedido de rodar. A empresa, então, alugou um carro para fazer o transporte.
O ônibus só retomou a linha depois de apresentar um laudo de vistoria assinado pelo mecânico da própria empresa e de uma vistoria confirmada por profissional do município”, informou Daniel, reconhecendo que todo veículo está sujeito a avarias.
“- Quebrar, dar defeito, todo veículo está sujeito, mas não com essa frequência. Diante disso, estamos avaliando a situação e todas as informações foram repassadas ao setor jurídico da Prefeitura, que analisa a situação, pois nossa responsabilidade no transporte desses jovens também é muito grande”, afirmou, destacando: “É importante ressaltar que todas as vezes que os alunos e até mesmos os pais reclamaram, todos foram ouvidos e os veículos substituídos”.
Sobre a falta de transbordo quando os universitários foram largados em Conquista sem apoio, o diretor reconheceu que foi uma irresponsabilidade. “Foi uma falta grave, uma irresponsabilidade, tanto que, em decorrência disso, os proprietários foram notificados. A secretaria não comunga com esse tipo de atitude”, afirmou.
Referindo-se ao outro incidente, quando o cardam desprendeu-se e o motor caiu, na noite do dia 26, informa Daniel que no dia seguinte o carro foi impedido de trafegar, com notificação à empresa. E a gota d'água aconteceu na última segunda-feira 6, quando o carro, que havia entrado em operação, quebrou mais uma vez. “Diante dos fatos, até o Jurídico da Prefeitura pronunciar a respeito, os ônibus da empresa foram afastados por tempo indeterminado”, informou.
A empresa Bonetti, enquanto aguarda a revisão de seus veículos,alugou um ônibus para transportar os alunos.
Entenda como funciona a licitação dos veículos
Questionado se a licitação exige tempo de uso dos veículos para participar do edital, Daniel confirma e garante que todos os ônibus contratados estão dentro das normas técnicas exigidas no edital de licitação, que concede a linha à empresa que apresentar o menor preço por quilômetro rodado.
Conforme resultado da última licitação, todas as empresas de transporte coletivo da cidade foram contempladas: Bonetti (Fazu); L.A. Turismo (UFTM); Transdivisa (Uniaraxá); Ulza (Factus e Unifran) e Vale (Uniube), transportando todas um total de 540 universitários. Os preços fixados por Km rodado, conforme resultado da licitação foram estes: R$ 3,65, Bonetti e as demais empresas, R$ 3,90. Para micro-ônibus, R$ 3,00.
Sobre as exigências, Daniel salienta que os órgãos de fiscalização, Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o DER-MG exigem tempo de uso para os veículos, além de uma vistoria bem mais completa feita pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). Conforme o Despacho do Processo Administrativo N° 010/2017, de 3/2/17, o ano mínimo de fabricação dos veículos é 2000, portanto, os veículo podem ter, hoje no máximo, 17 anos de uso.
Com uma fiscalização maior exigida pelo governo atual, Daniel diz que diariamente está na Rodoviária acompanhando o embarque, com o objetivo de atender os universitários e não permitir que carros viajem ociosos, isto é com poucos passageiros. “Carro que não dá lotação com no mínimo15 estudantes, eles são redistribuídos nos demais carros ou embarcam em uma Van, que sempre deixamos à disposição”, explica, justificando que, em anos anteriores, podia acontecer de ônibus viajar quase vazio.
Lembra Daniel que sua primeira providência foi viajar com os ônibus para anotar a quilometragem correta de cada ônibus, da origem ao destino, ida e volta; depois essa questão de carro viajar com poucos passageiros. “O que foi muito bom”, garante, informando que de janeiro último a outubro, com essa nova modalidade de administrar o transporte universitário, foi gerada uma economia de R$ R$ 428 mil.
Outra mudança importante adotada pelo governo atual, lembra Daniel, foi incluir, através da lei nº 1.500, de 18/4.17, os alunos matriculados em curso pré-vestibular no Programa de Transporte Universitário Gratuito, com desconto de 40% do preço da passagem.
Os outros benefícios e requisitos exigidos continuam os mesmos da Lei 1.295/13: média mínima de 70% de rendimento na faculdade, para ter direito a 100% de gratuidade do ônibus, caso contrário, apenas 40% de isenção; cessa-se o benefício para o usuário que atingir 25% de faltas ou que seja reprovado.