Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Justiça demole primeiro rancho em Jaguara

Edição nº 1562 - 17 de Março de 2017

Quem pensava que as ações movidas pelo Ministério Público Federal de Minas Gerais contra os ranchos nas margens do Rio Grande não fossem virar nada, enganou-se. Na manhã dessa quinta-feira 16, a decisão judicial movida pela Cemig (Centrais Elétricas de Minas Gerais) começou a valer: foi demolido o primeiro  rancho no lado mineiro da represa de Jaguara, município de Sacramento. 

De acordo com informações da Prefeitura de Rifaina, a construção demolida de propriedade de um morador de Batatais (SP), possuía varanda, cozinha, lavanderia, salas, três quartos, dois banheiros, área de descanso e churrasqueira, dentre outras benfeitorias.

Além de ter contratado uma empresa especializada em terraplenagem para fazer a demolição, o proprietário do rancho terá que fazer a recuperação da área ocupada com o retorno da vegetação então ali existente.

Outros quatro ranchos dentro do município estão na mira da Justiça. Na sexta-feira, 10 representantes de dez cidades dos Estados de São Paulo e Minas Gerais participaram de uma reunião em Rifaina para buscar uma alternativa para tentar conter as ações e evitar as demolições. O grupo decidiu se unir para fazer pressão política junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar evitar a derrubada das propriedades. 

Na oportunidade, o advogado Fábio Roberto Cruz explicou que a polêmica se deve às diferentes interpretações sobre a lei em vigor. O antigo Código Florestal determinava que a construção deveria obedecer a uma distância de 30 metros dos rios e de 100 metros das represas. O Novo Código flexibilizou a exigência e diminuiu a faixa da área de preservação permanente, que varia de acordo com o nível operativo da represa. “O Ministério Público está questionando a nova lei e dizendo que ela é inconstitucional. Para complicar, está havendo uma divergência na interpretação por parte da Justiça. O TJ de São Paulo entende que o artigo é válido e que não há problemas. Já em Minas Gerais, o entendimento é outro e a situação está mais complicada”, pondera o advogado. (Fonte: Comércio da Franca/Redação ET)

 

Cidades vão ao Supremo contra demolição de Ranchos

O prefeito de Rifaina, Hugo Lourenço, recepcionou na tarde da sexta-feira 10, prefeitos de 11 cidades   que pretendem lutar contra ações judiciais que determinam a derrubada de ranchos ao longo do rio e da represa do rio Grande. Além dos prefeitos, participaram  também da reunião  rancheiros, procuradores jurídicos,  ambientalistas e diversos vereadores e secretários de governo.

Ao abrir a reunuião, Hugo Lourenço discorreu sobre a história econômica de Rifaina antes e depois do alagamento do entorno da cidade. “Nossa cidade era conhecida como a capital da cerâmica na região. Toda a força e a riqueza econômica foram inundadas quando se construiu a barragem de Jaguara, no início dos anos 1970”, comentou, lembrando que a economia do município foi a zero.

De acordo com o prefeito, o município encontrou uma nova e promissora atividade econômica, o turismo náutico. “Rifaina levou um longo tempo para desenvolver esta nova base econômica que é o turismo, fomentado principalmente por mais de 500 ranchos instalados na área do Município”, disse, ressaltando a importância da união de todos os municípios banhados pela represa do rio Grande:  Rifaina, Pedregulho, Sacramento, Conquista, Aramina, Delta, Igarapava, Miguelópolis, Cássia e Ibiraci. 

Durante a reunião, várias medidas foram discutidas, dentre elas a primeira a ser posta em prática será uma audiência com o ministro Luiz Fux, relator de uma ação federal que  corre no STF com o pedido de demolição dos ranchos. O objetivo é levar ao ministro detalhes técnicos e os motivos pela não demolição do rancho, utilizando-se de questionamento à legislação estabelecida pelo novo Código Ambiental. (Fonte: Assessoria de Comunicação Pref. de Rifaina)