As empresas Café Marques da Costa e Marca Agromercantil realizaram em Sacramento, na manhã do último sábado 15, o 1º Encontro Café e Negócios, no qual o objetivo principal foi apresentar aos cafeicultores da região a estrutura da torrefação e também estreitar o relacionamento das empresas com os produtores da região. O encontrou prosseguiu com a programação de palestras tendo como palestrante Guilherme Henrique de Souza, classificador, degustador e comprador de grãos de café da torrefação Marques da Costa, que explanou sobre a comercialização da marca e apresentação do laboratório, que estará a diposição dos produtores para auxiliá-los na análise de seus grãos. Também foi convidado o Engenheiro Agrônomo Roberto Mendes, da Emater, que proferiu palestra sobre certificação de café e também esteve presente o Gestor Comercial da Marca Agro Mercantil de Sacramento, Guilherme Invaldi Silva, que encerrou o ciclo de palestras.
Pelas palavras do empresário José Renato Marques, Diretor do Café Marques da Costa, ''O objetivo principal é valorizar o café da nossa região, que produz o melhor café do mundo, visando sua entrada definitiva no mercado externo, que é muito exigente e está sempre em busca de melhorias nos produtos.Estamos abrindo caminho para os produtores negociarem seus grãos direto com quem vai industrializá-lo e exportá-lo, sem atravessadores na negociação. Estamos disponibilizando nossa estrutura para realização de testes e eles terão a assistência técnica da Marca Agromercantil, o que com certeza será um grande benfício para os produtores.''
Em entrevista ao ET, o empresário revelou que a criação da Marques da Costa foi a realização de um sonho. ''Estou homenageando meu pai, que embora não teve a oportunidade de ter sua própria lavoura de café, trabalhou muitos anos cuidando das lavouras de onde morávamos, sempre foi um apaixonado por café. Meu objetivo é levar essa marca para vários países, já estamos homologando e certificando nossos produtos nos EUA através do FDA (Food and Drug Administration, que significa Administração de Comidas e Remédios (em português), informou ressaltando também exportação para outros países da Europa e Oriente Médio.
''Nossos produtos já estão avaliados na China, em alguns países da Europa e Oriente Médio, na Holanda já temos contrato de fornecimento. Enfim, acredito que teremos retornos positivos, pois, as amostras estão sendo bem avaliadas e nos Estados Unidos fizemos uma pesquisa e a aprovação foi muito boa, com um dos importadores afirmando que '' de todos os cafés que eles importam, nunca receberam um produto tão bom. Isso deixa eu e minha equipe muito feliz, pois analisamos que estamos indo no caminho correto e tanto na qualidade do produto e como na identidade visual. Exportar um produto final com grãos da nossa região trará para o município mais receita, mais geração de empregos e claro, reconhecimento.''
Referindo-se as empresas parceiras do encontro, José Renato salienta que '' Esse é primeiro encontro, e desse podem nascer mais incetivos por parte do Governo Municipal, uma cooperativa entre os produto e outros diversos benefícios para nossos produtos. Quem sabe até uma cooperativa com o apoio do Café Marques da Costa? Este é um projeto ainda em discussão, mas tem tudo para acontecer''.
Café Marques da Costa
Guilherme Henrique de Souza, o responsável pela Qualidade do Café Marques da Costa, habilitado em classificação e degustação pela Savassi Certificação e Agronegócio de Patrocínio, ele é quem faz o prepraro dos blends da marca ( Misturas que incluem diferetes tipos de grãos de café- grifo nosso) e também é o responsável pela compra dos grãos para a torrefação, ele enfatiza que esse é o momento de o produtor rural investir no café, pois, terá suporte técnico e garantia de venda do produto. Guilherme está em Sacramento há um ano, exclusivamente para trabalhar com o Café Marques da Costa.
Ele falou sobre a marca e também o que a empresa poderá fazer pelos produtores, ''Queremos prospectar e dar visibilidade a alguns produtores para o mercado externo, e apresentar nosso laboratório e sua importância na produção e qualidade da cafeicultura do município. De que forma? Sendo parceiros, fazendo análises para os produtores, para que de fato eles possam conhecer a qualidade do que estão produzindo e como melhorar através do manejo''expõe.
Ressalta que ''ainda hoje muitos cafeicultores produzem e vendem sem conhecer a qualidade de seus produtos, com a análise ele saberá tudo, e nossa ideia é colaborar com os produtores na comercialização de seu produto em outras regiões do Brasil e exterior.
Provocado pelo ET para fazer uma comparação entre os cafés de Sacramento e de sua cidade Patrocínio, ele diz ''Sacramento é previlegiado pelo microclima e altitude, os cafés daqui são de ótima qualidade e conseguem competir com excelentes café de Patrocínio e Mogiana'', explica justificando que '' Temos aqui o Mauro, produtor próximo da BR-262, que está a 1.050 metros de altitude; já o Danilo, da Sete Voltas com 11 hectares está a 1.150 metros de altitude, e quanto maior a altitude da lavoura, melhor sai sua bebida. Porém é importante ressaltar que o café tem identidade, acontece de sementes plantadas no mesmo lote, plantado do lado, não dar a mesma bebida'' ressalta, que '' para alguns produtores o que falta é aprimorar o manejo''.
''Como o café estava em baixa, acabaram com muitas lavouras na região para plantar cana, mas vale investiver no café, nossa prospecção é chegar a 200 toneladas industrializadas por mês, que são 1.600 sacas. Então, quando o produtor ver os números e que está acontecendo, ele poderá aumentar o plantio, pois, terá para quem vender''.
De acordo com Guilherme Souza, ''a Emater tem um programa de cadastramento de produtores que facilita financiamento, e agora terá outro incentivo ,pois, o Marques da Costa junto a Agro Mercantil, está projetando fazer troca, onde o produtor fecha a venda para o Café Marques da Costa e a marca entrega os produtos, o pagamento da matéria prima necessário é garantida pela Marques da Costa. ''
Segundo o Gestor Comercial da Marca Agro Mercantil de Sacramento, Guilherme Invaldi Silva, que é uma das parceiras do 1º Encontro Café e Negócios, '' a Marca Agro Mercantil completará 12 anos no mercado e conta com seis filiais, sendo cinco em Minas Gerais, entre elas, Sacramento''
Informou Invaldi, destacando o trabalho da empresa, ''os produtores de café prescindiam de uma empresa que focasse em café, na verdade era uma grande demanda dos cafeicultores, a busca de uma empresa especializada na produção cafeeira. E a Marca Agro Mercantil chegou ao mercado para atender esses produtores com conhecimento e suporte técnico, oferecendo defensivos e assistência, especialmente num momento em que os produtores têm agora esse novo produto no mercado, o Café Marques da Costa, como mais uma opção para comercializar a sua produção'', justifica.
Emater
Roberto Mendes, há dez anos na Emater, é hoje o responsável pela certificação de cafés na região. Abordando o tema, 'O Programa Certifica Minas, ele detalhou a importância desse trabalho feito pela Emater. “Hoje, trabalhamos com os cafeicultores da região, introduzindo boas práticas na produção do café. Esse é o objetivo do Programa Certifica Minas, um programa do Governo Estadual em parceria com o IMA. A Emater faz os encaminhamentos, adéqua a propriedade e presta assistência técnica. E o IMA faz as auditorias dando a conformidade do processo”, ressalta, acrescentando que a certificação de qualidade do café agrega muito no valor do produto no mercado. “Sem certificação não há exportação”, alerta.
Para o agrônomo, o encontro é de suma importância para os cafeicultores da região. “O Café Marques da Costa está introduzindo uma produção de café de alta qualidade, que vem de encontro ao trabalho que a Emater faz para a certificação, cujo intuito é produzir café de qualidade, com respeito às questões social e ambiental. Todo o processo de adequação das propriedades visa a qualidade, tendo em vista o clima e altitude de Sacramento”, afirma, informando que a fazenda Boa Vista, de José Renato Marques, já está com o processo de certificação bastante adiantado.
Produquímica
O gestor Willian Santana, representante em Sacramento e região da Produquímica, parceira também do evento, ressaltou a importância do encontro. “O trabalho da Produquímica está na divulgação de novas tecnologias, produtos, manejo nutricional, fisiologia das plantas, enfim conhecimentos de grande valia para a produção de cafés de qualidade, tudo isso agregando valor no produto final. Então, considero o encontro de extrema importância para os cafeicultores da região”, avalia.
De acordo com Santana, a Produquímica faz parte do grupo americano Compass Minerals, está no mercado há 52 anos, e está presente em Sacramento através da distribuidora Marca Agro Mercantil. “A Produquímica exporta para mais de 70 países, somos mais de 200 representantes em campo. Trabalhamos com produtos de nutrição de plantas e, a DuPont, que é uma grande parceira nossa, entra com a parte da proteção de plantas”, informa.
Produtores avaliam encontro
O produtor Cacildo Bizinotto, avaliando o encontro destaca a importância da iniciativa do Café Marques da Costa e os parceiros pelas novas informações trazidas. “Foi muito bom, um novo incentivo para o produtor rural. O café é uma cultura que já teve grande voga no município, mas hoje está numa situação de pouca produção, porque diminuíram muito as áreas plantadas e em detrimento da cana e de outras lavouras. Porém, o que temos hoje no município são cafés de qualidade, produtores em busca de novas tecnologias”. E o melhor, com a entrada do Café Marques da Costa no mercado, o produtor tem mais uma opção de venda”, avalia.
Leonel Scalon, um dos maiores produtores da região, falando sobre a realidade do café no município, destaca uma queda acentuada nos últimos anos. “Sacramento está voltando a produzir café, mas a produção ainda é baixa, cerca de 50 a 60 mil sacas por ano, em torno de 30% do que era nos anos 80, por exemplo. Mas há razões para isso: primeiro, a lavoura de café é uma das mais caras e o retorno começa depois de quatro, cinco anos; segundo, o preço caiu muito e isso desestimulou os produtores, está muito defasado, o que estimula o cafeicultor a migrar para outros culturas, ou arrendar para a cana”, enumera.
Sobre o encontro, Scalon vê como uma iniciativa muito importante, novas informações, troca de ideias, mais ainda pelos objetivos que José Renato tem em mente. “Mas acho que o Governo precisa incentivar mais, os preços precisam ser melhores, além de dar garantia através do seguro da safra. As facilidades hoje são muito maiores por conta da tecnologia, porém muito cara. Se antes eu empregava até 300 homens, hoje uma máquina com um operador faz o serviço. Mas o custo disso é muito alto, e as políticas do governo são muito poucas. A gente bota, por exemplo, R$ 1milhão na terra e não sabe que o que vai colher. É o tiro no escuro”, analisa.
Em relação à compra do produto pela empresa Café Marques da Costa, Leonel considera excelente. “Eu estive nas dependências da empresa, aquilo lá é coisa de primeiro mundo, estrutura e maquinário muito modernos. A visão do Zé Renato é de outro mundo. Ele está fazendo cápsulas de café... Tem um provador para não misturar os cafés de diferentes qualidades e tipos. Isso é muito bom para Sacramento e para nós produtores”, elogia.
Produtor de 120 hectares de café, fazendo projeto para alcançar 150 ha, em entrevista ao ET, Leonel informou que a Emater vai levar o seu produto para participar do concurso Cafés do Cerrado, em Patrocínio. “Mesmo que eu não ganhe, sei da qualidade do meu café, que vai estar entre os melhores cafés do cerrado. Isso agrega valor, além disso, abre a cabeça dos produtores, porque sem dúvida, Sacramento está muito atrasada em relação ao café”, alerta.