Nequinho fundou o Grêmio Teatral da Bucolândia. Iniciou os ensaios de uma peça que deveria ser levada à cena em poucos meses. Foi improvisado um palco na Catação. Na noite de estreia, nervosismo dos atores e ansiedade na plateia. A orquestra do Nicolau Skifini, um violino, um violão e uma sanfona executava os primeiros acordes da protofonia da ópera, 'O Guarani'. Soadas as três badaladas no tablado, as cortinas se avrem, o cenário mostrava uma sala de visitas onde o ator lia em silêncio uma carta. Após lê-la, deveria queimá-la. Buscou os fósforos no bolso. Nada. Esqueceu-os. Com presença de espírito, sem se perturbar, tomou a carta e a rasgou em pedacinhos. Sai de cena e entra Bem-te-vi, conhecido tipo popular da Bucolândia. Ao perceber o cheiro de papel queimado, deveria dizer: “Que cheiro de papel queimado!”. Mas como dizê-la, se a carta havia sido rasgada?!! E foi aí que nasceu o primeiro 'caco' (*) do teatro bucolandês. Bem-te-vi sai com essa: “Humm!! Mas que cheiro de papel rasgado!!” (*) Caco: improviso, uma saída, às vezes cômica do ator... (grifo nosso)
Do livro, 'No Reino da Bucolândia', de Saulo Wilson.