Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

1º de Maio: Cidade em festa

Edição nº 1569 - 5 de Maio de 2017

Como sempre, um misto ecumênico e político une os sacramentanos para uma das maiores festas da cidade, o 1º de Maio, em que se unem as religiões católica e espírita para a comemoração do Dia de São José Operário e nascimento de Eurípedes Barsanulfo (1º.05.1880) e o Dia do Trabalhador, que tem programação coordenada pela Prefeitura Municipal, no Parque de Exposição Hugo Rodrigues da Cunha.

Foi um final de semana movimentado o tríduo de festejos do 1º de maio. No calendário litúrgico da igreja Católica celebra-se a memória de São José Operário, o santo padroeiro dos trabalhadores. As comemorações começaram às 7h da manhã, com Missa de São José, na Basílica do Santíssimo Sacramento, seguida da Cavalgada 1º de Maio, às 10h, com a participação de cavaleiros e amazonas, entre elas, a rainha Giovanna Braceloti; a princesa, Amanda Oliveira  e a miss simpatia, Angélica Silva.  

Organizada em comitivas, a cavalgada contou com 815 animais, entre cavalos, éguas, burros e mulas, 13 bois e seis cabritos, que partiram do Alto da Santa Cruz, percorreram as principais avenidas da cidade até receberem a bênção do vigário paroquial, Pe. Vanildo Massaro, ao passar pela Basílica e se dirigirem para a Exposição. 

A comunidade espírita abriu as festividades do 137º aniversário de nascimento de Eurípedes, na manhã do dia 29, com o Seminário 'Prevenção dos Males do Espírito', que se estendeu até 1º de Maio, com a tradicional Hora da Saudade, no Colégio Allan Kardec, sob a coordenação de Alzira Bessa França Amui e Antônio César Perri de Carvalho, escritor e presidente da Federação Espírita Brasileira. No Recanto de Heigorina, Chácara Triângulo, o também tradicional Culto das 9h, pregado pelo Prof. Carlos Alberto Pogetti.

 

Rodeio, shows e cavalgada 

Na programação que antecedeu o dia 1º, no Parque de Exposição, a arena do rodeiro voltou a ser montada com a participação de corajosos peões durante as três noites, culminando com a final do torneio disputada por 10 valentes peões, que concorreram à premiação do 1º ao 5º lugar, dividindo um prêmio de R$ 5 mil.

 Dois grandes shows levaram um grande ao parque, no dia 29, para cantar e dançar com a dupla Di Paulo e Paulino e no dia 30, com Carreiro e Capataz, encerrando feriado, dia da festa, a dupla Enzo e Daniel e a prata da casa, Vinícius Violeiro, que deu um show à parte. 

A cavalgada, este ano, na avaliação da população, bateu o recorde de participantes, cerca de 1200 cavaleiros (400 a mais da quantidade verificada pelo ET, que fez a contagem na ponte que separa os bairros do Rosário ao centro), distribuídos em diversas comitivas uniformizadas, embelezando o desfile pela variedade de cores, porte dos animais e tralha, além da organização. Infelizmente, muitas vezes, elas acabam atrapalhadas por cavaleiros, que aguardam o desfile nas ruas transversais, sobretudo na praça do Perpétuo Socorro. Eles vão se infiltrando entre as comitivas uniformizadas e acabam desfigurando o bloco. 

 

“Se ficarmos só pensando em crise não fazemos nada...

A frase é do prefeito Wesley De Santi de Melo, em entrevista ao ET, no Alto da Santa Cruz, onde estava com a primeira dama, profa. Maria Tereza. Destacando a importância do evento, afirma que festa faz parte da vida. 

“- Minha avaliação é positiva, porque estamos dando continuidade à Festa do Dia do Trabalhador, que tem uma tradição de 40 anos. E voltamos com a festa, os shows, rodeio como era feita há muitos anos, porque o povo gosta de festa, prova disso é a participação do público no parque. Festa faz parte da vida do ser humano, se ficarmos só pensando em crise não fazemos nada”, defende.

 A especulação sobre os preços e a cobrança do ingresso no Parque de Exposição, por conta da terceirização do evento, ganhou as redes sociais. O prefeito justifica que não dá mais para bancar sozinho a festa. 

“- O povo tem razão em cobrar, mas não dá mais para a Prefeitura bancar a festa sozinha, pois ela chegou a gastar R$ 500, R$ 600 mil pra fazer essa festa, hoje gastamos R$ gastamos R$ 180 mil. E a empresa que venceu a licitação, naturalmente, tem que ter o seu lucro, retorno do investimento. E, na minha avaliação, ela fez uma festa muito bem organizada”, justifica.

A respeito da especulação de que funcionários da PMS teriam entrada franca nos shows, o prefeito desmente. “Não é verdade, todos pagaram ingressos, conforme ficou muito claro no edital e na divulgação pela rádio. Não houve gratuidade, porque num tempo de crise, só podemos voltar com a festa com responsabilidade, investindo o que temos condição. Voltamos com a festa, mas todos pagam. No dia da festa, 1º de Maio, quem não vai pagar são os cavaleiros, porque recebemos da empresa 1000 convites, que serão distribuídos aos participantes da cavalgada, aqueles que forem abençoados na praça, no final da cavalgada”, explica.   

 

PM e Guarda Municipal trabalham durante o evento 

Na saída da Cavalgada, no Alto da Santa Cruz, as presenças da Polícia Militar Rodoviária e Ambiental e a Guarda Municipal ajudaram no controle do trânsito dos veículos que trafegavam pela MG-464 (Sacramento/Conquista). O comandante da guarnição, Sgto PM Edilson Carlos de Almeida justifica a presença policial para dar segurança ao local. “A rodovia separa o bairro, local de concentração dos cavalheiros e como são obrigados a atravessar a rodovia, de competência da PM Rodoviária, estamos aqui para prestar esse apoio na segurança”, justifica, elogiando a organização. 

“- Pelo número de participantes e de animais, está muito bem organizada, há muita prudência e zelo com os animais”, reconhece, informando que o trânsito nas rodovias estaduais na regional de Araxá, registrou no feriadão um acidente cuja vítima teve uma fratura grave na perna e, no sábado,  um acidente com três mortes, por volta das 19h  no município de Perdizes e uma criança de cinco anos, que está internada em Araxá. 

Sargento Anilton Silva Egídio, comandante do grupamento de Polícia Ambiental explica que a sua presença e participação no evento visa, além do zelo com a  vida humana, coibir os maus tratos com dos animais.  “As pessoas  muitas vezes se excedem, deixam-se levar  pela euforia e acabam maltratando animais, com chicotes, esporas e outros maus tratos... E a festa não é pra isso. Os animais já ficam estressando pela demora, a grande movimentação de animais, o público, e ainda vão  sofrer maus tratos? Estaremos presentes e vamos coibir atos como o uso de espora, chicote, enfim, e outros meios que caracterizem maus tratos. E quem for pego em praticando maus tratos vai sofrer as consequências cabíveis”, alerta. 

 

Eles fazem parte da tradição da Cavalgada...

O bom filho à casa torna - Depois de quatro anos ausente da Cavalgada e do Rodeio, Reginaldo Manzan, o Zezé, voltou com força total para a organização com os companheiros Arnaldo Barreto, Cowboy, Dadinho e João Bandeira.

“-  de volta e se Deus quiser tudo vai correr bem na cavalgada e no rodeio. Uma participação muito boa, muita alegria. O povo estava carente de festas na cidade. Sacramento é lugar de um povo festeiro. Esse negócio de ficar sem festa por conta da crise não está certo. As pessoas, o povo gosta e precisa de festa, de momentos de alegria. A vida não é só trabalhar e ficar em casa lamentando a crise, todos precisam de diversão”.

 Tradição em família -  Marcelo Marques há 22 anos transporta a imagem de São José, Padroeiro dos Trabalhadores, acompanhado nos últimos onze  anos da  esposa Tânia e os filhos, Luana, que sonha em ser rainha da Cavalgada, e Eduardo.

Comitiva PO - Há 16 anos, a Comitiva Cachaça PO enche de vermelho o desfile, este ano com 40 cavaleiros, amigos, funcionários e familiares do empresário,  Marcos Rezende Cordeiro. “É uma festa bonita, temos que prestigiar, valorizar a tradição da cidade, além da oportunidade de  nos reunirmos e confraternizarmos com amigos, funcionários, familiares que gostam da festa. Quando iniciamos os preparativos, a empolgação de todos é total”, afirma Marcos, que vem da Fazenda Montágua, no município de Conquista, distante 25km. “Enquanto houver a cavalgada estaremos sempre presentes”, garante.  

 Preservando a história - Três tapirenses, Marciano Morais, que veio pela primeira vez com um mini-carro de bois; Pedro Tomás, que participa do evento há mais de 12 anos e Nelson Júnior, que participa há 15 anos, trazendo carros de boi, são sempre um sucesso à parte. “A gente gosta de participar, e isso é importante para muita gente recordar ou talvez até conhecer como era o transporte antigamente. Isso é história e temos que cuidar”, justifica Pedro.

 Diz a história que, os carros de bois chegaram ao Brasil com Tomé de Souza, o primeiro governador-geral do Brasil, que trouxe consigo carpinteiros e carreiros práticos e, em 1549, já se ouvia o “cantador” nas ruas da nascente cidade de Salvador (Bahia). O carro de bois, foi o maior meio de transporte de carga e de gente durante os séculos XVI e XVII. Em meados do século XVIII, com o aparecimento da tropa de burros, os carros de bois perderam sua primazia. Mais leves e mais rápidos, os muares não exigiam trilhas prévias e terrenos regulares. 

No final do século, vieram os cavalos para puxar carros, carroças e carruagens e o carro de bois foi proibido por lei de transitar no centro das cidades, ficando o seu uso restrito ao meio rural na maioria das cidades da época. 

 

Haras Zandonaide: 42 anos de cavalgada

Os irmãos Alexandre e Lete Zandonaide têm uma longa participação na Cavalgada 1º de Maio. “Eu tenho uma data que prova, 1975, eu tinha cinco anos, portanto participo de cavalgadas há 42 anos e, enquanto puder estarei firme, porque para mim é mais que uma tradição”, reconhece o empresário Lete ao lado do irmão, Xande, um dos guardiães das bandeiras que abrem o desfile, que relembra a tradição da família: “Na verdade, tudo isso começou com meu avô, Pedro, que passou para o meu pai, Clarete. Ambos gostavam demais do evento e começaram a nos levar. E estamos aí, já na terceira geração. Eu comecei, tinha 12 anos e lá se vão mais de 30 anos de cavalgada, nos últimos dez, com a honra de ser porta-estandarte de uma das bandeiras”.