A terceira edição do Viena Musical em Sacramento no último final de semana, 26 e 27, repetiu o grande sucesso dos anos anteriores. O público prestigiou e aplaudiu de pé a performance dos jovens músicos, o sacramentano Guilherme Kassabian Paiva, Rogério Soares, Camila Araújo, Tim Fernandes, Fernando Rodovalho, Jonas Souza e Mariana Parreira. Todos com formação eclética, oriundos da Faculdade de Música da UFU dominam com maestria do clássico ao popular. Sem contar a experiência em bandas bailes. Enfim, brindaram o público com uma grande riqueza de estilos. Um show! Destaque para a participação do violeiro Rodrigo Paiva, irmão de Guilherme, enriquecendo o grupo com canções sertanejas. Idealizado em 2012 pelo trio Guilherme, Rogério e Camila, o Viena Musical vem se firmando em especial no mercado de eventos sociais como casamentos, formaturas e empresariais na região, com apresentações também na capital mineira e Goiás. Sofisticação e inovação são os diferenciais em cada evento, com um repertório eclético e moderno, com belos arranjos próprios, sempre com o objetivo de tornar cada show único e inesquecível.
ET - Como nasceu o nome do grupo? Tem algo a ver entre o clássico e o moderno?
Tim - Na época, estávamos discutindo um nome, buscando um nome forte, importante, Rogério, Camila e eu sugerimos Viena, todos acataram e nasceu o Viena Musical. O nome remete aos nossos estudos sobre História da Música, as grandes antigas orquestras e, Viena é um berço da música erudita, berço dessas orquestras e um berço da terceira corrente do jazz. Além de ter essa vida cultural muito agitada, Viena é um lugar muito procurado pelos turistas...
ET - Quem manda mais na banda?
Guilherme - Mandar é um verbo muito pesado. Rogério, Camila e eu somos sócios, mas o grupo está sempre reunido discutindo as questões, cada um dando ideias e tem que ser assim, as decisões são tiradas em grupo. Apesar de bastante jovens, todos temos muita experiência musical, então isso favorece a democracia.
ET - Como é que nasce o repertório das apresentações?
Guilherme - O repertório depende do evento e o que mais fazemos são casamentos, cerimoniais então esses repertórios vêm dos clientes. Agora, para os shows temáticos, a escolha é conjunta. Cada um dá ideias, pensamos nos arranjos, experimentamos, avaliamos as vozes masculina ou feminina. Enfim, é todo um trabalho de preparação muito minucioso e tudo muito democrático dentro do grupo.
ET - O Viena Musical tem alguma composição inédita, que nasceu do grupo?
Rogério - Composição inédita, como entendemos o termo, letra e arranjos, ainda não. Temos proposições que são os novos arranjos ou rearranjos de músicas. Tim Fernandes trouxe novos arranjos, o mais novo deles, da música, “Eu sei que vou te amar”, que traz uma temática diferente e que está sendo executada nessa terceira edição. Guilherme e Jonas já trouxeram novos bons arranjos.
ET - Já aconteceu durante alguma apresentação uma gafe, um tropeço, uma desafinada...?
Tim - (Riso geral). Já aconteceu de tudo. Já esquecemos de entrar numa introdução e fazermos outra, esquecer de ligar o microfone. Lembro-me uma vez com a música Jesus Alegria dos Homens, o violinista começou com Arioso (também de Bach) e quando ele percebeu, foi esperto, já passou logo para a música certa. Ficou parecendo que era um arranjo. Agora, afinação... Mas o que mais acontece e acontece muito é que o maestro vai contar e a gente começar na hora errada...
Guilherme - Também numa execução do Hino Nacional, o saxofonista, de repente mandou as notas lá para o meio do mato... No 'parararam, parararam, parararam' ele deu um 'piii' (riso geral). E aí a gente tem que ficar firme. Não aconteceu nada... Agora, num casamento, o padre achou de cantar na hora cerimônia. E aí nos deu uma crise de risos, porque ele cantava muito mal, um timbre de voz muito médio, parecia aqueles carrinhos de vendedores ambulantes. E aí foi difícil controlar os músicos...
ET - O que é a música para você?
Mariana - Ih, eu poderia ficar falando aqui um mês. A música é o motivador da minha vida. Ela é o motivo do nosso encontro. O grupo só acontece, porque a música aconteceu em algum momento de nossas vidas. Eu só consigo me ver fazendo algo de bom, algo de significativo para outras pessoas, fazendo música.
ET – Cite aí alguns instrumentos de percussão que você toca nas apresentações...
Mariana - Pandeiro, unha de lhama, Jam B loc, triângulo, apito, tamborim, carrilhão, prato, bongô, caxixi, congo, chocalho, sino...
ET - Nas apresentações, percebe-se que vocês são bem integrados, fraternalmente falando. O que move esta unidade do grupo?
Jonas - O que nos move é o prazer de fazer música, além disso, a amizade e carinho que temos uns pelos outros.
Rogério - A quantidade de horas que passamos juntos, depende do serviço que temos, mas nos reunimos duas ou três vezes por semana, por umas quatro a cinco horas, o que significa que ficamos juntos entre 12 a 15 horas por semana e isso, acredito, afina o relacionamento.
ET - Quais são os projetos futuros do Viena Musical?
Rogério - Nosso projeto é continuar essa prospecção com os clientes, nos casamentos, formaturas e eventos e para um futuro lançar os shows temáticos num projeto de incentivo à cultura, seja ele municipal, estadual ou federal. E é também nossa vontade investir em shows diferentes, como Noite Italiana, Noite de Clássicos para outros ambientes, por exemplo, um navio, porque são shows específicos que ninguém mais faz. Shows bailes, embora todos nós venhamos de bandas-baile, esse não é o nosso propósito. O baile foge muito do nosso projeto, embora tenhamos um repertório eclético.
ET - (Pergunta exclusiva para as mulheres da banda) Dizem que é a mulher que põem ordem na casa... Já foi preciso de vocês intervirem, assim: Como é que faz para administrar esse 'bando' de homens quando a coisa ferve?
Camila - Somos três à frente do grupo, mas tudo é muito compartilhado, então não me vejo sozinha. Mas, eles são tranquilos, nunca tivemos momentos de dar o grito. Às vezes, vem uma conversa paralela e aí a gente chama para o foco. Mas isso faz parte... De vez em quando, sai uma piada até minha ou seja, eu entro muito na onda deles, mas no limite.
Rogério - Jonas falou uma coisa que é muito importante, o que a gente mais preza além do sentido musical é a boa energia, a amizade, a convivência que vai além do profissional e do musical, acredito que isso move muito essa harmonia, embora sejamos profissionais.
ET - Cada um é exclusivo no instrumento, por exemplo, se um quebrar um dedo o outro substitui?
Todos – Continua tocando (riso geral).
Guilherme - Já houve dois casos de fraturas no grupo, o Tim uma vez quebrou o punho e eu quebrei a mão, mas nas duas situações continuamos tocando. Porém, quando há algum imprevisto, um caso de doença, nós temos alguns amigos de confiança que substituem. Quanto a ser exclusivos naquele instrumento, na banda é assim, embora toquemos outros. Por exemplo, eu toco acordeom, mas um músico não assume o instrumento do outro.
Rogério - Eu, por exemplo, toco também teclado, mas a questão é manter o padrão de qualidade e nunca dá para substituir, porque o nível de tocabilidade de cada um é muito avançado, são anos de experiência naquele instrumento
ET - Vivemos um tempo de MCs, funk, rap, sertanejo universitário que têm um espaço muito grande na mídia. E o estilo de vocês, encontra esse espaço?
Guilherme - Muito pequeno o tempo que nos é dado. As mídias não dão tantas oportunidades para essas músicas mais ricas, mais elaboradas. Mas acho que esse é o nosso papel, a gente que conhece tem que levar essa música por onde vamos. Eu, na Escola Eurípedes Barsanulfo, no ano passado, trabalhei Milton Nascimento, Beto Guedes e é bonito a gente ver as crianças cantarolando essas canções, quer dizer, quem tem a oportunidade de conhecer se apaixona, aquilo que a gente conhece a gente valoriza.
Mariana - Eu acredito que a mídia não restrinja, acredito que com um bom projeto, talvez até consiga um espaço, acho que os músicos têm que oferecer o seu trabalho. Esses estilos citados são oferecidos em alta escala e o público a consome em alta escola, então, um projeto nosso, oferecido para mídias diversas pode ser que consiga atingir.
Rogério - Para a mídia vale o mercado. São diversas variáveis que compõem o cenário, uma delas é a situação cultural, educacional do nosso país. E não falo só da música, mas da literatura, a arte em si, não é valorizada. E o mercado se abre para aquilo que está girando, aquilo que está em alta para o público, só que no meio sertanejo tem muita coisa boa, tocamos e cantamos sertanejo. No funk, no rap temos boas letras, isto é, em todos os estilos temos o que é bom e o que é ruim, mas nem sempre aquilo que o povo elege como o melhor de fato o é.
ET - A lei federal nº 11769/2008, tornou obrigatório o ensino de música nas escolas, ela passaria a ser um componente curricular. As escolas, por sua vez, teriam três anos de prazo (até 2011) para implantar o ensino musical, mas o que se vê é que a lei não saiu do papel, principalmente, na rede pública. Na opinião de vocês, essa música na escola é necessária nos dias atuais?
Fernando - Sem dúvida. Saiu a lei, só que essa matéria, música, pode ser ministrada por qualquer professor, um professor de matemática, por exemplo, que saiba tocar violão pode ser o professor de música dentro de sua carga horária. A lei existe, mas o professor não é músico.
Guilherme - E o problema não é só esse, quando se aprova uma lei, tem que criar toda uma estrutura para que ela funcione, pelo menos mínima: instrumentos, material didático, local específico...
Rogério - A música, sem dúvida nenhuma, seria um dos pilares de formação, um fator disciplinante, que poderia evitar muitos problemas de drogas, violência. Já vimos resultados disso. Mesmo que o aluno não se torne um músico profissional, ele está se construindo, aprendendo a ser uma pessoa melhor, mais sensível, equilibrada e isso além de ajudá-la a valorizar a arte, ajuda a lutar contra os seus problemas de ordem pessoal, familiar. Quer dizer, a arte, de modo geral, mas a música, principalmente tem o poder de mexer com o íntimo, de emocionar, sensibilizar as pessoas.
ET - Até que ponto a alta tecnologia é benéfica para a música?
Mariana - Ela tem sido muito benéfica. É a evolução. Quando a gente pensa que um instrumento é uma coisa mecânica e que agora a gente tem processo digital para produzir som, ela só tem contribuído. O Vicente Celestino cantou sem microfone, quer dizer, a gente começa fazendo música com o próprio corpo e vai expandido. Hoje a gente faz música pensando. A gente pensa, vai no computador aperta um botão e pronto...
Rogério - Na universidade a gente pega gravações antiquíssimas, discos de cerâmica, de baixíssima qualidade que mal dá para distinguir os instrumentos e, graças à alta tecnologia elas são decodificadas. Considerando esse todo, ela foi muito benéfica.
Quem é quem no Viena Musical
Os integrantes do Viena Musical têm algumas coisas em comum, tais como: são todos formados pela Universidade Federal de Uberlândia; são todos mineiros e têm mais ou menos a mesma idade. A diferença é que, cada um é único no grupo, ou seja, é especialista num instrumento. Ah, apenas dois são casados, Rogério Soares e Camila Araújo, que as duas belas vozes do grupo, com uma versatilidade a todo prova e, Tim Fernandes, que já deu uma sobrinha para o grupo.
No dia a dia cada um tem suas atividades, mas passam no mínimo de 12 a 15 horas juntos por semana, dependendo da demanda de eventos e, essa presença é o que garante a harmonia e o respeito entre si para o bem da arte.
Tim Fernandes (Elton Batista Fernandes) 34 nasceu em Uberlândia, mas foi criado em Nova Ponte e, voltou à terra natal para os estudos de música e lá fincou pé. Tim é saxofonista e flautista.
Fernando Rodovalho (Luiz Fernando Rodovalho) 28, natural de Uberlândia, professor da rede estadual, se define 'solteiraço'. É trompetista.
Rogério Soares 30, natural de Uberlândia, formado em música e canto pela UFU. É casado há pouco mais de um ano com a vocalista do grupo, Camila Araújo.
Guilherme Kassabian de Paiva 29, sacramentano, é músico desde os 12 anos, pianista e acordeonista. É solteiro, “por enquanto”, afirma.
Jonas de Souza 24, natural de Uberlândia, violinista formado pela UFU é o caçula do grupo.
Mariana Parreira, uberlandense percussionista do grupo, ainda cursando a UFU, especializando-se em percussão, expert em culinária e confeitaria. Solteiríssima, sem declinar a idade.
Camila Araujo, (Camila Alves Araújo), formada em canto pela UFU, onde graduou-se também em Psicologia.
E foi esse septeto que recebeu o ET na aconchegante Chácara Figueira, de Arinaldo e Solange Paiva, pais de Guilhereme, na tarde do sábado para uma descontraída entrevista.