O sacramentano Maurílio Chaves (25) subiu no segundo lugar do pódio na 13ª Maratona dos Canaviais, de Ribeirão Preto (SP), na categoria sub 30, após fazer o percurso de 50 km em 2h39:07. “Uma alegria muito grande participar pela primeira vez da maratona e conquistar o segundo lugar na categoria. Agora é treinar para o próximo ano”.
De Sacramento também a participação do ciclista Thiago Vieira Jerônimo (27) que foi mais longe, na categoria expert sub 29, mas com um percurso de 100k.
Thiago não esteve no pódio, terminou a maratona na 22ª posição, com 4h52:42, mas para ele é a realização. “A satisfação de poder concluir uma prova é algo indescritível. Para mim foi uma vitória pessoal”.
A Maratona dos Canaviais, conforme o nome indica é realizada nos corredores dos canaviais, em meio a caminhões de cana, tratores e veículos de suporte.
A 13ª Maratona dos Canaviais realizada no domingo (26), reuniu cerca 500 ciclistas de todo o país, distribuídos em 27 categorias ou qualidade técnica em três percursos distintos: 30km para estreantes, distribuídos em três categorias Sub 30; Over 30 e feminino. No percurso de 50 km, as categorias sub 20, 25, 30, 35, 40, 45, 50 e 55; over, feminino, dupla mista e dupla masculina. E, na prova de 100 km, as categorias: elite Masculina, elite feminina, júnior, expert, master A, B, C,D, E, F, duplas masculinas e trio masculino ou misto.
A premiação para a maioria dos participantes consiste em troféu e medalhas. Há também a premiação em dinheiro e brindes, mas somente para a categoria de elite que são os ciclistas profissionais ou federados, isto é, que fazem parte do ranking nacional.
Para Maurílio Chave e Thiago Vieira Jerônimo servem bem as palavras de Miguel de Cervantes “Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos é o começo da realidade.” Isto porque os dois têm muito em comum. Ambos trabalham no Laticínios Scala, Maurílio, Eletricista de Manutenção e Thiago, Operador de Produção e, a paixão por ciclismo. Os dois possuem Mountain Bikes, aro 29 e treinam sempre juntos.
Em dupla, os dois conquistaram o terceiro lugar no 14º Desafio Morro da Onça, em Araxá, no dia 31/05, que teve também a participação de outros sacramentanos, inclusive com o primeiro lugar de Tallis Pansani na sua categoria.
“Uma prova dura, muito técnica, estradas complicadas, no meio do canavial”
De acordo com Maurílio Chaves, de Sacramento, apenas ele e Thiago participaram da maratona em Ribeirão Preto. “A Maratona dos Canaviais é famosa, sempre tive vontade de participar e este ano achei que estava preparado encarei. A maratona é uma prova dura, muito técnica, puxada, estradas complicadas, no meio do canavial. Muita pedra, muita areia, muitos tombos, imprevistos, muitas descidas rápidas, que exigem muita técnica. Mas fiz uma boa prova boa, porém no final, já faltando 15 km, como havia muito movimento na estrada, as marcas da cal na terra desapareceram e eu que não conhecia o trajeto, errei o caminho. Mas em questão de dez minutos voltei ao trajeto, retomei o pedal com mais força e fiquei surpreso ao ver que havia chegado em segundo lugar. Foi uma felicidade, porque foi a primeira participação e isso conta como experiência para as próximas”, relata.
Maurílio usa uma Mountain Bike TSW aro 29, uma bicicleta intermediária, própria para eventos como a Maratona. “É uma bike de nível intermediário, ideal para circuitos difíceis como a Maratona dos Canaviais, o Desafio Moro da Onça e outros”. Com 1,83m, 65 quilos, Maurílio é o que se pode chamar de uma pessoa magra e explica que isso ajuda muito, principalmente nas subidas. “Na prova em Ribeirão Preto havia muitas subidas bem puxadas e, em sendo mais leve isso ajudo. Acredito que muito do que foi conquistado, consegui nas subidas, meu rendimento é melhor”.
“A satisfação de poder concluir uma prova é algo indescritível”
Thiago Vieira Jerônimo (27), ainda com as marcas da maratona no rosto e braços, em entrevista se diz realizado. “Maurílio eu pedalamos juntos há bastante tempo e, com outros amigos ciclistas começamos a participar de competições menores aqui mais perto, decidimos competir em dupla em Araxá e conquistamos o terceiro lugar no Desafio no Morro da Onça e aí vimos que poderíamos participar da Maratona dos Canaviais, que era um sonho. É uma competição grande, quase quinhentos ciclistas e é uma ventura, porque é uma das competições mais longas que tem no Brasil”.
Thiago, que optou pelos 100 km, categoria Expert 25 a 29 anos, relata que seguia bem na prova junto no grupo, mas, “no Km 49 levei um tombo. Logo que fizemos uma curva, nos demos com uma curva de nível, rampei a curva de nível, bati muito forte no chão, o guidão quebrou e eu caí. Na hora fiquei meio zonzo, levantei... Eu poderia ter parado, porque há muita gente dando socorro, a pé e de carro, mas decidi ir em frente, porque eu estava bem na prova. Continuei em ritmo forte, pra pegar o grupo, mas depois de uns 20 km, tive de diminuír o ritmo pra poder chegar. Como quebrou o guidão, eu só usava o pedal, não tinha o envolvimento do resto do corpo, pela falta do guidão, fazia força só com as pernas, aí não aguentei.”
Desistir? Jamais! “Segui até o fim. Foram mais de 4 horas de pedal e cheguei com guidão quebrado, todo ralado, em 22º lugar na categoria. Não fui o último e, a satisfação de poder concluir uma prova é algo indescritível. Para mim foi uma vitória pessoal, por ser uma quilometragem muito alta e eu ter conseguido chegar”.
Para Thiago, filho de José Antônio Jerônimo (Preguiça) e da Rosangela enfermeira, vale a pena dos riscos. “A Maratona dos Canaviais tem de tudo, caminhões, tratores, poeira e cana. Os caminhões param encostam, a gente passa. Um poeirão que tira até a visão e todo mundo pedalando muito forte. E, vi muito tombo, inclusive o meu. Muita gente com cãibra sendo socorrida, mas vale a pena participar”.
Thiago destaca a estrutura e aparato do evento. “Muito bem organizado, ambulâncias, médicos, enfermeiras, massagistas, uma equipe muito grande no suporte e tudo isso na estrada e no ponto de chegada”
Para participarem da Maratona, Maurílio e Thiago seguiram de madrugada de carro para Ribeirão Preto e o segredo do sucesso começa ainda em casa no descanso e na alimentação. “Uma boa noite de sono, alimentação balanceada e leve: carne de frango, cereal, carboidratos de modo geral e líquidos. E para a prova, levamos a água e suplemento que é o carboidrato pronto é só misturar na água e pronto, mas levamos também batata doce cozida e barras de cereal, agente tem que ir repondo as perdas ao longo do percurso”.
A paixão pelo esporte
Maurílio, Thiago e vários outros ciclistas da cidade, pedalam, realizam treinos no mínimo quatro a cinco vezes por semana, fazendo entre 30km a 50 km por dia e, na véspera de provas, os treinamentos são intensificados e direcionados para a prova.
De acordo com os atletas, o município de Sacramento oferece muitas opções de percursos para todo tipo de prova”, elogiam, mas fazem uma crítica pela falta de acostamento, estradas muito estreitas. “A Mountain Bike é para estrada de terra, mas muitas vezes temos que pegar trechos de asfalto, aí os motoristas não respeitam e mesmo na zona rural, há trechos com estradas muito estreitas e é arriscado, porque os veículos passam muito próximos”, destaca Maurílio e Thiago completa: «é arriscado, o que nos move é a paixão pelo esporte». Sacramento conta hoje com mais de 30 mais amantes do pedal que treinam regularmente e participam de provas na região.