A noite de lançamentos dos livros “Contos de um caminhante, memórias do missionário andarilho” e “Direitos Humanos e Promoção Social”, do Prof. Gil Barreto Ribeiro, mais conhecido entre nós como Pe. Gil, foi única. Uma noite de encontros e reencontros com ex-colegas do magistério do tempo em que, então sacerdote Redentorista, lecionava na EE Cel. José Afonso de Almeida e convivia com os também professores, Geraldo de Abreu leite, José Alberto Bernardes Borges, Elvani Oliveira Pavanelli, Walmor Júlio Silva... e que marcaram presença no lançamento das obras e tantos outros convidados, além de ex-alunos de Pe. Gil, formando todos um seleto público.
É bom salientar, que na época, Pe. Gil, Dr. Geraldo e os professores José Alberto e Elvani eram os representantes de três dos mais importantes poderes na cidade: Pe. Gil Barreto foi o vigário da paróquia por sete anos; Geraldo de Abreu, Juiz de Direito da Comarca, também por sete anos, e José Alberto Bernardes Borges e Elvani Pavanelli, respectivamente, prefeito e vice-prefeito.
O Instituto Madiba coordenou a noite cultural e de lançamento através de sua presidenta, Marize Rezende Cerchi, professores e alunos da instituição que abriram o evento com o Coral Madiba, sob a regência da pianista, Cláudia Cruvinel, prosseguindo com a apresentação das obras pelos professores, Maria Elena de Jesus e Walmor Júlio.
“Sacramento faz parte de mim”
Para 'Pe. Gil', como é conhecido em Sacramento, que esteve acompanhado da esposa Alda Ribeiro, companheira de todas as horas há 31 anos; da filha Larissa, o genro Luiz, o momento foi de alegria e de emoção refletida na suas palavras.
“- Eu não poderia deixar de vir aqui lançar estes livros, porque aqui foi a minha primeira escola de vida. Fui para o seminário com nove anos, saí com 26. Eu não tive convivência social, estava sempre dentro do seminário. Completei 27 anos em Sacramento, que foi a primeira comunidade que me acolheu para um convívio social e religioso.
Aliás, pra falar a verdade, eu não queria vir pra Sacramento. Sonhava ir para Aparecida e, de repente, o provincial me manda pra cá. Eu, muito novo, sem experiência nenhuma, no início fiquei até meio decepcionado. Sacramento? Onde é essa cidade, meu Deus? Em 1968, quando cheguei, encontrei um carroceiro que me levou da rodoviária até o seminário, onde é hoje a Casa do Menor Rosa da Matta. Esse foi o táxi que peguei e aqui permaneci sete anos...
Tive a felicidade de ser o primeiro vigário redentorista depois do Mons. Saul e aqui aprendi e soube conviver em sociedade. Faz 41 anos que saí de Sacramento e parece que foi ontem. E hoje Sacramento faz parte de mim. Quando completei 70 anos, em 2012, vim celebrar em Sacramento. Sempre tive o carinho de todos vocês e lançar esses livros o faço com todo o amor que tenho por vocês e por toda Sacramento”.
Na dedicatória, Pe. Gil escreveu: “Dedico este livro a você que acredita numa sociedade mais justa e igualitária, numa educação que forma a pessoa para a vida comunitária e também quer ser um cristão missionário”.
Pe. Gil completa destacando algo mais de alegria naquela noite. “E, para completar ainda mais minha alegria, tive a felicidade de me encontrar com Dr. Geraldo, graças ao carinho de José Loyola que o trouxe aqui esta noite”. Emocionado, dirigindo-se a Dr. Geraldo, afirmou: “Recordo com muito carinho de sua saudosa esposa, Tereza, do nascimento dos gêmeos, que foram batizados por mim e hoje posso revê-los”, disse, finalizando com os olhos em lágrimas: “De Sacramento, não quero citar nomes, para não esquecer de ninguém, o meu muito obrigado pelo carinho de sempre”.
Ao encerrar, a presidenta do Instituto citou uma frase do patrono da casa, Nelson Mandela, conhecido na África como Madiba, que quer dizer, Paizinho: “Sonho com o dia em que todos se levantarão e e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos”.
“Temos que usar os dons que Deus nos deu...
José Alberto Bernardes Borges, saudando o autor, lembrou o tempo em que os três representantes dos poderes trabalharam na cidade, como um tempo de muitas transformações. Lembrando Madre Tereza de Calcutá, citou:
“- 'Sei que o que eu faço é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano seria menor'. E, nós, na vida devemos compartilhar, colocar a mão na massa para que o mundo seja melhorado em nós. Suas obras se resumem nisso: Temos que usar os dons que Deus nos deu para melhorar a vida humana”.
O carinho da comunidade redentoristas
O escritor Amir Salomão Jacob foi o portador de uma mensagem do padre redentorista
Alberto Pasquoto (foto), contemporâneo de Gil no seminário e nas lides religiosas. Impossibilitado de comparecer, Amir enviou a mensagem que foi lida e entregue a Pe. Gil.
“- Parabéns pelo seu trabalho! É uma verdadeira evangelização, uma boa notícia que continua a missão de Jesus. Gil, como gostaria de estar aí com você e com amigos e amigas suas e minhas. Obrigado especial pela divulgação do trabalho missionário redentorista de Pe. Azevedo. Linda e edificante homenagem do nosso confrade. Deus seja louvado pelo seu esforço, paciência e perseverança, pois mesmo na limitação dos movimentos físicos, você é ágil na atuação do bem e da missão, como Aquele que estava preso na cruz e salvou a nós todos pela doação de sua vida, cheio de amor e de misericórdia. A árvore de sua cruz, caro Gil, também dá muitos frutos...”
Juiz Geraldo de Abreu Leite:
‘Gil é meu irmão desde 1970'
O Desembargador aposentado, Geraldo de Abreu Leite, recorda que viveu em Sacramento durante sete anos, entre 24 junho de 1971a 24 de abril de 1977. “Aqui nasceram Renato e Tomaz, aqui eles foram batizados pelo Gil, por isso a emoção de todos nós. E, é uma alegria cada vez que voltamos aqui. A mensagem que deixo a todos é dentro do contexto dos livros de Gil: nosso país vive um momento de doença, está gravemente enfermo, com tanta coisa fora do lugar, mas não é momento de esquecê-lo. É no momento em que a pátria está doente é que devemos amá-la mais, servi-la mais com nossa vida, com a gota d'água de que falou madre Tereza. Cada coisa boa que fizermos, vamos ajudar essa pátria ficar tão boa como Sacramento, que é um pedaço de mim, de meus filhos”, elogiou.
Falando de Gil, destacou. “Gil é meu irmão desde 1970, quando aqui cheguei e nos tornamos grandes amigos. Tínhamos um encontro em casa toda quinta-feira para um lanche, era meu confidente, de me puxar orelha. Ele chegava em casa e dizia: 'Seus filhos são muito educados, estou achando que o pai virou juiz dentro de casa'. Ele me ensinou muito, até a ser pai. Criamos um laço de amizade muito grande e isso a gente tem que preservar”.
Dr. Geraldo é aposentado desde 2003, reside numa chácara em Pará de Minas, sua terra natal. “Levo a vida que pedi a Deus, no meio de pessoas simples, um lugar muito humilde e como eu gosto. Estou aprendendo muito com os vizinhos, que têm feito meus dias cada vez melhores”.