A dona de casa e ministra da Eucarístia, Dorcelina Cintra Carvalho 72 e seu marido, Joaquim Carvalho de Oliveira Júnior 76 foram barbaramente assassinados na fazenda Cocal, de sua propriedade, no município de Conquista, provavelmente, entre 10 e 11 horas da manhã da última sexta-feira 22. No dia seguinte, o autor dos crimes, Nildo Carvalho de Oliveira, irmão de Joaquim, já tinha sido preso em flagrante pelas equipes da Polícia Civil de Conquista e Sacramento, comandada pelo delegado Tiago Cruz Ferreira.
Os corpos foram encontrados no final da tarde pelo filho do casal, Orlimar Carvalho de Almeida 49 que, preocupado com a demora dos pais em retornar da fazenda, para onde, diariamente, se dirigiam, por volta das 6h da manhã, seguiu de motocicleta até a propriedade, onde deparou com os pais mortos. Retornando à cidade, informou o ocorrido à PM, que compareceu ao local e acionou a polícia técnica de Araxá. Após os trabalhos de praxe no local, encaminhou os corpos para o IML de Araxá.
Na ausência do perito titular, a auxiliar de necropsia realizou um primeiro trabalho, ainda de madrugada, mas por precaução, não liberou os corpos, aguardando a chegada do titular que procedeu a uma necropsia mais detalhada, no período da tarde. Os corpos só foram liberados no sábado por volta das 14h.
Até a chegada dos corpos no Velório Maurício Bonatti, o diz-que-diz foi grande na cidade, com pessoas dando detalhes sobre o estado das vítimas e especulações diversas. Na manhã do sábado 23, Willian Tardelli, que acompanhou os peritos à fazenda para a remoção dos corpos, demonstrando respeito à dor dos familiares e amigos não entrou em pormenores sobre o estado dos corpos, limitando-se a comunicar em nota a necessidade de uma necropsia mais detalhada e pediu respeito.
“- Estou acompanhando este lamentável fato, e gostaria de pedir aos entendidos e detetives de plantão que respeitem a dor dos familiares, não se sabe ainda os motivos da morte do casal e qualquer afirmação ou suposição, com certeza, irá causar mais sofrimento à família (...).
O resultado da necropsia revoltou a todos. Conforme informações de Tardelli, Dona Dorcelina foi morta com cinco disparos de arma de fogo, que atingiram o peito, costas e braço, sendo que três projéteis ficaram alojados no corpo. Seu Joaquim foi morto com um único projétil, que atingiu o peito, onde ficou alojado. A arma utilizada foi um revólver calibre .32.
Os corpos foram velados em urna lacrada, por centenas e centenas de pessoas, conhecidos e amigos, em clima de imensa tristeza, e sepultados às 19h no Cemitério S. Francisco de Assis. Joaquim e Dorcelina, deixam seis filhos, dos sete que tiveram: Homilton (Adelícia), Marley (Evaldo, falecida), Belchior, Olimar, João (Yalíta), Cláudio (Roma) e Orlinda (Rogério), 10 netos e quatro bisnetos.
Preocupação leva filho a encontrar os corpos
Olimar Carvalho de Almeida 49 recebeu o ET na manhã da terça-feira 26 e relatou que não viu os pais saírem de manhãzinha. “Todos nós nascemos no Cocal e depois que nos mudamos para a cidade, todos os dias eles iam lá tirar leite e cuidar das criações. Saíam por volta das 6h da manhã e sempre retornavam para o almoço, em torno das 12h. Quando tinham um trabalho a mais para fazer, demoravam um pouco mais e, às vezes, dormiam lá, mas sempre avisavam os filhos”, conta.
Prosseguindo, lembra o filho, que seu irmão, Belchior, informou que naquele dia os pais iriam arrumar uma cerca, por isso não se preocuparam. “Como o Belchior falou que eles iriam arrumar uma cerca, fiquei esperando. Como não chegavam, me preocupei demais, peguei a moto e fui atrás, pensando que talvez a caminhonete tivesse estragado. Quando cheguei, já me deparei com os dois, primeiro a mamãe, num pastinho e depois achei o papai beirando o curral... Não pus a mão; e na hora pensei na polícia. Larguei a moto, peguei a caminhonete e voltei doido pra cidade. Nem me lembrei do celular que estava no bolso, vim parar aqui na cidade. E voltei pra fazenda com a polícia, e enquanto não os tiraram de lá, fiquei firme...”
De acordo com Olimar, o gado estava fechado no curral, mas, já havia sido ordenhado. “O leite estava dentro de casa. Mamãe gostava de cozinhar feijão lá no fogão de lenha e já estava também cozido, e dentro do carro. As outras coisas já estavam arrumadas pra trazer. Acredito que eles já estavam vindo embora. Acredito até que papai estava indo levar sal pra um gadinho de lá do córrego...”, recorda o filho, ainda muito abalado.
Para Olimar, a dor e a revolta são grandes. E fala com carinho dos pais. “Mamãe vai fazer falta, não é só para a família. Ela participava de tudo aqui no Alto da Santa Cruz. Ajudava muito as pessoas, preocupava-se com as crianças. Era uma líder aqui no bairro’’, afirma o filho.
Aproveitando sua popularidade e sua vontade de trabalhar em prol do bairro, Orlinda foi candidata a vereadora pelo PT, mas não se elgeu.
Olimar lembra também o carinho recíproco do casal, tanto no trabalho como nas folias de reis, que Joaquim participava com sua sanfona. “Papai e mamãe estavam sempre juntos. Ele era sanfoneiro e tocava nas Folias de Reis, sempre que saía uma folia, ele estava junto. Gostava muito de tocar. Era muito trabalhador...”
Sobre o envolvimento do tio nas mortes, Olimar revela que os dois não se davam bem, porém sem dar detalhes.
Jamais pensei que ele fosse capaz de um ato desses...
Orlinda Aparecida de Oliveira, filha caçula de Joaquim e Dorcelina, foi a última dos filhos a saber da morte dos pais. Em nenhum momento quis ver os pais mortos e só soube terem sido assassinados na hora do velório. “Eu estava no salão, meu irmão Olimar ligou por volta das 5h, falando que estava preocupado com papai e mamãe, que ainda não haviam chegado e, por isso, iria à fazenda para ver o que estava acontecendo”, narra.
Orlinda continuou seu trabalho no salão, ainda com alguns clientes para atender. “Eram quase 18h quando alguém ligou pro meu marido, Rogério, que entrou no salão, pegou a chave do carro e saiu, dizendo que iria dar um socorro para o patrão dele. E saiu apavorado. Como estou acostumada com esse temperamento agitado dele, continuei com meu trabalho, ainda sem desconfiar de nada, até que meu sobrinho ligou, perguntando se estava tudo bem”, conta mais.
“Por volta das 18h30 - prossegue a filha - minha cunhada ligou, pedindo pra ir pra casa dela... Daí a pouco, meu irmão Belchior ligou dizendo que o Olimar não havia chegado, nem ligado... Aí comecei a ficar preocupada com tantos telefonemas seguidos, chegando a comentar com os três clientes, mas segui trabalhando. Quando o Rogério chegou, por volta das 19h30, fiquei sabendo de tudo. Aí, a gente perde o chão, mas eles não me deixaram ir lá”.
Sobre o bárbaro ato praticado pelo tio, Orlinda diz que, em nenhum momento suspeitou. “Meus irmãos, todos, desde o primeiro momento, suspeitaram dele. Eu, em nenhum momento pensei isso. Eu sabia do problema deles, mas nunca pensei que ele fosse capaz de uma coisa dessas. Mas uma coisa é certa, ele nunca aceitou a partilha das terras, sempre fazia ameaças e mamãe defendia papai, entrava sempre para apaziguar as discussões deles...”.
Sobre o fato de Joaquim machucar deliberadamente o gado do irmão, conforme denúncia de Nildo, a filha não acredita nesses atos de violência contra os animais. “Não tenho dúvidas quanto a esses fatos, papai não fazia isso. Inclusive eu fui com papai na Delegacia em Conquista por causa disso.
Ele chegou até a colocar conhecidos em 'fria' por causa desses fatos. Uma vez, ele chamou V. pra ir à Delegacia com ele. Na sua queixa ao Delegado, ele afirmou que V. teria visto o ataque. V, claro, negou, respondendo: 'Você me quer me colocar em 'fria', me chamou aqui pra testemunhar uma coisa que não vi'. Na minha cabeça, ou ele imaginava isso ou fazia ele mesmo essas maldades para incriminar papai. Não sei porque, mas ele sempre foi insatisfeito com a parte que tocou para o papai e acredito que a situação piorou depois que papai comprou a parte da minha tia”, conta.
Orlinda não sabe ainda se o coração está preparado para o perdão. “É muito confuso, mas eu tenho dó por ele não ter Deus no coração, por ele carregar esse ódio, esse rancor por tantos anos. E de pessoas assim a gente tem é dó”, pondera, com os olhos marejados.
Agora ficam as boas lembranças. “Mamãe era líder nata, sempre disposta a ajudar, gostava de ajudar e participar de tudo. Na igreja, era Ministra da Eucaristia, participava da política, chegou a se candidatar, tinha um programa na rádio, falando pela Associação do Bairro. Toda vida ela foi assim. Morávamos na roça, a gente saia longe rezando nas casas e ela puxando os terços, fosse em festas ou velórios. Mamãe era uma guerreira, uma grande mulher, muito querida e respeitada por todos”, diz lembrando da mãe.
Sobre Joaquim, a filha Orlinda também não poupa elogios. “Papai era mais calado, mas muito amoroso, gostava de estar com as pessoas e adorava sanfona, nas folias de Reis e em casa. Lá na roça, a gente, ainda criança, ele ficava no pé do rádio, escutando, tocando cantando. Quando abri o salão (Tok Especial), em casa, no Paulo Cervato II, os clientes diziam que havia até música ao vivo, porque estávamos no salão ouvindo-o tocar na sala, no quarto. A música, a sanfona eram o lazer dele”, finaliza, ainda muito emocionada.
Operação prende Nildo em sua fazenda
O delegado de Polícia Civil de Conquista, Tiago Cruz Ferreira, comandou a operação de prisão do autor, juntamente com os investigadores de Sacramento e Conquista, Diego André Souza Lemos, Eduardo Vaz Marques, Raphael Florentino Fonseca Rodrigues, dos escrivães Pedro Henrique, Roberto Jardim e os estagiários Luciano Staff e Luana Borges, além do funcionário da Depol local, Rogério Ribeiro, cumpriram o mandado de prisão na residência de Nildo, na fazenda Cocal. Nildo está preso em Conquista. Na tarde da terça-feira 26, o delegado reuniu a imprensa para uma coletiva e apresentação de Nildo. Quando já encerrada a entrevista, o delegado Tiago comentou entre os presentes o momento em que Nildo resolveu confessar os crimes. “Depois de quase duas horas de conversa com Nildo, já quase cientes de sua autoria, diante de tudo que fomos montando, ele disse: 'Vocês são terríveis. Senta aqui, que eu vou contar tudo'”.
Durante a coletiva de imprensa na sede da Delegacia de Polícia de Conquista, o delegado Tiago Cruz resumiu os acontecimentos e respondeu a várias perguntas dos jornalistas.
Veja o resumo:
Imprensa - Como chegaram tão rápido ao autor?
Delegado Tiago Cruz - Para chegar a essa solução tão rápida, as delegacias de Conquista e Sacramento pararam. Todos os investigadores e servidores ficaram por conta desse crime e já na parte da manhã veio a suspeita do irmão de Joaquim, o Sr. Onildo. E, então, representamos pela sua prisão e mandado de busca. Cerca de 40 minutos já estava pronto o mandado de busca e prisão, que agilizou o processo de investigação
Onde encontraram Nildo?
Delegado - Ele estava em sua casa, na fazenda. Logo que tivemos notícia do homicídio, na segunda-feira 25 começamos a apuração, e veio a suspeita do irmão da vítima, Joaquim, que tinham uma rixa antiga por conta de herança familiar, com seu irmão, Nildo. De imediato, representamos pela prisão temporária dele e requeremos o mandado de prisão de busca e apreensão, no seu sítio, que fica na divisa com o irmão. Montamos uma operação com toda a equipe, porém não encontramos nada na casa, mas depois de muita conversa com o autor, por fim ele resolveu confessar, indicando onde estaria escondida a arma de fogo, numa mata fechada a cerca de dois quilômetros da sede da fazenda.
Que motivação levou Nildo a matar o irmão e sua esposa, Dorcelina?
Delegado - Há cerca de 40 anos, os irmãos Joaquim e Nildo não se davam bem, com brigas frequentes. Essas brigas iniciaram com a partilha dos bens. Temos notícias de que o autor queria um pedaço de terra que coube ao irmão, daí iniciaram as brigas. Nildo alegou que seu irmão, Joaquim, sempre feria suas vacas, trazendo prejuízo para ele. No dia do crime, ele diz que foi ao local porque queria resolver essa situação. Ele disse que foi armado e que quando foi conversar, o irmão pegou um pedaço de madeira para ataca-lo. Foi quando ele desferiu um disparo.
Por que ele matou a esposa de Joaquim?
Delegado - Ele conta o seguinte: como a esposa apareceu, ele atirou nela também, com medo de ela contar para a polícia. E ele disse, ainda, que, no momento ficou muito nervoso e nem contou quantos tiros deu na vítima.
Há alguma suspeita de que o autor, por conta de sua idade avançada, estaria acobertando alguém?
Delegado - Apesar de Nildo ter 72 anos, está forte, caminha tranquilamente, nos levou até onde estava a arma, um local de difícil acesso, o que denota que ele tem um estado físico bom e que tem plena condição de fazer o que fez.
Em algum momento ele se mostrou arrependido?
Delegado - Pudemos notar, já na Delegacia, por volta das 23h, durante o depoimento, ele demonstrou um pouco de arrependimento. Ele falou no depoimento que, depois de matá-los, chegou a chorar, porque não queria ter matado a esposa do irmão. Entendemos que ele se arrependeu mais por ter matado a cunhada que o próprio irmão. No depoimento, ele diz ainda que não foi ao local para matar, mas para conversar. O pedaço de pau que ele alega que o irmão teria pego, isso e outros fatos, o laudo do local é que vai apontar.
Ele compareceu ao velório do irmão e da cunhada?
Delegado - Não, ele disse também que não foi ao velório e ao sepultamento, alegando que teve notícia de que um dos filhos das vítimas, suspeitava dele, e teria comentado que não o queria no velório.
O Sr. acredita que o crime tenha sido premeditado?
Delegado - Ainda não posso afirmar isso. Mas existem elementos que indicam que foi premeditado. Ele demonstrou ter um rancor muito grande pelo irmão. Temos notícias de que ele já o havia ameaçado de morte. Outro fato é que ele usou luvas, segundo ele, usadas para trabalhar na roça. Portanto, há grandes indícios de que ele foi lá para matar.
Nildo agiu sozinho ou teve ajuda de alguém?
Delegado - Ele disse que agiu sozinho, disparou contra os dois e, imediatamente, saiu do local e foi guardar a arma. Primeiro, ele a escondeu no telhado da casa, depois por receio de a polícia ir ao local, guardou-a numa mata e disse que não comentou com ninguém. Enfim, a conclusão exata, para saber se os crimes foram premeditados ou não, e se tiveram o concurso de terceiros, teremos só com o fim das investigações.
Que atenuantes a lei concede a criminosos longevos como ele, de 72 anos?
Delegado - Por enquanto, nenhum. Ele está tendo o tratamento normal de um preso adulto. Ele está em prisão temporária, mas de acordo com os elementos que já temos, vamos pedir a conversão para prisão preventiva. E aí não tem tempo determinado pra ele ficar preso. Concluído o inquérito, o MP fazendo a denúncia, o juiz é que vai decidir se ele responde em liberdade ou não. Essa questão de atenuante é só com o judiciário. Ele está recolhido na cadeia pública de Conquista, aguardando a decisão da Justiça.
Antes de encerrar a entrevista, o delegado Tiago Cruz Ferreira, agradeceu o trabalho da equipe que participou da operação que culminou na prisão rápida de Onildo, debitando o sucesso do trabalho na agilidade e empenho de todos nas investigações.
“- O caso foi solucionado muito rápido, num dia conseguimos chegar ao autor, pelo empenho de todos da delegacia de Sacramento e temos de fazer agradecimentos a toda equipe, ao delegado regional, Dr. Cesar Felipe pelo apoio, ao Judiciário de Conquista. As investigações prosseguem, recolhendo laudos periciais de necropsia e do local do crime, além de ouvir mais algumas pessoas, para então se encerrar o inquérito e enviá-lo à Justiça”.
Delegado Regional pediu empenho no caso
O delegado regional Cezar Felipe Colombari da Silva, que deu total apoio às investigações, mesmo estando de férias, fala ao ET sobre a “brilhante” atuação das equipes das delegacias de Sacramento e Conquista e do apoio do Judiciário.
“Caros amigos leitores do ET, como sempre afirmei, minha vinda para Araxá sempre teve como maior motivação o fato de voltar a poder auxiliar com a segurança pública da minha querida Sacramento, e de Conquista, cidade da minha primeira lotação. Neste lamentável episódio, não poderia ser diferente todo o empenho empregado por parte da nossa unidade, desde o momento da obtenção de notícias do ocorrido, mesmo estando de férias. A determinação desta Regional foi clara e cumprida com maestria pelo Dr Tiago (que também está substituindo o Dr Rafael) e pelas equipes de policiais civis de Conquista e Sacramento: apurar o caso com a maior brevidade possível, para que o morador do campo não ficasse ainda mais aterrorizado e sentindo-se inseguro.
Lamentável foi o resultado da brilhante ação policial, apenas no que toca à surpresa quanto à autoria (parente das vítimas!). Do mais, rendo aqui os meus mais sinceros agradecimentos ao povo sacramentano, por nos ter auxiliado com informações preciosas. Ao Ministério Público, na pessoa do sempre parceiro, Dr. José do Egito e ao Judiciário, na pessoa do Dr. Cícero que, em questão de minutos, confiando no trabalho da PCMG, concederam mandado de prisão e de busca e apreensão, possibilitando a prisão do autor, sua confissão e a apreensão da arma utilizada para a prática do crime. Aos valorosos policiais civis de Conquista e Sacramento, e a todos os demais funcionários administrativos, fica meu sincero reconhecimento como Chefe da Unidade Regional e o meu agradecimento como um preocupado cidadão conquistense e sacramentano. Contem e confiem Sempre na PCMG”.
A Deus, Dorcelina e Joaquim: ficam a tristeza, a saudade, o vazio...
Se difícil é suportar a perda de um ente querido em condições normais, que dirá nas circunstâncias da morte de Dorcelina e Joaquim? A perda para os filhos noras, genros, netos, bisnetos é imensurável e irreparável. E só Deus para acalentar nessa hora. No velório, embora a dor estampada nas faces, lágrimas não havia mais, depois de tantas horas de sofrimento, incertezas e espera... E com certeza, Deus, com sua misericórdia, estava ali, com a sua voz amorosa a confortá-los “Vinde a Mim todos vós que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei”.
A misericórdia divina se estendeu e estenderá sempre sobre os familiares, os vizinhos e todos os moradores do Paulo Cervato II, que perdeu a sua líder, a amiga de todas as horas, sempre prestativa e atenta às necessidades e dificuldades do bairro. Bem como sobre todos os amigos e conhecidos para quem Dorcelina sempre tinha tempo pra um dedo de prosa.
A misericórdia divina se estenderá sobre os foliões de Santos Reis que perderam o seu sanfoneiro Joaquim. Sua sanfona calou cá na terra, mas tocará mais perto do Deus Menino, que ele sempre reverenciou e que agora o recebe com a querida esposa Dorcelina, a companheira de 55 anos, juntos na criação dos filhos, nas lides do dia a dia, na alegria e na dor, na saúde e na doença...
E citamos aqui, as palavras do pároco, Pe. Sérgio Márcio de Oliveira, na mensagem de solidariedade proferida em seu programa na Rádio Sacramento, pela perda do casal de paroquianos. Dentre tantas palavras, lembrando Marcos (10,1-12), confortou o sacerdote: “O que Deus uniu, o homem não separe!” Dorcelina e Joaquim seguiram esses ensinamentos. Deus os uniu e nem a morte foi capaz de separá-los”.