O Major Paulo Constâncio da Silva 70, maestro da Banda Lira do Borá, morreu na noite de sexta-feira 18, após sofrer um infarto durante exercícios numa academia de ginástica, em Uberaba, onde sempre residiu.
De acordo com o filho, Coronel Márcio Constâncio, por telefone ao ET, major Paulo que completaria 71 anos nesta segunda 28, era uma pessoa extremamente ativa. “Ele era muito saudável, tinha bons hábitos, corria, fazia caminhada e frequentava academia, mas fazia tudo dentro do limite de sua idade”, explica, narrando como tudo aconteceu.
“- Na sexta-feira à noite, me ligaram da academia, informando que ele havia passado mal. A personal trainer da academia disse que ele caiu de repente. Logo foi atendido com os primeiros socorros pelos profissionais da academia. Quando cheguei ao local, ele já estava sendo atendido pelo Samu e sendo preparado para ser levado para o Hospital. Assim que ele se recuperou um pouco seguimos para o hospital, ele aparentava estar estável, a respiração e a pulsação normal. Ele deu entrada no hospital com vida, mas apesar dos esforços dos médicos ele não resistiu. No atestado de óbito, a causa foi infarto agudo do miocárdio”, relatou, destacando o susto que foi para todos.
Major Paulo foi velado na Funerária Irmãos Pagliaro e sepultado com honras militares, no sábado, às 18h, após receber várias homenagens do prefeito Bruno Scalon Cordeiro e da Banda lira do Borá, através de seu presidente prof. Walter Rios Júnior, que com o prefeito Bruno estenderam sobre seu corpo a bandeira de Sacramento.
Major Paulo deixa a esposa Maria José, companheira de 50 anos de casados. As bodas de ouro foram comemoradas no mês de fevereiro. Deixa também os filhos Coronel Márcio (Tânia), subtenente Paulo Júnior (Roseli), Marcos Roberto (Rosemary) e Simone (Paulo Acácio) e 11 netos, dois deles policiais militares.
Uma vida dedicada á música
Major Paulo era oficial da reserva da PMMG desde 1995 e, sempre foi músico na Polícia Militar. Por 20 anos foi maestro da banda do 4ºBPM/Uberaba. Foi também maestro da banda do 5º BPM, membro da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e durante 23 anos, lecionou no Conservatório Renato Fratesqui, em Uberaba. Os postos foram sendo galgados graças ao seu esforço, cursos feitos e aprovação em concurso. Chegou à antepenútima patente do oficialato. A paixão de major Paulo era o saxofone, mas tocava todos os instrumentos, inclusive a flauta.
Depois de aposentar-se, entre 1995 a 1999 fundou três bandas de música, a de Conceição das Alagoas, Estrela do Sul e Romaria. Em 2000, com a morte do maestro Edin Neves, foi convidado para vir pra Sacramento, onde trabalhou até a terça-feira 15, quando regeu a banda na casa da Cultura, na Semana Carolina Maria de Jesus.
Major Paulo estaria em Sacramento no sábado em que foi sepultado. Ele viria para ensaiar o hino da EM Profª. Sílvia Vieira, composto por ele e que seria apresentado à comunidade escolar nessa segunda-feira 21. Fica mais esse legado, dentre tantos outros que deixa na cidade, aos músicos da banda, aos jovens aprendizes, que semanalmente se reuniam para as aulas dadas com tanto amor.
Agora, a banda perde um pouco da alegria, do brilho, da musicalidade, do som harmonioso, da sua essência construída por tantos anos juntos – músicos e maestro -, tantos ensaios, tantas apresentações, tantos obstáculos superados para manter essa preciosidade que este aos seus cuidados por 17 anos.
O saxofone-mestre se calou e fez calar uma banda inteira: o bombo, a caixa e os pratos; a tuba, o trombone e o trompete; a trompa de harmonia e o bombardino; o sax soprano, o sax alto, o sax tenor e o sax barítono; o clarin e a requinta. Naquele tarde sábado 19, sob a pálida luz do sol, apenas um som o do clarinete que troava o último adeus ao grande homem e músico que foi Major Paulo. Sacramento perdeu um grande filho.
As homenagens de Sacramento
Sacramento foi representada no velório, pelo prefeito Bruno Scalon Cordeiro, o presidente da banda Lira do Borá, Walter Rios Júnior, acompanhado de todos os integrantes da corporação sacramentana.
O prefeito Bruno Scalon Cordeiro lembrou a outorga da comenda da Ordem de Nossa Senhora do Patrocínio Ssmo. Sacramento a major Paulo, em agosto do ano passado, em reconhecimento pelo seu trabalho na cidade. “Major Paulo chegou a Sacramento em 2000, trabalhou com quatro prefeitos, não tinha ideologia política e nem partido, aliás, tinha um partido: a Banda Lira do Borá”, afirmou.
De acordo com o prefeito, o maestro “pregou um susto na cidade”. “Ele nos pregou um grande susto pela sua vitalidade e tinha muito ainda por fazer, mas são desígnios de Deus. Porém, é uma dor profunda para os familiares e, como maestro, deixa um vazio para os músicos, que hoje perdem um pai, um amigo, um companheiro”, disse e anunciou três dias de luto oficial, com a bandeiras a meio mastro.
Pela banda Lira do Borá, uma mensagem de gratidão lida pelo presidente Walter Rios Júnior, que visivelmente emocionado, iniciou citando Fernando Pessoa: “O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.
“Major Paulo trabalhava aqui por amor...”, disse o presidente da banda, Walter Rios Jr e com razão. Major Paulo, numa entrevista ao ET em 2010 (Edição nº 1205), ao falar da banda Lira do Borá descreveu: “Banda de música educa, embeleza a cidade, as festas. Banda de música é arte, é cultura...”.
Afirmou mais o Prof. Waltinho: “Homem de bem, íntegro, honesto, generoso, amoroso, solidário, prestativo e acima de tudo amoroso, amor que compartilhava com todos ao seu redor. Compartilhava conosco muitas coisas pessoas e familiares, enaltecendo a família, esposa, filhos genro, nora, netos, fazendo-nos sentir parte de duas família também.
Em nome da família, o filho, Coronel Márcio, agradeceu as homenagens.