Sessão Pública, na noite dessa terça-feira 24 marcou a comemoração do 63º aniversário da Loja Maçônica General Sodré nº41 com a outorga da Medalha Oscar Martins Oliveira, a maior condecoração da Casa, ao irmão maçom, Marinho Martins Severino, como Personalidade Maçônica, e ao jornalista e professor Walmor Júlio Silva, como Personalidade Sacramentana.
A solenidade, presidida pelo Venerável Édmo Ferreira Borges, contou com a presença de veneráveis e irmãos de lojas maçônicas Acácia do Borá, de Sacramento; Estrela Conquistense, de Conquista; Luz e Progresso, de Araxá; Capitólio das Águias Uberabenses; São João da Escócia, de Nova Ponte; Loja São Paulo e, representantes das Filhas de Jó do Bethel Luz
das Virtudes de Sacramento e familiares dos homenageados.
Os representantes das Lojas Maçônicas e do Bethel Luz das Virtudes deixaram a sua mensagem, saudando os 63 anos de existência da loja, aos irmãos e homenageados pela Loja Maçônica Gal. Sodré.
63 anos reunindo homens de bem e fazendo história
A Loja Maçônica General Sodré nasceu da vontade e dedicação de um grupo de cidadãos, com o apoio dos irmãos da Loja Estrela Conquistense, onde foram iniciados, elevados e exaltados, no início dos anos 1950, possibilitando assim a fundação da Loja, em Sacramento, em 24 de maio de 1953, e sua instalação no mesmo ano, em 7 de setembro, após a expedição da Carta Constitutiva pelo Grande Oriente de Minas Gerais, em 4/9/53. A Loja Gal. Sodré, passou a pertencer à Potência Maçônica das Grandes Lojas Maçônicas de Minas Gerais, em 22/09/1956. A primeira iniciação feita na Loja Gal. Sodré foi do irmão Hermínio Pícolo, pai de Edson Rezende Pícolo, no dia 10/05/1954.
Figuram no seu quadro de honra como fundadores da loja, Adolfo Dias Barbosa, Agatângelo Gonçalves Araújo, Arejaci Silva, Édio Vilela, Herculano Almeida, Ivomir Cunha, Jeová Cunha, João Batista Marcondes, João Bianchi, Joaquim Honorato da Cunha, José Silveira, Jovino Vieira Brigagão, Mário Araújo, Mário Araújo Bessa, Mário Rabelo, Natalino Duarte, Ormezindo de Oliveira, Oscar Martins Oliveira e Ranulfo Gonçalves da Cunha.
Dos fundadores, apenas Edson Pícolo está entre nós, a quem atribuímos o título de 'pai', 'avô´, 'bisavô' e 'tataravô', dos irmãos maçons, que ao longo desses 63 anos viu passar pela loja gerações e gerações e, atualmente, vários jovens e senhores entre os 53 irmãos.
Os homenageados...
Marinho Martins Severino 65, é sacrametnano filho de Anísio Severino da Silva e Marinha da Conceição Martins, a dona Fiúca, ambos de saudosas memórias. Os estudos foram na EE Afonso Pena Júnior, Colégio Allan Kardec e EE Cel José Afonso de Almeida, concluindo o curso técnico de Contabilidade em 1972. Dois anos depois ingressa no curso de Geografia, na Faculdade de Franca, mas teve de abandonar os estudos e dedicar-se ao trabalho. Marinho então mudou-se para Nova Ponte, trabalhando por 16 anos na Caxuana.
Em 1977 casou-se com Celina Nunes de Aguiar, de cuja união nasceram os filhos Cáritas Tacyane (Lisânio), Marinho Segundo (Taciany) e Cássia Fabiane, filhos que lhe deram dois netos, Ana Clara e Arthur. Em 8 de agosto de 1985, Marinho iniciou na Ordem Maçônica na Loja Tiradentes, em Uberlândia, posteriormente foi transferido para o Oriente de Indianópolis, onde foi um dos fundadores da Loja João da Escócia. Em 1994, transferiu-se para a Loja General Sodré onde ocupou vários cargos, e segue exercendo suas atividades até os dias de hoje. Em 2012 recebeu o título de Maçom do Ano, através da União das Lojas Maçônicas de Uberaba e Região, representando a Loja General Sodré.
Entre 2006 e 2015, Marinho sofreu dois infartos, vindo a recuperar-se. Embora enfrentado esses problemas de saúde e ainda fazendo hemodiálise em Uberaba, três vezes por semana, continua freqüentador assíduo das reuniões e atuante nas atividades desenvolvidas pela Loja. continua sendo uma pessoa alegre, divertida e sempre contribuindo para os trabalhos da Maçonaria e de sua família.
Bastante emocionado, Marinho falou ao ET sobre a homenagem e o título de remido. “São 30 anos na General Sodré, sempre a serviço de quem quer que precise. Receber esse título de remido me deixa muito feliz. Trabalhei para isso e minha emoção é imensa e dupla por receber também a Medalha Oscar Martins de Oliveira. E veja só, recebo essa homenagem ao lado de Walmor, meu amigo de infância, das brincadeiras nas ruas de terra do Chafariz. Tenho boas lembranças daquele nosso tempo e hoje aqui estamos os dois sendo homenageados, por isso minha emoção é forte”.
Após receber as homenagens maçônicas, Marinho foi brindado com belas palavras do filho Marinho II e uma homenagem dos afilhados maçônicos, Thalys Andrey e Lisânio.
Walmor Julio Silva 68 é sacramentano, filho de Ivanir Júlio da Silva, o seu Ledo, e Esperança Gobbo Silva, de saudosas memórias. Na infância e adolescência, sua vivência foi em Sacramento, iniciando os estudos na EE Afonso Pena Jr., completando-os na EE Cel. José Afonso de Almeida, onde concluiu também os cursos de Magistério e Contabilidade. Para prosseguir nos estudos mudou-se para Uberaba, onde sua vida profissional no magistério, na EE Escola Rotary, e, paralelamente, cursou três cursos superiores, Pedagogia e Letras, na Faculdde de Ciências e Letras
São Tomás de Aquino e Jornalismo na Uniube.
Em fins de 1969, retorna a Sacramento, iniciando sua lide na EE Cel. José Afonso de Almeida como professor de Sociologia, Filosofia da Educação, Português e Literatura onde usou a arte como ferramenta de formação humana, atividades também desempenhadas como voluntário no Seminário do Santíssimo Redentor, dirigindo grandes peças de teatro e festivais de arte, por mais de 20 anos, o que lhe valeu o título de Oblato Redentorista, do qual, segundo ele, tem mais significado em sua vida. Além do cargo de professor foi também diretor na Escola Coronel por 11 anos, entre 1997 a 2008, quando foi vítima dos desmandos do Governo do Estado e acabou exonerado da função.
Mas não são só a educação, a arte e dissabores que marcam a sua vida. Foi funcionário concursado do Banco do Brasil, por um ano. Deixou o banco para passar uma temporada na Europa, em 1975. No ano seguinte, em Sacramento, lançou-se na política, sendo o vereador mais votado naquele pleito, com 742 votos. Foi candidato a Vice- Prefeito juntamente com Dr. Luiz Rodrigues de Souza em 1982, porém sem êxito nas urnas. Nas últimas eleições, também não conseguiu se eleger a Vereador.
Como jornalista, dedicou-se à fundação do jornal “O Estado do Triângulo”, 48 anos de circulação ininterrupta, atividade a que se dedica com esmero e paixão até os dias atuais. E, por falar em paixão, nenhuma das atividades acima citadas em nada superam a grande paixão que tem pelas suas três Marias: a esposa e companheira de todas as horas há mais de 30 anos, Maria Luísa e as filhas, Petra Maria e Anya Maria.
Na sua mensagem de agradecimento, o jornalista enalteceu o trabalho da Maçonaria em prol do ser humano e de um mundo melhor, e numa bonita homenagem ao amigo Marinho. “O aconchego cheio de amor, quando fomos embalados pelos pais ou quando alguns de nós embalamos nossos filhos. As primeiras liberdades vividas no mundo maravilhoso da infância. as ruas de terra, ora empoeiradas ora de enxurradas, as brincadeiras de pique e de bet... Os primeiros anos escolares. As primeiras aventuras pelos prados e campos verdejantes, córregos e riachos que banham esta cidade de Deus. Assim percorremos nossa vida...”.
Veneráveis falam da data e das homenagens
O atual Venerável, Édimo Ferreira Borges, falando ao ET, destacou a importância da comemoração dos 63 anos da Loja e as homenagens feitas naquela dada. “A Medalha Oscar Martins de Oliveira é o maio símbolo da nossa Loja, que é dada aos irmãos e pessoas da comunidade, que têm feito algo relevante para a cidade, o Estado, o País. Assim, homenagearemos esta noite, o irmão Marinho e o jornalista Walmor. Marinho recebe também o título de remido, que é conferido aos irmãos com mais de 65 anos e mais de 15 anos na maçonaria e ele tem 30 anos na irmandade, com uma grande atuação, sobretudo, na iniciação dos irmãos. E, para nós é uma imensa satisfação abrir nossas portas para os familiares dos homenageados para comemorarmos juntos estes 63 anos”.
Celso Sebastião Almeida, maçom desde 1999 e ex-venerável por duas gestões, lembra a criação da homenagem. “Nas comemorações dos 50 anos eu era secretário do Abiner e tive a alegria de fazer a leitura do documento original da fundação da Loja. Nos 60 anos, eu estava na oratória com o venerável Helder, mas tive a alegria de criar na minha gestão a Medalha Oscar Martins de Oliveira, meu tio, que foi um dos fundadores da Loja e o primeiro Venerável Mestre. Mas hoje, minha alegria é repleta, porque ganha o irmão de Loja por ver homenageado nosso irmão Marinho e o Walmor, uma pessoa que conheço desde a minha juventude. Duas pessoas que, por unanimidade, foram acatadas para receber essa homenagem”.
Edson Pícolo, a quem 'carinhosamente' chamamos de 'pai', 'avô', 'bisavô' e 'tatravô' da Loja, no alto de seus belos 87 anos, brincou: “Realmente são muitas gerações. Ingressei na maçonaria aos 18 anos, na Estrela Conquistense, depois fundamos a General Sodré e se passaram 10, 20, 30, 40, 50, 60 anos e tantas gerações de irmãos... Hoje nesses 63 anos, sinto-me muito feliz por ver dois grandes amigos homenageados, o Walmor e o Marinho e, enquanto forças eu tiver me manterei fiel a essa Ordem”.
Para Abiner Ferreira 75, irmão da Gal. Sodré há 47 anos, figura entre os mais longevos irmãos da loja como maçom e em idade, “São 63 anos da Loja e têm que ser comemorados nessa reunião festiva de homenagens, que é também uma oportunidade para trazer as pessoas à nossa casa e, sobretudo, para homenagear nosso irmão Marinho e o Walmor. Lancei o nome dele na reunião e a aprovação se deu imediatamente por unanimidade. A gente fica feliz nesses momentos por fazer conhecer a nossa loja, mostrar a sua história nesses 63 anos, nos quais passaram tantas pessoas”.
Helder Ferreira Devós, o Decão, antecessor do Venerável Édimo, esteve à frente das festividades dos 60 anos da Loja. “Marinho é nosso irmão há 30 anos, uma pessoas que sempre esteve atuante, sempre dando luz aos iniciantes e está atuante, mesmo com a saúde debilitada. Já o Walmor, para nós, é uma pessoa que é difícil exprimir o seu significado dentro da Loja. Sempre presente nas nossas comemorações maiores, como o cinquentário, os 60 anos, enfim, quando nos presenteou com uma grande lembrança, um álbum de fotografias. E muito mais que isso, então, só nós resta homenageá-lo com nossa maior honraria, a Medalha Oscar Martins de Oliveira. Agora, resta-lhe fazer parte dessa casa e por falta de convite não é...”
Firmino Libório Leal, Venerável da Loja Estrela Conquistense, ressalta a importância da sessão magna. “Vimos de Conquista para, além de homenagear um decano da imprensa mineira, nosso professor Walmor, e nosso irmão Marinho, também, porque, a história da Gal. Sodré e da Estrela Conquistense se fundem. Ora a Estrela Conquistense é mãe, ora é filha. Se a Estrela Conquistense ajudou a fundar a Loja aqui, a Gal. Sodré foi lá soerguer a nossa loja, num momento em que se encontrava adormecida ,e os irmãos daqui a ajudaram reerguer-se. Uma data muito importante para as duas lojas, a Estrela Conquistense com os seus 67 anos e a Gal. Sodré com seus 63”.
O médico Fernando Fernandes Rodrigues, representando Ivan Rosa Gomide, Venerável da Loja Acácia do Borá, fala da importância do congraçamento. “Para uma turma tão unida como a Gal. Sodré, só podemos estar presentes, trazer o nosso reconhecimento e, podermos cumprimentar os homenageados, professor Walmor e Marinho, duas importantes homenagens, muito merecidas”.
Medalha homenageia primeiro Venerável
A Medalha Oscar Martins Oliveira, a maior honraria da Loja Maçônica foi criada em 2008, na gestão do Venerável Celso Sebastião de Almeida, em homenagem ao primeiro Venerável Mestre, Oscar Martins Oliveira, sucedido por tantos outros: Édio Vilela, Herculano Almeida, Ivomir Cunha, João Batista Faria Marcondes, Mário Rabelo, Joaquim Honorato Araújo, Edson Pícolo, Franklin Vieira, Abiner Ferreira, Wagner Cunha, José Rosa Camilo, Luciano Siviere Varanda, Vânio Almeida, Pedro Teodoro Rodrigues de Resende, Celso Sebastião Almeida, João Bosco Martins, Helder Devós Ferreira e, atualmente, Edmo Ferreira Borges.
Destaque-se que alguns irmãos foram Veneráveis Mestres por duas ou mais gestões, mas todos juntamente com os irmãos, trabalhando pela propagação da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, colaborando por um mundo melhor, para que cada um desenvolva o amor a Deus, à família e à pátria.
Oscar Martins de Oliveira, o primeiro venerável, era sacramentano nascido no finalzinho do século XIX (15/11/1899) e fez sua história como dentista e protético prático, mantendo por muitos anos um consultório na avenida Capitão Borges, logo abaixo da Escola Afonso Pena. Casado com Efigênia Pinto Valada, não tiveram filhos, mas Oscar, destacou-se pela caridade, no auxílio a famílias carentes e na criação de seus filhos órfãos, abrigando-os em sua casa até que encontrassem um familiar e um novo lar.
Foi também um grande colaborador do Lar de Eurípedes ao lado de Corina Novelino. Oscar foi também figura marcante na cidade, pelo seu jeito de ser: sistemático, exigente, honesto e muito solidário e, sobretudo pelo jeito de se vestir. Sempre de terno de casimira, camisa clara de mangas longas, presas nos punhos com abotoaduras douradas, gravata borboleta e chapéu marrom de pelo de lebre. Trazia sempre um sorriso pronto para os transeuntes, porém se algo o desagradava, simplesmente raspava a garganta em sinal de repreensão. Oscar Martins de Oliveira faleceu em Sacramento aos 71 anos, no dia 20/05/1970, deixando um grande legado à cidade e à maçonaria.