As constantes chuvas na região em dezembro e janeiro aumentaram a vazão no córrego dos Pintos, principal manancial de superfície que abastece o sistema de distribuição de água da cidade, causaram assoreamento e elevaram os níveis de terra e sólidos suspensos na água e nos equipamentos da unidade de captação. Essa terra que escorre para dentro do córrego e se acumula na barragem provoca a interrupção parcial ou total da passagem de água pelas tubulações, diminuindo e, por vezes, impossibilitando a captação da água bruta.
Foi esta a justificativa dada pelo secretário Marcelino Marra, do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), esclarecendo à população os motivos das falhas no abastecimento nos últimos dias, em entrevista ao jornalista Silas Bonetti, na rádio Sacramento, na manhã dessa quarta-feira 20.
"Na manhã de quinta-feira 21, todas as unidades de distribuição já estão em funcionamento e não há registro de região sem abastecimento. No entanto, lembramos que continuamos dependentes da quantidade de chuva que possa cair sobre toda a extensão do córrego dos Pintos, voltando a impossibilitar a captação e o tratamento de água", disse o secretário ao ET, na manhã de quinta-feira, alertando, porém, sobre o uso correto da água. ““Agora, mais do que nunca, é preciso fazer o uso consciente da água em toda a cidade” , alerta Marra.
Segundo Marcelino, em vistoria pelas margens do córrego dos Pintos, feita pelo Engº Osny Zago, pode-se perceber que os pequenos afluentes estavam com água limpa. “A turbidez e o arraste de água suja ainda acontecem, porque a água está empossada nas várzeas, considerando o nível mais alto da água nos últimos dias”, explicou.
Ainda na entrevista dada à Rádio Sacramento, quando questionado sobre o vazamento na rua Major Lima, o secretário revelou que a cidade possui redes de distribuição ainda desconhecidas pelo SAAE. “Temos encanamentos não registrados que rompem por entupimento ou manutenção. Contamos com a colaboração da comunidade para nos informar sobre qualquer irregularidade na distribuição de água, para enviarmos a equipe de reparo o quanto antes” solicitou o Marcelino.
Enxurradas das estradas são a principal causa
ET - Quantos mananciais e poços artesianos tem o Sistema SAAE? Pifando um deles, o outro não poderia entrar com uma vazão maior?
Marcelino Marra - Além do córrego dos Pintos, temos a água da Loca e mais cinco poços artesianos na sede do município. Neste momento, todos estão operando com mais vazão e por 24 horas/dia para tentar suprir o déficit causado na captação no córrego dos pintos.
ET - Como maior manancial do sistema, que proteção o córrego dos Pintos tem para evitar o assoreamento?
MM - Há muito o SAAE e a PMS fizeram bolsões para proteção dessa captação. Em 2014, antes do período chuvoso, fizemos novamente a sua limpeza. Além do que, já fizemos seis km de cerca a montante da captação e plantios de mudas nativas da região.
ET - As áreas aradas em torno do manancial causam esse assoreamento? Que medidas podem ser tomadas para evitar problemas futuros? As áreas aradas não estariam muito próximas do córrego? Seria, por exemplo, falta de mata ciliar?
MM - Não, as margens do córrego dos Pintos, a montante da captação, são cercadas, na sua maioria, por terras cultivadas com pastagens, matas ciliares e poucas com lavouras. Essas terras de pastagens e lavouras possuem curvas em nível. Nas estradas vicinais foi onde priorizamos as construções dos bolsões. O que ocorre de fato é que temos há mais de um mês chuvas periódicas e muitas delas torrenciais, causando verdadeiras trombas d'águas no córrego dos Pintos. O solo está totalmente saturado de água, qualquer volume de chuva nesse momento é capaz de causar enxurradas, lixiviando a superfície do solo e levando até o leito dos córregos uma água barrenta ou suja, o que impede o seu tratamento em um tempo hábil.
ET - O assoreamento ocorrido chegou a danificar os equipamentos/tubulação, importando em prejuízo?
MM - Não houve danos nos nossos equipamentos. Estamos tendo um gasto maior com o produto químico, sulfato de alumínio isento de ferro, que utilizamos para retirar o excesso de argila – turbidez da água em seu tratamento e com homens/ hora trabalhada.