Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Eles fizeram parte da história do carnaval de Sacramento

Edição nº 1504 - 12 de Fevereiro de 2016

Uma iniciativa inédita da empresária Sandra Silveira, poder ser o marco do resgate dos carnavais de salão na cidade, com as tradicionais marchinhas, o glamour das fantasias e alegria dos foliões... É o que garante a empresária, afirmando que essa é a primeira de outras festas que virão antecedendo o carnaval. “- Foram dez dias a partir do momento que nasceu a ideia para organizar essa festa, que é na verdade a pré-festa de os Melhores do Ano de 2015 e deu certo. Não houve uma participação grande de público, porque muitos já haviam assumido compromisso,  mas atingimos nosso objetivo. Demos o primeiro passo e não vamos parar aqui. Nossa ideia é realizar esse baile, anualmente, como um pré-carnaval. Quem sabe um dia, até com concurso de fantasias, uma sugestão de Monique Fornazier (Volney). O tempo dirá. O fato é  que estou muito feliz e agradecida por todos que apoiaram nossa ideia”, agradeceu Sandra, eufórica com a animação dos presentes, ao som da Banda A3, de Franca (SP) e presença de parte da bateria da escola XIII de Maio, e representantes das escolas Acadêmicos do Borá, Beija Flor Sacramentana, Operários, representada pela família do grande Azor Guimarães e Tradição Sacramentana.   Um dos pontos altos da noite foram as homenagem às “Personalidades da Memória do Carnaval”, a pessoas que fizeram a história dos carnavais de salão e de rua na cidade, desde os tempos em que os desfiles de rua foram oficializados pelo então prefeito, José Alberto Bernardes Borges, em 1987, um dos homenageados pela empresária, para entregar os troféus,  ao lado de Ana Siviere Bessa, última presidente do Sacramento Clube (SC), e o jovem Lucas Freitas, Mister Sacramento 2015.

 

Os homenageados

Adriana Scalon - Destaque Adulto Feminino / Carnaval de Salão: destaque adulto feminino vários anos nos carnavais de salão do SC com suas glamourosas fantasias.
 Aguimar Borges da Costa - Fotógrafo Profissional: hoje radicado em Franca, marcou época registrando passistas e foliões nos clubes e avenidas ainda com o celuloide.
 Bateria da Escola 13 de Maio – Bateria: recordista  em títulos na avenida, abrilhantando a festa com parte da bateria.
 Luiz Alberto da Silva - Destaque Masculino: destaque adulto masculino na avenida, chegando a hors concours.
 Maria Clara e Maria Júlia Devós - Destaque Infantil: As irmãs que brilharam nos carnavais de salão com suas impecáveis fantasias.
 Margareth Jerônimo Oliveira - Destaque Blocos : idealizadora de vários blocos carnavalescos na cidade, entre eles, As Fantásticas...
Maria do Carmo Miguel - Ala das Baianas: figura folclórica e histórica, representante da mais tradicional ala do carnaval de rua, a Ala das Baianas.
Maria José do Nascimento (Zezé)  - Passista Feminino: Brilhou como passista na avenida durante vários anos, até chegar a hour concours', em diversas escolas
Monique Fornazier – Carnavalesco: Artista consagrado como carnavalesco e destaque com brilhantes fantasias , revelando-se, principalmente, nas escolas Beija Flor e XIII de Maio. 
Reinaldo Jerônimo – Sonorização: profissional que gravou a marca 'Som do Rei' na passarela do samba, desde o início do carnaval de rua, em 1987.
Rone Marcos da Silva - Passista Masculino: um dos maiores passistas de nosso carnaval de rua, também 'hour concours'.
Sâmia Borges dos Santos - Eterna Madrinha: uma das mais belas madrinhas de bateria da cidade pela Escola Unidos do Areão.
Walmor Júlio Silva / Jornal O Estado do Triângulo – Reportagem: sempre presente nas coberturas jornalísticas, escrevendo a história do carnaval sacramentano, desde 1968.

 

José Alberto

O povo merece a alegria do Carnaval

A animação da festa varou a madrugada e a iniciativa da empresária Sandra rendeu elogios. Para o ex-prefeito José Alberto, “as grandes festas nascem assim. Foi assim com a festa Os Melhores do Ano. Foi assim com o carnaval de Sacramento. Sandra tem o meu reconhecimento, porque foi  assim que começamos, quando  oficializamos o carnaval. Naquele tempo só havia a Escola  XIII de Maio, que se organizava e desfilava.  Então, começamos a reunir os blocos, com o apoio do Sacramento Clube, através do Júlio Gaspar Jerônimo e do Albertinho Vieira... E quantos foram!
Fazíamos a iluminação do Natal e já deixávamos tudo preparado, as estruturas montadas, só colocando alguns adereços a mais ligados ao tema carnavalesco. E essa decoração, diante das dificuldades financeiras, foi a mesma uns dois ou três anos. E,  partir daí,  foram surgindo escolas de samba: Mocidade Alegre, Unidos  da Estação, Unidos da Real, Operários, Tradição Sacramentana e as atuais escolas, que até 2014 desfilaram. O carnaval veio crescendo, crescendo e ganhando fama.
E, de repente lá se vão dois anos sem carnaval, uma festa do povo. O Carnaval é a festa mais democrática que existe. Carnaval não é só desfile de escolas, carnaval é festa do povo e para o povo. Não podia ficar essa lacuna na história do nosso carnaval. Convidasse o povo a organizar blocos, fizesse no Marquezinho, como era antigamente... Mas o povo merece essa alegria. A classe mais privilegiada pode ir para os salões, paga caro, viaja e vai curtir nas praias, mas a massa não tem essa condição e mais do que ninguém merece esses quatro dias de folia.
Infelizmente, há sempre ocorrências de violência. Para isso se monta um esquema de segurança capaz de coibir essas extravagâncias e proteger aqueles que querem brincar, dançar e se divertir ao lado de suas famílias. Deixar de realizar o Carnaval por conta da violência é nos entregarmos à mercê dos transgressores da lei. É dizer que eles venceram. Pelo contrário, temos que mostrar que, a sociedade ordeira e pacífica merece e tem o direito de se divertir com suas famílias, sem medo, e com uma violência coibida” – comentou o ex-prefeito, que nunca deixou de realizar o Carnaval de Rua nos três mandatos em que foi prefeito da cidade. 

 

Monique Fornazier

É uma festa que vai pegar...

Monique Fornazier, o carnavalesco Volney Fornazier, que iniciou desfilando na Beija-Flor Sacramentana,  se revelando com belas fantasias, de repente  acordou  um talento até então adormecido: o de artista nato, que se tornou por alguns anos, carnavalesco da Escola XIII de Maio, organizando e vestindo toda a escola e a si mesma com o glamour que hoje lhe garante fama no ateliê em Uberlândia, onde reside e, nas passarelas como modelo.
Hoje, na sua nova identidade de gênero, como Monique Fornazier, veio prestigiar a festa e receber a merecida homenagem. “É com tristeza que vejo Sacramento mais um ano sem carnaval, mas com certeza a Sandra nos proporcionou um momento muito bonito e estou feliz por receber essa homenagem com meus amigos, pessoas que já trabalhamos e lutamos juntos para o carnaval acontecer. Enfim, pessoas que vieram antes de mim e que vieram durante o meu tempo de carnaval em Sacramento, e os que ainda acreditam no carnaval de rua nesta abençoada cidade”, afirma, garantindo que as 'penas e paetês' não ficaram mofando.
“- Não paro, não, me desdobro entre desfiles e os preparativos para o concurso internacional que pretendo participar este ano. No meu ateliê, vesti muita gente para concursos de Carnaval, ou seja, não deixei as penas mofando, não, porque Carnaval continua pulsando no meu coração. Tenho saudades dos carnavais maravilhosos de Sacramento”, confessa e completa:
“- Tenho que parabenizar Sandra pela iniciativa maravilhosa e é uma festa que vai pegar e se tornar grande, inclusive com concurso de fantasias como acontece noutras cidades e podem contar comigo, quero dar a minha contribuição, trazer pessoas. Está de parabéns a Sandra pela iniciativa”.

 

Carnaval do povo tem que ser mantido

Ana Lúcia Siviere Bessa (foto) , ex-presidenta do Sacramento Club, Sandra foi feliz na idealização da festa. “Apesar de ter sido organizada em poucos dias, foi uma iniciativa muito válida. Alguém tem que fazer alguma coisa”, afirma, lamentando a ausência do carnaval de rua.
“- Na minha opinião, o carnaval do povo teria que ser mantido. Desfiles das escolas é uma coisa, carnaval para o povo é outra. As escolas, se têm dinheiro desfilam, se não têm não desfilam. Eu entendo que elas poderiam correr atrás, não ficar só esperando Prefeitura. Elas poderiam promover eventos com essa finalidade, arrecadar algum fundo com os próprios integrantes das escolas,  como acontece noutras cidades, ou seja, quem quer desfilar paga a fantasia.
Agora, o carnaval para o povo tem que ter, porque movimenta o  comércio, reúne famílias, pessoas de todas as idades, amigos, enfim, a cidade ganha vida...  Agora, ficou vazia. A minoria que tem condições de curtir o carnaval em outras cidades, vai; e quem não pode fica  sem diversão. Na minha opinião, poderia ter sido  feita uma parceria com as escolas de samba, com o comércio e fazer a festa com o som do Rei como sempre foi”.

 

É preciso fazer a festa para o povo...

O empresário Carlinhos Batista veio de São Paulo com a família  e curtiu à beça o baile. “Recebi o convite e fiz questão de vir, porque é um recomeço e valeu muito a pena. Sacramento precisa unir forças para promover mais festas assim e resgatar o carnaval. Sou precursor do primeiro carnaval de rua de Sacramento. Estávamos um grupo de amigos na Cinelândia  e depois de umas e outras, saímos, com caixas, começamos uma brincadeira pelas ruas e assim foram uns três anos. Outros blocos vieram e virou a beleza que era o carnaval de rua. Inclusive, no primeiro ano, quando o carnaval já estava se acenando para uma festa regional, eu desfilei como mestre sala...
Mas aí vem  a complicação, as grandes multidões, os problemas com as prefeituras, os carnavais passaram a  ter um outro interesse, há o problema das pessoas mal intencionadas, mas isso tudo tem solução. O fato é que o  carnaval de Sacramento  tem que ser resgatado, tem que haver um espaço reservado muito bem administrado e fazer a festa para o povo. O povo merece isso”.