É notório o crescimento pela adesão ao ciclismo quer como transporte quer como esporte. A bicicleta vem sendo adotada como opção de esporte, lazer e transporte urbano, que sem dúvida é altamente sustentável, pois contribui para a preservação do meio ambiente, para um acesso democrático ao espaço urbano e para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. A bicicleta veio para preencher uma necessidade da vida do homem e está até hoje integrada com o ser humano, seja nos grandes ou pequenos centros. Em Sacramento, é grande a adesão à bike, comprova-o, o grande número de
iclistas, homens, mulheres, jovens, nos fins de tarde, na Rodovia Antenor Duarte (Estrada da Gruta), no campo de aviação, no Bosque do Ipê e tantos outros. Mas uma equipe vem fazendo a diferença, a MTBAgropac. Criada há dois anos os 12 ciclistas que compõem o grupo, coordenado por Nédio Cerchi 35 e Beto Pansani, pedalam todos os finais de semana para uma longo circuito, com direito a uma representante do time das mulheres, Valdete Pansani, esposa de Beto.
O começo...
“Pedalar a gente pedala desde criança, começamos com as bicicletinhas como toda criança, mas o gosto vai crescendo, a bicicleta mais simples vai ficando para trás e dando lugar a outras. Mas a equipe começou há dois anos. A gente via que havia várias pessoas amantes do esporte, mas cada um por si, então o Beto e eu numa conversa resolvemos nos organizar”, resumiu Nédio Cerchi, proprietário da Agropac, que patrocinou os uniformas do grupo.
“- Cada um com sua bike, nos finais de semana nos aventuramos pelas estradas do município, inicialmente em trajetos menores, a região do Cipó, Jaguara, Conquista, Rifaina até alcançar maiores distâncias como Delfinópolis, Uberaba... Já rodamos boa parte do município, sempre pelas estradas de terra. A mountain bike é para estradas de terra, subidas, descidas, pedreiras, lama”, explica Nédio, destacando a importância do preparo. “Todas as tardes pedalamos até a Gruta dos Palhares. Pedalar é uma paixão e esse treino nos mantém em forma. Mas não só nós, há muita gente pedalando todas as tardes e nos finais de semana. O ciclismo é um esporte que vem ganhando adeptos na cidade”, informa.
O trajeto...
De acordo com Nédio, o fato de não conhecer a estrada não atrapalha. A gente sai e vai chegar a algum lugar. “Mas temos o Beto, que já pedalava antes e conhece bem as estradas. Já fizemos trajetos de mais de 120 km e já chegamos a dois mil metros de altitude. Na chegada, o cansaço é grande, a gente chega até a dizer ' esta foi a última pedalada', mas daí a meia hora estamos marcando o rumo para a semana seguinte. É gratificante o que acontece a cada final de semana, o companheirismo, a sensação de liberdade, enfim, a emoção é incrível, são paisagens maravilhosas”, revela.
É nítida a satisfação de Nédio ao falar do esporte, mas admite que já enfrentaram rota difícil. “O trajeto mais difícil que fizemos, batizamos de “Pedal dos Arraiáis”. Saímos daqui às 7h30, passamos pelas comunidades rurais dos Vitorinos, Jaguarinha, Bananal, Quenta Sol, Santa Barbara até a Sete Voltas, foram mais 110 km com uma elevação de 2500 metros”, explica, destacando as paradas de, no máximo, 20 a 30 minutos. Não podemos parar por longo tempo, para não esfriar o corpo”, justifica.
Sem apoio...
A equipe MTBAgropac, de acordo com Nédio, raramente, conta com um veículo de apoio, o que é meio temeroso, reconhece o coordenador. Até hoje não houve nenhum acidentado com maior gravidade que necessitasse, por exemplo, de uma locomoção com mais urgência para o hospital. Nédio relata apenas pequenos tombos sem maiores gravidades. “Geralmente são acidentes de menor gravidade, como cair em mata-burro, derrapar numa pedreira, mas acidentes há, por isso é preciso muito treino e atenção”, adverte, lembrando, entretanto que já tiveram um caso de ter de chamar carro para socorrer o ciclista.
“- Nos trajetos maiores temos um carro de apoio. Por exemplo, quando fizemos o trajeto Tapira/Sacramento, passando pela Cachoeira da Parida, e chegando pela estrada do chapadão. Muita emoção, mais de 100 km, onde tem de tudo um pouco, muita subida, muita decida, retão, passando por lugares incríveis e foram cerca de 1.500 metros de altitude”, relata.
Sem apoio, o ciclista tem que se virar com os petrechos. Câmaras de ar e ferramentas vão nas bolsas da bike. Já o lanche, rapadura, barras de cereal, mel, batata doce cozida, uma alimentação leve, vai tudo nos bolsos de colete. E água, muita água. “Como não dá pra levar muita água, a gente vai abastecendo no trajeto”, explica.
De acordo com Nédio todo o percurso é registrado através de um Strava, aplicativo no celular que faz toda essa medida via satélite. “Com esse aplicativo temos os dados em tempo real, a quilometragem de cada um, quem está mais rápido, a altitude, o tempo de parada, enfim, tudo é registrado ali”.
A bike ideal
De acordo com Nédio o cicloturismo é um esporte caro. A começar pelo preço das bikes, que variam entre R$ 4 a R$80 mil. Mas, independente do valor, há alguns cuidados básicos a serem observados, sobretudo em relação aos equipamentos e à conservação do veículo, especialmente os pneus, sempre em bom estado de conservação.
“- O ideal é ter uma bike leve. Quanto mais leve melhor. Essa leveza a gente adquire com acessórios que vão sendo trocados, por exemplo, um quadro de alumínio dá lugar a um de carbono; os pedais são substituídos, amortecedores, freios, ou seja, substituições que vão equipando mais e mais a bike e isso é caro”, afirma, destacando a dificuldade que têm em Sacramento para a manutenção das bikes. “Embora tenhamos na cidade, várias bicicletarias, ainda temos dificuldades com acessórios e manutenção”, afirma, o que obriga o grupo a recorrer a recorrer a outras cidades.
Atenção nas rodovias
Com o crescente aumento de ciclistas na cidade, Nédio está elaborando um projeto de lei para entregar ao governo da cidade, solicitando melhorias na rodovia Antenor Duarte (estrada da Gruta). O ideal seria um acostamento com a ciclovia demarcada, mas enquanto isso não acontece, Nédio quer pelo menos uma sinalização vertical com placas e demarcação de faixas no asfalto
“- Temos visto pessoas se arriscando na estrada e normas têm que ser seguidas e a legislação de trânsito garante o uso de bicicletas nas rodovias. Mas infelizmente, tem gente que não sabe disso. É comum vermos ciclistas trafegando na contramão. O que é errado e perigoso. Ciclista anda na mão de direção, de preferência no acostamento, quando houver. Se não tiver acostamento, trafegar junto à margem direita da pista. Pela legislação, qualquer veículo é obrigado a respeitar, nas ultrapassagens, a distância de 1,30 m do ciclista”, orienta e pergunta: Por que não pode pedalar na contramão? Porque nenhum motorista está esperando surgir alguém na sua frente na contramão. Ele está atendo na sua mão de direção”.
Quanto ao fato de pedestres andarem na contramão, Nédio esclarece “para pedestre não sei, mas para ciclista essa regra não vale”, explica citando o artigo 58, do Código Brasileiro de Trânsito: “Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos das pistas de rolamento, no mesmo sentido da circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores”.
Sobre o projeto, Nédio explica o que é necessário fazer para aumentar a segurança da Rodovia Antenor Duarte: “Não queremos muito, necessitamos ali de placas de sinalização e de uma ciclofaixa, isto é, pintar ali uma faixa, que dará mais segurança aos ciclistas, que não são poucos, principalmente iniciantes. E, enquanto isso não ocorre, alertamos os ciclistas quanto ao uso da rodovia, sempre à direita da pista. Eu mesmo já parei muitas vezes a pedalada na estrada da Gruta, para orientar ciclistas trafegando na contramão”.
Aos adeptos da 'Magrela', vejam a sua evolução
1810 - PÉS NO CHÃO: O alemão Karl Drais Von Sauerbronn cria um 'cavalo' de madeira, com guidão e duas rodas. A invenção, de 1816, ficou conhecida como draisiana. Era a primeira bicicleta. Mas ainda com tração Flintstones: os pés faziam as vezes de pedal. Entre as décadas de 1820 a 1850, surgem os pedais: rígidos e acoplados diretamente à roda dianteira.
1860 - VELOCÍPEDES: O francês Pierre Lallement aumenta a roda dianteira, para deixar a pedalada mais leve. Pierre Michaux cria a primeira fábrica.
1870 - RODA GIGANTE: Surgem também as bicicletas com rodas gigantes na frente e minúsculas atrás
1880 - O PNEU: Em 1887, o escocês John Boyd Dunlop cria uma câmara de ar para as rodas da bicicleta do filho. Nasce o pneu.
1890 - EVOLUÇÃO DO DESIGN: No começo da década de 1890, surge o quadro trapezoidal, usado até hoje.
1900 - MEIO DE TRANSPORTE: Surgem os primeiros modelos com freio, marchas e cubo com roda livre.
1910/1940 - DINÂMICA: A empresa Schwinn aproxima o design da bike do das motos.
1950 - MOUNTAIN BIKE: O americano James Finley Scott modificou um modelo urbano para conseguir andar em trilhas.
1960 - DIVERSIDADE: Surgem as bicicletas para crianças, as de estrada e o sistema de marchas evolui.
1970 - ANOS DE OURO: Nasce a BMX, que viraria febre mundial e tornaria a bicicleta o sonho de consumo de 11 entre dez crianças.
1980 - NO TOPO: No Brasil, as mountain bikes tornam-se o estilo predominante.
1990 - PERFORMANCE: Chegam os quadros em fibra de carbono e o freio a disco. Na década de 2000, é a vez do câmbio eletrônico, sem cabos.
2010 - NA BAGAGEM: As dobráveis, antes um nicho de mercado, começam a se popularizar. E as elétricas passam a ganhar as ruas.