Bucolândia & coisas mais...

Logo que as primeiras fitas cinematográficas chegaram a Sacramento, ainda com cenas mudas, com orquestra ao pé da grande tela, a Bucolândia se deliciou com o seguinte fato. Numa dessas exibições, cujo enredo se passava em selvas africanas, aconteceu a tragédia. O Dindon, fazendeiro abastado, pequeno burguês, reuniu a família, mulher e duas filhas moçoilas e veio da raça para conhecer a maravilha do 'cinematógrapho'.
Sentaram-se entre os demais espectadores, apagaram-se as luzes, começa a projeção mostrando a mocinha distraída colhendo flores silvestres, quando um enorme leopardo vai se aproximando dela.  Suspense na plateia. A cantora lírica do fosso da orquestra entoa um oh! A orquestra completa com a 'Marcha fúnebre para um títere', de Shubert. O leopardo prepara o ataque. A orquestra atinge o clímax... Dindon não tem dúvida. Saca de seu '38 cano longo' e pespega dois tiros na direção do leopardo. Pânico geral. Acendem-se as luzes... (De Saulo Wilson, No reino encantado da Bucolândia)