Rede Brota Cerrado lança 2ª edição de Cinderela Negra

 O professor e historiados Carlos Alberto Cerchi, o principal divulgador de Carolina e sua obra em Sacramento e região, foi o coordenador da noite cultural que lançou o livro ‘Cinderela Negra - a saga de Carolina Maria de Jesus’, escrito a quatro mãos pelos escritores, José Carlos Sebe Bom Meihy e Robert M Levine. 

. “Uma nova edição de 'Cinderela Negra... se apresenta como retomada obrigatória para debates sobre uma das mais polêmicas autoras de nossa Cultura”, afirmou ao apresentar a obra. 

De acordo com o professor, o livro, lançado em 1996 em sua primeira edição, marcou o ressurgimento de Carolina atualizada no contexto da nossa modernidade. “Desde então, uma constelação temática se ampliou colocando a autora de 'Quarto de Despejo: diário de uma favelada' como testemunha de uma experiência que se reparte em questões de gênero, da negritude, da migração e, sobretudo, da cultura popular”, disse, ressaltando o valor da obra.

“- A republicação de Cinderela Negra, a saga de Carolina Maria de Jesus torna-se, pois, leitura obrigatória para o entendimento de um Brasil que busca se esclarecer tomando como ponto de partida uma personalidade emblemática dos dilemas nacionais”.

Berto lembrou ainda que Robert Levine faz uma referência e uma homenagem a Carolina e a Josué de Castro, como dois brasileiros importantíssimos que fizeram o mundo despertar para a questão da fome, de forma coletiva. “Então hoje, aqui, toda a equipe da Rede Brota Cerrado aqui está para reverenciarmos esses dois brasileiros”.

A Rede Brota Cerrado realizou no ano passado, de 14 (dia do aniversário de Carolina) a 24 de março, o II Festival de Cultura & Agroecologia, abordando o tema, 'As 100 primaveras de Carolina'. E, nos meses de maio e junho, Carolina Maria de Jesus foi o tema do VI Festival de Inverno do Parque Náutico de Jaguara.   

Prof. José Sebe: ‘Sentido absolutamente revolucionário...’

Professor José Carlos Sebe Bom Meihy, iniciou, falando de sua emoção de estar em Sacramento. Agradecendo à Rede Brota Cerrado e Editora Bertolucci pela segunda edição de 'Cinderela Negra, a saga de Carolina Maria de Jesus', destacou o significado de falar de Carolina na sua terra natal. 

“- Para mim, isso tem um sentido absolutamente revolucionário, visto que tenho falado de Carolina no mundo inteiro e nunca tinha tido a oportunidade de falar de Carolina, exatamente no ninho que a gerou e foi com esse sentido que procurei ter algumas saídas para viver o que poderia ser dito em Sacramento. Evidentemente isso daria motivos para  um livro inteiro”, disse e passou a falar de Carolina, nos altos e baixos de sua vida como escritora. (Veja entrevista com o escritor nesta edição)

Professor Sebe sugere a criação da ‘Semana  Carolina Maria de Jesus’

Finalizando, o Prof. José Carlos Sebe cobrou uma atitude de Sacramento em relação à escritora. “Sacramento tem uma responsabilidade e tem que dar uma resposta não ao Brasil,  mas ao mundo sobre os estudos de Carolina. Não é  justo que não tenhamos aqui, senhor prefeito, uma Semana Carolina Maria de Jesus, onde sejam convidadas pessoas do mundo para daqui produzirem alguma coisa que fale sobre a obra de Carolina no seu ninho. Isso não é um fato novo no Brasil. São José do Rio Preto faz isso com Euclides da Cunha, Taubaté, faz com Monteiro Lobato... Então, não sei por que Sacramento não poderá fazer com Carolina Maria de Jesus”, cobrou e se dispôs a ajudar.

O livro, ‘Cinderela Negra’  

A obra escrita a quatro mãos por José Carlos Sebe Bom Meihy e Robert M Levine (In memorian), é dividida em cinco partes, distribuídas em  280 páginas. Na primeira parte, 'Uma história para Carolina'; na segunda “Algumas  histórias das várias Carolinas, que são os depoimentos das várias pessoas entrevistadas. Na terceira parte, dois textos de Carolina:  'Minha Vida', e 'O Sócrates Africano'. A quarta parte da obra, traz 'Um olhar norte-americano' e 'Um olhar brasileiro'. E finalmente, na quinta parte, o posfácio, escrito por Marisa Lajolo (Departamento de Teoria Literária/Unicamp)  e,  um Ensaio Fotográfico. 

 Prefeito se compromete a criar a Semana CMJ

O prefeito Bruno Scalon Cordeiro, após ouvir a explanação  do Professor José Sebe, discorreu sobre as iniciativas adotadas por Sacramento em relação a Carolina, tais como a exposição  itinerante 'Carolina Vive', que esteve em Brasília e Uberlândia, dentre outros  e a criação do Ano de Carolina Maria de Jesus, em 2014, por ocasião do seu centenário de nascimento, que culminou com o lançamento do Selo comemorativo. E, se comprometeu em criar a Semana Carolina Maria de Jesus, sugerida pelo coautor da obra lançada e grande estudioso de Carolina. 

“- Fizemos no ano passado, um ano inteiro de Carolina para que fique gravado pra sempre e, confesso que fiquei extremamente feliz e honrado, e ao mesmo tempo impressionado  com o tamanho de Carolina Maria de Jesus no Brasil. Nós temos que fazer mais por Carolina. Devemos,  com certeza, que dar essa resposta, como bem disse o professor,  para o mundo”, finalizou o prefeito Bruno