Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Por falta de manutenção na ETE esgoto cai direto no Borá

Edição nº 1449 - 23 Janeiro 2015

Há doze anos, Sacramento tornou-se uma das poucas cidades do país a inaugurar sua Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), obra viabilizada pelo deputado Nárcio Rodrigues, através do programa Pró Saneamento, do governo federal, custou R$ 2,3 milhões, cujas prestações estão sendo pagas até os dias de hoje. O objetivo era a despoluição do ribeirão Borá que recebia todos os dejetos da cidade, que sofria com o mau cheiro. Fotos da ETE Sacramento e de vários outros municípios, ilustram o manual de Orientações Básicas para operação de ETEs, publicado pela FEAM em 2006 (www.feam.br/images/stories/arquivos/ETE%202.pdf)

Inaugurada em 2002 pelo então prefeito, Nobuhiro Karashima, e pelo próprio deputado, a ETE é um conjunto de obras que teve no início do projeto, duas lagoas coletoras (hoje são três) e 12,3 km de interceptores de 500 a 150 mm, que formam as redes principais margeando o ribeirão Borá, que, por sua vez, captam o esgoto de 53 quilômetros de redes da cidade. 

A unidade de tratamento foi construída na saída da Rodovia Antenor Duarte, que liga a cidade à Gruta dos Palhares. Os interceptores chegam à estação passando antes por uma unidade preliminar de coleta de resíduos sólidos e uma caixa de areia para reter os sólidos pesados, que por venturam caiam na caixa.

“Em seguida, o esgoto é despejado em uma caixa de sucção, alimentada por dois conjuntos de moto-bombas que recalcam o esgoto para as duas lagoas, onde é iniciado o tratamento com o auxílio de bactérias que farão a digestão anaeróbica e a oxidação aeróbica. É um processo que tem a garantia de aproximadamente 86% da remoção da carga orgânica e de 99,9% dos coliformes fecais. A explicação é do engenheiro Osny Zago, diretor do SAAE”. (Edição nº 816 do ET/2002).

Construída para atender a quantidade de esgoto gerada pela cidade por 12 anos, o ex-prefeito, Wesley De Santi – Baguá,construiu em seu governo, a terceira lagoa, em 2012, elevando a capacidade da ETE para o ano de 2032, quando deverá ser construída nova lagoa, ou nova ETE.

 

Interceptores entupidos e grelhas sujas despejam esgoto no córrego

O ET recebeu denúncia informando que a ETE não estava funcionado há muito tempo. No início do ano, repórter deste jornal confirmou a denúncia fotografando a emissão direta da rede dos interceptores diretamente no ribeirão Borá, devido a falta de manutenção da unidade primária, onde chega o esgoto dos interceptores. Confirmou também a falta de gramado no barranco que suporta a terceira lagoa e entupimento das canaletas de água pluvial que contornam a estação, mantas brancas rasgadas e sujeira acumulada por todo canto...

Enfim, um completo abandono que, segundo o denunciante, acontece há mais de dois anos, e agravado no governo atual. 

Mas o principal problema, considerado mesmo um crime ambiental, é o derrame de esgoto dos interceptores diretamente no ribeirão Borá. É o mesmo que captar todo o esgoto da cidade em uma rede e despejá-lo da mesma maneira no mesmo córrego, mais embaixo, sem nenhum tratamento. 

 

Deveria funcionar assim: o esgoto captado na cidade chega através do interceptor à unidade de tratamento primário, onde há, inicialmente, a retenção dos resíduos sólidos, que é feita em duas etapas: numa primeira grelha, ficam retidos os sólidos maiores; depois, numa segunda grelha, ficam retidos os sólidos menores. Daí, o esgoto passa para uma caixa de distribuição, de onde vai para as lagoas. Porém, as grelhas têm de estar constantemente limpas, várias vezes ao dia, do contrário a grelha extravasa e, através de uma tubulação é canalizada até o ribeirão Borá.

 

Marcelino diz que não sabia de nada

Respondendo a e-mail do ET, o atual secretário do SAAE, Marcelino Marra, alegou que não estava sabendo de nada. E que gostaria de receber as fotos com data e horário que foram tiradas e perguntando ainda o seguinte: “O autor das fotos durante a sua visita a ETE esteve com algum dos funcionários do SAAE - ETE? Estas informações são importantes para investigação se neste momento havia alguma bomba com defeito e que não fazia a sucção do esgoto. Se no momento havia acúmulo de água no esgoto de tal forma que o volume a ser succionado fosse maior que a capacidade da bomba. Para sabermos qual funcionário era responsável pelo o horário, o que permitirá uma investigação de tal denúncia”.