Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

O feliz reencontro da Família Costa

Edição nº 1482 - 11 Setembro de 2015

O feriado prolongado de 7 de Setembro trouxe a Sacramento uma das mais tradicionais e queridas famílias da cidade, os descendentes de Raimundo Januário da Costa e Maria Rosa dos Anjos, que tiveram dez filhos: Terezinha, Astrogildo (falecido), Maria Divina, Sebastiana, Luzia, Ana, Ivo (falecido),  José Leandro, Maria Helena e João Antônio, que deram aos pais, 51 netos, mais de cem bisnetos e vários tataranetos, totalizando bem mais de 300 pessoas entre filhos, genros, noras e os filhos dos filhos, dos filhos, espalhados pelo Brasil a fora, até mesmo no exterior. A grande Família Costa.

 A ideia do reencontro foi do caçula da irmandade, João Antonio 62 que, com a esposa Maria Rejane, tomou a iniciativa de reunir os descendentes, depois de 13 anos. “Quando nossos pais eram vivos, sobretudo no tempo da mamãe, nos reuníamos anualmente. Marcávamos uma data e vinha todo mundo. Depois que mamãe faleceu, há 27 anos, os encontros ficaram mais esporádicos e, após a morte de papai, nunca mais nos reunimos”, explica, falando da importância dos encontros para o fortalecimento dos laços familiares. 

“- Eu acredito que isso ocorreu porque a família já vinha formando novos núcleos com os filhos e os netos, o que foi dificultando os encontros. Aliás, nos encontrávamos  em aniversários, casamentos... Mas não era um encontro de família, uma coisa  extremamente importante para o fortalecimento dos laços”, justifica e com razão, 

Com tanta gente, João Antônio já sabia que seria difícil reunir todo mundo, mas o encontro foi muito gostoso, alegre, festivo, uma verdadeira confraternização familiar com mais de 100 descendentes. 

“- Gostaríamos de reunir todos, mas sabemos ser difícil, temos netos, bisnetos e tataranetos que moram fora do Brasil. Mesmo assim, a Carol, veio de Paris e Alzira com o marido Júlio, da Alemanha, e com certeza vamos ter aqui mais de 100 pessoas, uma oportunidade muito grande de reencontro e de nos conhecermos melhor. E o mais significativo é mostrar para os mais jovens, às crianças a importância desse laço familiar. Muitos primos nem se conheciam ou só se viram há muitos anos e só mantêm contatos virtuais. Isto é, têm vivência de se comunicar, mas não  têm a convivência de estarem juntos. Este reencontro para nós é uma volta às origens”, festejou. 

 Dos oito filhos, apenas Terezinha não pôde vir por motivos de doença, mas a festa foi completa com a presença de idosos, adultos, jovens e crianças. Um dos desejos da família era abrir o encontro no domingo com uma missa na capela da fazenda, como não foi possível pela agenda cheia dos padres de Sacramento e, pela impossibilidade da presença de um sacerdote amigo, um dos netos de Raimundo e Maria Rosa, a ação de graças pelo reencontro se resumiu numa oração coletiva, no domingo de manhã, 

  Grande parte dos presentes chegou no sábado, mas a grande  confraternização aconteceu no almoço do domingo e começou com a mensagem de João Antonio, destacando a importância da presença de cada um.  

“- Cada um aqui é um Costa, cada um tem seu valor e sua história. Aqui tem gente da França, da Alemanha, de Portugal, mas desde aquele que mora ali na esquina,  do lado de cá  ou do lado de lá do córrego, cada um tem a sua história, mas cada um é um Costa, cuja história começou lá atrás com Raimundo e  Maria Rosa”, disse e convidou todos para a oração do  Pai Nosso e Ave Maria. 

A partir de então, a animação tomou conta de todos, ao som de René e Banda e regada a muita descontração, muito abraço, riso, contação de 'causos', e uma costela de chão, que foi  um atrativo para os mais jovens. 

 

Família Costa e tradição da Casa do Pão de Queijo 

Todos os dez filhos nasceram em Sacramento, assim como os pais, Raimundo e Maria Rosa. Dos 51 netos, 42 também são sacramentanos.. “Nós, os filhos, nascemos e fomos criados na fazenda Campo Limpo, na região da Gameleira, depois mudamos para cidade. Papai e meu irmão, José, compraram a   Padaria Sacramentana, de Aziz Antônio dos Santos, nos fins dos anos 1960 e  a tocaram por muitos anos. Eu morava no Rio de Janeiro e voltei pra trabalhar na padaria e lá fiquei oito anos.  

Os irmãos foram se espalhando. O Gildo foi para  Brasília há 50 anos, outros foram saindo para  o Estado de São Paulo. Eu fui para Piracicaba e abri a casa  'Pão de Queijo Mineiro', há 37 anos, que já foi a segunda casa, pois a pioneira foi a da Maria, em São Carlos.  O Paulo Duarte, daqui de Sacramento, abriu um Pão de Queijo em São Carlos e levou a Maria para trabalhar com ele. Logo, ele quis vender e a Maria comprou, tornando-se  a casa mais antiga,  aberta há  38 anos. Em São Carlos, Maria tem várias casas e os netos dela já têm casas do Pão de Queijo em Ribeirão Preto.   

Depois vieram as casas de Campinas, aberta pelo José e, depois, Santo André, São Bernardo, São Caetano, Bauru, São Paulo... São 30 casas em sete cidades paulistas. Podemos dizer que é uma rede de casas do Pão de Queijo, embora sejam de donos diferentes, mas todos da nossa família. Isso vem de nossos pais, filhos e, agora,  com os filhos dos filhos, ou seja,  já estamos na terceira geração”. 

Dos dez irmãos, duas moram em Sacramento, a Luzia e a Sebastiana, dos irmãos que moram fora, apenas o de Brasília  não abriu a casa do Pão de Queijo, todos os demais estão no ramo, além de sobrinhos e netos, relata João Antônio, que recorda o pai com carinho. “Para o papai era uma felicidade, quando ia a Piracicaba. Com mais de 80 anos,  ficava o dia inteiro trabalhando comigo, ele tinha muita experiência com comércio. Nós temos, realmente, que comemorar”, afirma. 

De acordo com João, as casas, durante muitos anos, eram especificamente de pão de Queijo, hoje, diversificaram até para atender a demanda de mercado, mas o tradicional pão de queijo continua. “A Casa é do Pão de Queijo e ele é o carro chefe, mas as casas foram expandindo. Nós, hoje, em Piracicaba, temos uma linha de produtos muito vasta, atendemos supermercados, festas coquetéis, cantinas escolares, mas a mineiridade continua em todas as casas”, informa.

João Antonio é casado com a também sacramentana, Maria Rejane, filha de Pedro Castanheira e Célia. O casal tem três filhas, a mais velha segue a tradição da família com a Casa do Pão de Queijo.

 Para José Leandro, hoje o mais idoso dos homens, o encontro vem coroar os laços familiares. “Muito importante este reencontro. É um momento para nos revermos, firmamos laços e preservarmos aquilo que nossos pais nos ensinaram: a união. Na minha opinião, devemos nos reunir assim, anualmente, mesmo sabendo que nunca vai dar para reunir toda a família, mas independente de quem possa vir, essa tradição deve voltar como no tempo da nossa mãe. Ela e papai, de onde estiverem, com certeza estão muito felizes”, comenta.

Foi graças ao filho José que toda essa ligação da família Costa com a mais tradicional quitanda mineira teve seu início. “Fui o mentor e estão aí os frutos. Eu trabalhava na Padaria Sacramentana, de Aziz Antônio dos Santos, e quando ele quis vender, logo me interessei. Falei com papai e entramos de sócios. Dei o primeiro passo no ramo e todos abraçaram e os frutos estão espalhados pelo estado de São Paulo. Comecei em Campinas, onde estou até hoje e vejo que valeu a pena”, reconhece.

E, Maria, a mais longeva das irmãs, residente em São Carlos, completa: “Muita felicidade podermos nos encontrar, rirmos juntos, nos abraçarmos, conhecer os pequenos da família e mostrar-lhes que somos todos Costa. Estou maravilhada, precisamos nos ver mais amiúde, porque aqui tem parente que muitos não conheciam, outros, vimos quando eram crianças e hoje estão moços.  Afinal, o tempo passa pra todo mundo, então é fazer essa festa pelo menos uma vez por ano. E vivam os Costa!”, celebra.