Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Loja maçônica centenária é reaberta na cidade

Edição nº 1476 - 31 Julho 2015

Um grupo de sacramentanos, com apoio de irmãos maçons uberabenses, reabriram em Sacramento a Loja Maçônica Estrela de Minas, que funcionou no povoado do Bananal no início do século XX, provavelmente uma das primeiras da região, tendo como último venerável, Carlos Nonato de Oliveira França. A iniciativa partiu do irmão maçom, ex-venerável e um dos fundadores da Loja Maçônica Acácia do Borá, Wagner Cunha, com a ajuda de Antonio José Pereira, de  Uberaba, e que hoje frequenta a centenária loja em Sacramento e, também do irmão Neilson Amâncio, eleito seu primeiro Venerável. 

“- Essa loja estava adormecida há quase cem anos. Ela é bem mais velha que a Loja Estrela Uberabense, que tem 97 anos. Não temos dados sobre o fundador, mas o último venerável foi Carlos Nonato. Como gosto de pesquisar, descobri que a loja foi fundada na região do Bananal. Com esses dados, fomos a Brasília, na Grande Oriente, e conseguimos a documentação para reerguer a loja aqui na cidade e conseguimos”, relata Cunha.  

De acordo com Wagner Cunha, como a zona rural, naqueles idos de início do século XX, era bem povoada, as reuniões da Estrela de Minas eram realizadas nas fazendas dos irmãos que pertenciam à loja. “As reuniões eram realizadas nas cocheiras ou nos porões das fazendas, conforme pudemos apurar. Eram todos coronéis e as reuniões eram vigiadas pelos escravos pra ninguém chegar”, relata Cunha, que embora tenha trabalhado para reabrir a nova Loja, continua fiel à Acácia do Borá. 

“- Fui iniciado na Loja General Sodré, onde permaneci durante muitos anos, até que um grupo de irmãos, entre eles o juiz Rui da Matta, Luciano Lavor, Aldenê Gomide, Expedito Almeida, de saudosas memórias, Otoniel, o seu Tino, eu além de outros, decidimos fundar a Acácia do Borá, um sonho antigo de um irmão maçom, apaixonado pela Maçonaria, que queria fundar a loja, o Joaquim Gonçalves de Araújo, o Joaquim São Roque, mas que partiu antes da loja ser aberta”, recorda, justificando como nasceu a Acácia do Borá, hoje com uma bem montada sede própria.  

Segundo Wagner Cunha tudo nasceu do cumprimento de uma promessa. “Eu fiz  uma promessa para o Joaquim São Roque. Quando ele estava muito  doente, queixou-se a mim: 'É compadre, a loja nós não vamos fundar'. Naquele momento eu respondi: Pode ir, amigo, que a loja eu fundo'. E assim aconteceu, reuni o pessoal que acatou a intenção de Joaquim e a Acácia está aí há mais de 25 anos”.

Referindo-se ao diferente e bonito nome da loja, Acácia do Borá, diz Wagner que o nome tem uma grande simbologia dentro da Maçonaria. “A Acácia é o símbolo por excelência da Maçonaria, o símbolo da iniciação para uma nova vida, e Borá é um símbolo marcante em toda a história da cidade”, explicou.

Quem foi Carlos Nonato
Carlos Nonato de Oliveira França nasceu no Desemboque, a 31 de agosto de 1841 e morreu na fazenda do Bananal, de sua propriedade, a 2 de setembro de 1901. Casado com Flora Maria de Lacerda França, falecida em Conceição do Araxá, a 1º de Abril de 1909, teve vários filhos.
Foi negociante, agricultor, no município de Sacramento, onde ocupou cargos públicos de nomeação do Governo e de eleição popular, como vereador suplente em duas legislaturas (1871/1872), junto ao primeiro agente executivo, Manoel Gonçalves de Araújo, da recente elevada à cidade, a então Vila do Santíssimo Sacramento, chegando a ocupar a cadeira.
 Já na 2ª legislatura (1872/1873), Carlos Nonato, ainda suplente, substituiu Vicente de Paula Vieira, nomeado Juiz de Paz. O capitão Joaquim Machado de Moraes e Castro assumiu a vaga do Padre Domingos José de Almeida que deixou o cargo para assumir como pároco da Freguesia do Espírito Santo da Forquilha, hoje, Definópolis. 
 Volta à cena  em 1887 a 1890, como vice presidente do Agente Executivo e Legislativo, Augusto César Ferreira e Souza. Depois não aparece mais o nome dele na CMS, permanecendo no Desemboque como Juiz de Paz do povoado, procurador e comerciante.
Carlos Nonato foi neto do Tenente Coronel José Manoel da Silva e Oliveira Filho, que nasceu no Desemboque a 1º de Novembro de 1802, influente fazendeiro da região, casado com  Joana Francisca de Paiva, tendo o casal, como diz a história, um monte de filhos e netos, um deles, o Coronel Carlos Nonato de Oliveira França.
Proprietário da fazenda Bananal, situada a 30 quilômetros ao norte da Estação Férrea de Jaguara, onde por longos anos de sua vida dedicou-se a agricultura, o Tem. Cel. José Manoel foi um dos maiores propagandistas do Desemboque. De prestígio iliminatdo, foi chefe político do Partido Conservador, único que existiu naquele lugar, e ao qual pertencia o Cônego Hermógenes de Araujo Brunswick, vigário do Desemboque, seu professor de latim e história.
 O Tenente Coronel José Manoel exerceu cargos de nomeação do Governo como Delegado de Polícia e Juiz Municipal e de eleição popular como Juiz de Paz e Vereador Municipal do Desemboque, onde faleceu a 29 de Julho de 1862. Em recompensa desses serviços prestados, foi agradecido por S. Majestade o Imperador com a medalha de Cavalheiro da Ordem de Cristo.