A sacramentana Rosileia da Costa Borges, Leia, que já foi destaque em diversas mídias brasileiras, por dar uma lição de superação de sua paraplegia, ao voltar às suas atividades normais como professora regente de sala e motorista de seu próprio veículo, mais uma vez foi destaque na imprensa, desta vez, no programa Encontro, da Rede Globo, com Fátima Bernardes, levado ao ar nesta terça-feira 8.
Antes de ir ao programa, Leia foi acompanhada pela repórter Gabriela Lina, no último dia de aula, na EE Profa. Henriqueta Rivera Miranda, em Rifaina, quando colheu depoimentos de alunos que a definiram como uma “Uma guerreira”.
“- A cadeira de rodas não a impede de realizar as atividades”. “Nunca vou esquecer o dia que ela ficou de pé. Faz tudo sozinha”. “Uma vencedora na vida. uma vencedora, é um exemplo muito grande para todos nós”, afirmam os alunos. E depoimento também da mãe, Regina Borges, que explica a sua superação: “O amor pela profissão falou mais alto. Ela ficou afastada cinco anos, mas quis voltar a trabalhar, quis ser útil”.
Após a exibição da reportagem feita em sala de aula, Fátima Bernardes, a questionou: “você se imaginava tão útil assim, logo que tudo aconteceu?” E a resposta veio de pronto: “Quando a gente se forma professor - acredito que a maioria encara dessa forma - é uma missão, porque é a partir de um professor que se formam as demais profissões”.
Leia completou, ressaltando ainda mais a profissão. “Por isso, o professor necessita desse respeito, dessa valorização, independente de tudo o que passei. Antes do acidente, eu já trabalhava com os alunos os valores e atitudes, o respeito às diferenças sem nunca me imaginar nessa condição. E, agora, na condição de uma pessoa com necessidade especial, e poder fazer algo que possa fazer a diferença na educação, para mim, é gratificante”.
Ao se levantar na cadeira, Leia foi explicando a vantagem para o organismo com o fato de ficar de pé, tais como a melhora o funcionamento dos órgãos internos, o ortostatismo (descarrega o peso e o consequente fortalecimento dos ossos), por exemplo. O que foi confirmado pelo médico neurocientista, Fernando Gomes Pinto, Professor Livre Docente de Neurocirurgia Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), que destacou inclusive a melhora na auto-estima. “O cérebro gosta de desafios. Independente da dificuldade do sistema nervoso, ele é acionado para devolver tudo isso e muito mais. Áreas que estão preservadas da sensibilidade começam a enviar estímulos, então é possível namorar, ser feliz”, explicou.
O irmão Roberson Kairon Borges (Tatinha), que se emocionou durante todo o programa, ao ser entrevistado, recordou o acidente. “Eu estava com ela no acidente e a encontrei desmaiada debaixo do carro. Pensamos até que ela tivesse morrido e de repente vê-la assim... Eu me emocionei ao assistir à reportagem na escola, porque apesar de ela dizer que era bem tratada eu nunca tinha visto. Vi também minha mãe falando... E é um orgulho ter essas duas mulheres em minha vida. Minha irmã é exemplo de mulher, de mãe, de filha, de irmã e nos orgulhamos muito. E mais uma coisa, quando ela chega nos lugares as pessoas a olham diferente, mas não por ela ser cadeirante, mas porque ela é diferente”.