Carolina Maria de Jesus: Ganha selo comemorativo

A escritora sacramentana Carolina Maria de Jesus foi homenageada pela cidade no último domingo 7, com o lançamento de um Selo Oficial emitido pelos Correios, alusivo às festividades comemorativas de seus 100 anos de vida. O prefeito Bruno Scalon Cordeiro, a filha da escritora, Vera Eunice de Jesus Lima, e o chefe da agência local dos correios, José Américo de Oliveira, participaram da cerimônia de lançamento feito em praça pública, durante a apresentação do espetáculo, 'Natal em cantos de luz'.. Destacando as inúmeras homenagens à escritora Brasil a fora, em comemoração ao seu centenário de nascimento, o prefeito ressaltou a repercussão internacional que alcançou sua obra. “Ela que teve sua obra traduzida em mais de 15 idiomas e é conhecida em mais de 50 países, por isso, em Sacramento, sua terra natal, temos não só o dever de honrá-la e homenageá-la, mas também a alegria de poder dizê-la nossa conterrânea”, disse, passando ao lançamento do Selo Oficial Carolina Maria de Jesus e entregando à filha de Carolina, Vera Eunice, a primeira carta selada endereçada a sua mãe, com os dizeres: “Querida Carolina, nosso muito obrigado pelo seu exemplo, seu legado e por fazer parte da nossa história. De seus conterrâneos, nós, sacramentanos”.

“Sou muito orgulhosa de ser filha de Carolina...

Agradecendo a homenagem da cidade, a Profa. Vera Eunice destacou sua alegria ao participar da homenagem a sua mãe. “Participei de vários eventos este ano em homenagem a minha mãe, e não poderia deixar de vir a um evento na sua cidade natal. Sou muito orgulhosa de ser filha de Carolina e viver a repercussão de sua história, que a faz ser considerada a maior escritora negra do Brasil. Estou feliz, assim como  todos os sacramentanos, por terem Carolina Maria de Jesus como irmã de vocês. Muito obrigada!”, agradeceu. 

Em entrevista ao ET, falando das homenagens recebidas por Carolina durante este ano, a filha, Vera Eunice, afirmou que foi este ano que realmente conheceu a escritora Carolina. 

“- Este ano é que conheci a verdadeira Carolina, porque eu a tinha apenas como mãe, hoje, a tenho como uma grande escritora. Para mim foi uma surpresa muito grande, porque não esperava que tivesse essa repercussão toda em torno do seu centenário e que tinha que terminar em Sacramento, sua cidade natal, e que aqui receberia uma homenagem tão digna e tão a altura da que foi hoje. Fico contente com a homenagem”. 

De acordo com Vera Eunice, as homenagens a Carolina ainda continuam Brasil a fora, como a Flink Sampa; a inauguração da Central Mecanizada de Triagem de Resíduos Sólidos,  que leva o seu nome; a Balada Literária; Troféu Raça Negra da Faculdade Zumbi dos Palmares; a reedição do Diário de Bitita e Quarto de Despejo e, para o próximo ano, segundo Vera Eunice, Carolina será tema de uma Escola de Samba e o escritor Carlos Alberto Cerchi prepara o lançamento do livro, Cinderela Negra. 

“- Foram muitos eventos, além dos trabalhos nas escolas envolvendo crianças e jovens. Tudo isso é muito gratificante. E o interessante é que meus alunos da 5ª série me olham como se nunca me tivessem visto. Os pais falam do orgulho de me ter como professora de seus filhos, a filha de uma escritora. Tudo isso enaltece o nome dela, é um grande reconhecimento”. 

Destaque-se ainda o projeto, 'Vida Por Escrito', do Professor Doutor em Literatura, Sérgio Barcellos que fez a organização, classificação e estabelecimento do arquivo de Carolina Maria de Jesus, no Arquivo Público de Sacramento, apresentado no 'Encontro Nacional em Torno de Carolina Maria de Jesus - Para Além dos Diários”, realizado nos dias 26 e 27 de novembro na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). 

Finalizando a entrevista, Vera Eunice se declara agradecida. “Esse centenário foi muito bom, porque revelou muita coisa. Por exemplo, eu sabia que a Carolina Maria de Jesus foi a escritora brasileira que mais vendeu livros até hoje. Audálio Dantas diz que não houve e não mais haverá outra Carolina Maria de Jesus no Brasil, com toda a sua história. Há muita gente fazendo trabalhos sobre ela, de crianças a doutores estudando sobre ela, descobrindo seus poemas, suas músicas, romances. Muitas peças de teatro sobre ela e, agora, no cinema, o  longa metragem que está sendo preparado. Com isso, o povo está conhecendo Carolina e isso  me deixa muito feliz”, finalizou. 

Vera Eunice é professora de língua portuguesa. “Tinha que ser língua portuguesa, não é? – pergunta, sorrindo e afirmando que só trabalha em escolas de periferia.  Viúva, mãe de cinco filhos e seis netos, Vera mora com o filho caçula.  “Meus filhos agora é que estão conhecendo a avó e estão assustados. Fomos à homenagem Troféu Raça Negra e quando chegamos, meu filho se assustou. E hoje todos estão aqui para essa homenagem à nossa matriarca”. Além de Vera Eunice, Carolina teve outros dois  filhos, João e José Carlos.