Banda Forró de Ouro é vítima de acidente na BR 262

Um acidente na BR 262, no trevo de acesso a Ponte Alta envolvendo o ônibus da São Geraldo e uma caminhonete GM D20, que saíram de Sacramento por volta das 17h, num primeiro momento  deixou em pânico a cidade. Felizmente, não houve vítimas fatais.

O ônibus da São Geraldo saiu da rodoviária de Sacramento às 17h, conduzido por Lázaro das Graças Caixeta, 58, levando apenas uma passageira. Pouco tempo depois, saiu a caminhonete D20, 1994, cabine dupla com cinco passageiros, o motorista, Humberto Bizinoto, Josimar de Oliveira e a dupla,Valdir e Franciel, todos músicos, integrantes da banda Forró de Ouro, além de Adriana Nunes Luz, namorada de Humberto.  A banda seguia para um show na cidade de Frutal.

No trevo de acesso a Ponte Alta, segundo informações de terceiros e dos envolvidos, ao fazer o trevo da BR 262 que dá acesso ao povoado, Caixeta não parou no cruzamento da BR e foi atingido violentamente pela caminhonete GM D20 da banda, entre os dois eixos do carro que, pelo impacto e inércia, ficou tombado na pista. 

O trânsito dos dois lados da pista chegou a ficar interditado. Socorristas da Concessionária responsável pelo trecho e Corpo de Bombeiros da PM estiveram no local prestando socorro às vítimas. A passageira Adriana, que viajava no banco da frente ao lado do motorista, foi a única que teve ferimentos graves. Presa entre as ferragens, os bombeiros precisaram serrar parte da porta para retirá-la do veículo. 

A jovem de 22 anos foi transportada pelo carro de resgate até o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM, de Uberaba, onde continua internada. Depois de passar por duas cirurgias ao fraturar ambas as pernas, Adriana foi levada para a UTI em coma induzido, devido a um traumatismo craniano. 

Humberto, que teve o joelho fraturado, foi transportado para o hospital São Domingos, onde passou também por cirurgia. A passageira do ônibus foi socorrida e apresentava ferimentos generalizados pelo corpo, mas sem gravidade.  Caixeta e as demais vítimas, que tiveram ferimentos leves, foram também encaminhadas para atendimento em Uberaba. 

“Graças a Deus estamos salvos”

O músico tecladista e acordeonista, Josimar da Silva de Oliveira (foto), 28, que há dez anos integra a Banda Forró de Ouro, se recupera do susto e das dores no corpo, já em casa. Falando ao ET, disse que deu  graças a Deus pela vida. “Graças a Deus estamos salvos, poderia ter sido uma tragédia, se fosse um daqueles ônibus antigos. Os de hoje são bem mais leves, muita fibra e plástico. Já a caminhonete, ao contrário, por ser uma D 20 antiga, muito mais resistente do que as atuais, também contribuiu para nos proteger. E, por sorte ainda, o ônibus estava vazio. Graças a Deus não houve o pior”.

De acordo com Josimar,  estava entardecendo, mas havia boa claridade solar ainda na pista quando ocorreu o acidente.  “Eu estava cochilando, quando ouvi o pessoal gritando: “O ônibus, o ônibus não parou...”. O Humberto foi freando, freando e eu só me firmei no banco, levantei os braços e cobri o rosto, mas ainda tinha esperança de que iria parar e, de repente, a pancada bem no meio do ônibus”. 

Disse Josimar que o ônibus não parou no trevo. “Ele chegou e entrou. O Caixeta disse que não viu a caminhonete.  Não dava pra parar a caminhonete com cinco pessoas, carregada de instrumentos a menos de 30 metros. Ela foi derrapando no asfalto com a frenagem até bater... Graças a Deus todos o estávamos usando cinto de segurança”, agradeceu.

Josimar relata ainda que havia um tráfego intenso na rodovia, nos dois sentidos e num dos veículos estava um bombeiro de folga que deu os primeiros socorros. “Assim que refiz, mas foi quase que de imediato, saí da caminhonete e vi o bombeiro chegando e já tomando as primeiras providências, porque a caminhonete e o ônibus estavam ligados e vazando combustível. Ele desligou tudo, sinalizou a pista e logo em seguida foi chegando o resgate e, pouco depois, o corpo de bombeiros. A única pessoa que estava inconsciente era a Adriana, saía muito sangue da cabeça dela, eu a chamava e nada...”. 

Em meio a todo sufoco, Josimar se lembrou da família. “Os carros foram parando, as pessoas fotografando e eu pensei: 'Meu Deus, agora mesmo isso está na internet e vai matar todo mundo de susto', procurei meu celular, cadê? Acredito que pela força do impacto, meu celular e minha carteira, não sei como, caíram na pista, a uns dez metros de distância.  Um rapaz do resgate foi quem encontrou a carteira e o celular todo separado. Liguei para o meu pai e avisei que estava tudo bem, mas logo ele chegou”, afirma ao lado do pai, Valmir de Oliveira (Mirim) que completa, lembrando um hábito do filho.

“- Ao viajar, Josimar sempre liga logo que chega ao destino. E, dessa vez, eles praticamente tinham acabado de sair e ele ligou. Eu fiquei doido na hora...”. O impacto da batida foi tão forte, que a caixa do acordeom e um  estante de partitura que estavam na carroceria com outros instrumentos ficaram danificados. 

Josimar se recusou ser levado para Uberaba, preferiu vir para Sacramento, onde foi medicado e liberado. “O resgate insistia, mas eu disse que precisava vir dar a real notícia para os familiares, porque, com certeza, as notícias na internet deviam ter assustado todo mundo, então permitiram”. Mas como estava com muita dor no corpo foi a Uberaba na segunda-feira 8, onde passou por uma bateria de exames. 

Ponderando sobre tudo o que aconteceu, Josimar afirmou que estava ainda vivendo um grande trauma. “Tive medo de ir para Uberaba, a gente fica traumatizado. Eu nunca imaginei passar por isso e não vou mais pegar estrada pra tocar. Faço isso há dez anos, muito mais por hobby, prazer, por gostar  mesmo, que por dinheiro, mas decidi, não vou viajar mais para shows...”, revelou, emocionado.

“Eu estava levando ali várias famílias 

Humberto Ferreira Bizinoto, 51, que passou por cirurgia na patela do joelho esquerdo, e sofreu fortes contusões na altura das costelas, lado direito, já está em casa em recuperação. Um dos criadores e integrante da Banda Forró de Ouro há 23 anos, Humberto contou que e nesse tempo todo sempre dirigindo e viajando para  shows, nunca havia sofrido um acidente.

“- São 23 anos, sempre viajando, enfrentando asfalto, estrada de terra, caminhões  bitrens,  treminhões, nunca houve um acidente, um esbarrão sequer, mesmo com o cansaço depois dos shows, como fizemos tantas vezes, imprudência que não fazemos mais. Hoje, após os shows, vamos para o hotel e retornamos só depois do sono recuperado. E agora isso...”, pondera, lembrando o fato.

“- Adriana e eu íamos na frente e os três meninos atrás, graças a Deus,  todos com cinto. E no trevo da Ponte Alta, acredito que a menos de 30 metros, o ônibus que estava parado no trevo, saiu na minha frente e entrou na pista, eu pisei no freio e a caminhonete foi derrapando uns 20 metros. Quando vi que ia bater, eu  falei para os meninos: 'Segura, pelo amor de Deus,  que vamos bater'. E a caminhonete freada bateu no meio do ônibus, entre os dois eixos”. 

Humberto contou que não teve como desviar do ônibus, porque, pelo seu tamanho, o carro tomou praticamente toda a pista da rodovia. “O ônibus estava todinho tomando a pista e eu não tinha como sair para os lados, também devido aos barrancos. Se o ônibus estivesse cheio... E se tivesse batido na frente, o motorista estaria morto, mas foi no esquadro, bem no meio...”, contou, lembrando que, logo após a batida, percebeu a namorada inconsciente. “Olhei Adriana e vi que estava desmaiada no banco, tentei  sair da caminhonete e caí na pista com o joelho arrebentado, não consegui andar, não dava conta nem de respirar e ouvi o Caixeta falando: 'Não vi a caminhonete...'”, lembrou, ainda emocionado.

De acordo com Humberto, na avaliação da Polícia Rodoviária, poderia ter sido uma tragédia muito maior. “A polícia falou que se fosse um carro ou uma caminhonete dessas mais modernas, por exemplo, teríamos virado sardinha”, disse mais, ressaltando sua responsabilidade na qualidade de motorista da banda. 

“- São momentos que a gente nem sabe o que passa na cabeça, eu estava levando ali várias famílias. Nem sei o que senti na hora que vi que iria bater... É um susto muito grande e só tenho que agradecer a Deus... Não consigo dormir, só vejo o ônibus a hora que fecho os olhos. Eu não tinha pra onde ir... Foi como se fosse uma enorme parede branca que a gente vai e bate a testa”,  disse entre lágrimas.

Humberto, que deve ficar de repouso por 90 dias, devido à cirurgia no joelho,  durante a entrevista, lamentou o caos que se encontra a saúde. “Tenho convênio da Unimed, por isso eles me levaram para o Hospital São Domingo, porque acharam minha carteirinha. No dia que recebi alta, para uma ambulância me trazer, teríamos que pagar R$ 1 mil”, lamentou, queixando-se também do serviço em Sacramento.

“- Como cidadão sacramentano, pedi ambulância aqui da cidade, mas exigiram um laudo do médico, mostrando a necessidade do transporte, do contrário a secretaria de Saúde não liberaria, deixando claro, ainda, que iria demorar. Pra resolver e evitar mais dissabores, vim de carro. Meu filho Thiago, colocou umas caixas de papelão, eu deitei e coloquei a perna pra cima e vim parar em casa. Infelizmente,  a gente,  quando mais precisa, tem que passar por isso...”.

Para Humberto, a lição que fica é de que “na vida a gente vai vivendo e aprendendo mais e mais. Não somos nada, por isso temos que ser humildes, viver bem com os outros... Temos que ter consciência de que hoje temos de dirigir mais para os outros do que pra gente mesmo. E que Deus é grande! Uma coisa é certa, naquele dia, nós, todos, nascemos de novo, teremos a partir de agora duas datas de aniversário. Agradeço muito a Deus por nossas vidas”, finaliza, mais uma vez em lágrimas. 

O filho Thiago Bizinoto, 28, bancário, radicado em Brasília há cinco anos, ao lado do pai, conta que assim que soube, largou tudo e veio para Uberaba. “Quase que de imediato fiquei sabendo, meu irmão Leonardo me avisou e, de lá mesmo e até conseguir chegar a Uberaba, fui me mantendo informado. Agora que ele está em casa, estou tomando as providências necessárias, devido a necessidade de repouso de 90 dias”, informou, agradecendo a Deus pela vida de todos 

“- Graças a Deus, todos estão se recuperando bem. A Adriana ainda internada está se recuperando bem e  tudo vai sendo  solucionado, graças a Deus. Acima de qualquer coisa está a família, parei tudo o que estava fazendo e vim dar assistência no que for preciso”. 

“Adriana continua internada...

“Adriana está se recuperando bem”. A informação é do pai, Fernando José da Luz, que explica que Adriana quebrou o fêmur da perna esquerda e a tíbia (mais conhecido como osso da canela) da perna direita, sofreu traumatismo craniano do lado direto atingindo a face. Passou por cirurgia e até a quarta-feira permanecia em coma induzido. 

“- Os médicos ainda não manifestaram nada, se ficará alguma seqüela ou não. Eles são atenciosos, passam informações sobre o quadro clínico, mas não deram nenhuma posição, afirmando que a preocupação agora é normalizar a situação. Eles disseram que iriam parar a medicação do coma e que leva três dias para normalizar. Mas ontem  (quarta-feira) eu vi que o lado esquerdo dela está respondendo aos estímulos, ela reage. Do lado direito, a reação é menor, mas se Deus quiser ela vai se recuperar”, disse com convicção. 

De acordo com o empresário da construção, Fernandinho, ele só soube do acidente às 23h. “Como estava fora da cidade, não conseguiram me avisar. Mas logo que cheguei,    saí imediatamente para Uberaba e Adriana já estava na sala de cirurgia. Foi um susto muito grande pra gente, mas Deus vai ajudar. Os médicos já falaram que o tratamento deve ser longo, por isso já trancamos a matrícula do curso de enfermagem”, explicou, agradecendo e elogiando a excelência do atendimento no HC. 

Falando em nome da Banda Forró de Ouro, o filho de Humberto, Thiago, aproveitou para agradecer as manifestações de solidariedade, apoio moral e psicológico, visitas e orações de amigos e sociedade sacramentana, pedindo e orando também pela recuperação total de Adriana. 

“- Ela está se recuperando bem, mas é grande ainda a expectativa, por isso pedimos as orações de todos. Deus lhes pague por tudo!”, agradeceu Thiago.