Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Aydê Borges Pierine: Nunca perdi as raízes...

Edição nº 1449 - 23 Janeiro 2015

Ela diz que nunca perdeu suas raízes porque sempre esteve ligada a Sacramento através das páginas do ET, desde 1973, quando deixou a cidade para cursar Letras em Franca. Depois de dois anos, Aydê Borges mudou-se para Ribeirão Preto onde concluiu o curso, na Faculdade  Barão de Mauá. 

 Passou por Campinas antes de chegar a Belo Horizonte, para iniciar sua vida profissional, na multinacional, General Eletric, como tradutora intérprete de Inglês. E foi na GE que conheceu o marido Gilmar Pierini.

Já casada, muda de emprego e vai trabalhar em outra multi, alemã, do grupo Prevenious, onde chegou a gerente geral de vendas nos 14 anos em que esteve lotada na empresa, até 1991, quando decidiu montar a sua própria empresa, a Tecnomed. 

 “- Na Tecnomed comercializamos todo tipo de material de consumo médico e hospitalar nacional e importado para todo o Estado e fora do estado também. Um trabalho de que gosto muito, me realizo. Digo que a empresa é meu terceiro filho e estamos sobrevivendo às oscilações financeiras do país. Tenho vendedores em várias regiões”, conta no papo que teve com o ET, na visita que fez à família, durante as festas de fim de ano. 

Filha de Mário Borges da Silva (de saudosa memória) e de Maria Ribeiro Borges, mais conhecida como Sílvia, Aydê cresceu com os irmãos Adalberto Lúcio (Rosely), Lúcia Helena (falecida), Sandra (Ramon), Lília, Leila (Antonio) e Cláudia. O casamento com Pierine há 34 anos deu ao casal dois filhos, Thiago, engenheiro eletricista que se casou recentemente com Márcia, e a filha Ana Carolina, arquiteta.

 

Aydê está entre os mais antigos assinantes do ET

Em novembro próximo o ET completa 47 anos de circulação ininterrupta. Desses, quase 40, Aydê é nossa assinante. E reconhece o fato com grande carinho. “Espero ansiosamente a chegada de cada exemplar. Passa um filme na minha cabeça ao ler cada linha, inclusive os anúncios, é um filme que passa ao recordar da terrinha, dos amigos, da família. Para mim é um presente semanal e o interessante é que guardo e fico revendo as histórias. A gente que está fora quer saber onde andam as pessoas queridas e tenho essa oportunidade através do ET”, destaca, recordando fatos de sua vida na cidade. 

“- Foi um tempo muito bom, uma infância,  adolescência e juventude  muito boas. A Escola Coronel era referência, uma   educação muito boa, dava-nos  uma base muito grande. Lembrar dos colegas de escola, as idas ao jardim após as aulas... lembranças muito  inesquecíveis...”. 

 

Belos tempos, belos dias 

Lembrando de colegas de sala e professores, Aydê vai desfilando aos poucos um grande número de amigos deixados na cidade natal. Astolfinho Araújo, Cida Vieira, Alzira Rodrigues da Cunha, José Ricardo, Lívia Almeida, Licinha, Regina Crema, Sonia Borges, Rosângela Zandonaide, Pama Loiola.  

“- No primário, lembro-me bem da professora Eulices Gobbo e tive muitos colegas, porque na verdade fui reprovada. Eu gostava muito de voleibol, me descuidei dos estudos e bombei em História na 7ª série com Dona Célia. Meu pai chegou a me bater, porque eu não largava a bola (risos). Por isso eu tive duas turmas. Dentre os muitos colegas, havia a Sandra Francesca, por quem eu tinha uma grande admiração, ela era muito inteligente, brilhava na escola, eu, às vezes me espelhava nela”, diz, recordando uma passagem engraçada.

“- A dona Eulices era muito brava,  ela saía dando coque em cada um dos alunos, e um dia, quando ela chegou no Zé Ricardo, ele tirou a cabeça e ela 'toc' na mesa. Pra quê? Foi um riso só. Nunca me esqueci disso... Na nossa turma tinha também o Beto do Leônidas, que implicava com meu cabelo sempre preso: 'Dedê, quando é que você vai soltar este cabelo?”   

Lembra mais Aydê que no ginásio (hoje, do 6º ao 9º ano do ensino fundamental) eram muitos colegas. “Mas me lembro muito das aulas de Matemática do Prof. Lindolfo. Era uma fera ele, mas eu era muito boa em Matemática e ele vivia pegando no meu pé, ameaçava me mandar pra fora da sala, porque me viu passando  cola. E o medo que a gente tinha dele nos arremessar um molho de chaves (risos). Aliás, medo era o que não faltava, de quase todos os professores...”

 

Paixão pelo vôlei

Dedê conta que se fosse hoje, com todo incentivo que dão ao esporte, ela seria, com certeza uma das atletas de ponta da cidade, com algum profissional investindo nela. “Vejo a Profa. Bethânia fazendo esse trabalho maravilhoso em Sacramento e penso que se vivesse esse tempo seria uma grande jogadora de vôlei. Acho que  teria ido em frente. Eu era muito boa, mas cheguei a apanhar por isso. E me lembro que dona Eleusa gostava muito do meu jogo, então eu nunca ficava de fora”, diz, destacando a emoção que vivia nos jogos. 

“- Uma vez, minha turma foi jogar com a turma da Mizinha e eu rezei, pedi a Deus,  como se fosse um jogo olímpico, na quadra da escola”, diz mais com uma boa rizada, citando algumas das atletas. “Nosso time era formada pelas irmãs Bel e Tereza Silva,  Hilda Prado, Ana Maria Rodrigues da Cunha, a Deise Araújo... Esse mesmo time formou a equipe da Faculdade de Franca. Modéstia à parte, éramos muito boas. Não perco nada do vôlei  de Sacramento, da Camila Brait...”.

 Aydê tem também outra paixão, é torcedora fanática do Cruzeiro. E não perde um jogo da Celeste. “Tem jogo, estou no Mineirão, no Mineirinho, em Contagem, onde o Cruzeiro jogar por ali, lá estou eu”. E com os filhos criados, embora ainda trabalhe, ela encontra mais tempo para si mesma, indo aos teatros, viagens de férias, como a de Miami no mês passado. “Adoro viajar, acho que se algum dia eu parar de trabalhar, viajarei o mundo inteiro”.

 

As perdas da vida

Na vida, claro, nem tudo são flores e Aydê se emociona ao se lembrar do pai, Mário Borges, da sorveteria, dos amigos que se foram. “Papai, a meu ver, faleceu muito jovem, aos 74 anos. Era sadio e de repente  morreu. É como se tirasse uma parte da gente. Meu pai era muito alegre, era, digamos, 'uma peça', metido a falar francês. Sinto muita falta dele. Eu vinha nas férias e o ajudava a fazer sorvetes, aliás, todos nós ajudávamos  muito, dali ele tirava o nosso sustento. E era um sorvete delicioso, papai fazia tudo com muito amor”, diz, emocionada, recordando outra pessoa muito querida.

“- O Viriato, meu Deus,  uma pessoa fantástica, que ficava na sorveteria  ao lado do meu pai. A gente mal o ouvia conversar, mas a sua  presença dava  a todos nós muita segurança. Papai tinha muita confiança nele,  deixava o bar por conta dele. Era um grande amigo... Eu nunca imaginei que papai fosse morrer do coração, porque era muito tranquilo, muito paciente...”, ressalta, destacando também a perda de amigos.

“- Acompanho pelo ET e a gente acaba sofrendo com as famílias, com as perdas. A cidade é uma grande família, todos se conhecem, então o sentimento é grande”, finaliza, agradecendo pela entrevista.