Leitor do jornal O Estado do Triângulo, produtor rural, colaborador esporádico do Lar São Vicente de Paulo, mais conhecido como Asilo dos Velhos, ADM, faz uma série de denúncias sobre a entidade e o atendimento prestado aos idosos com o título, “O povo quer saber”. Segundo o denunciante, o mesmo questionamento seria encaminhado ao Ministério Público.
“- Descobri tudo isto em uma visita que fiz ao Asilo no final de outubro, e não entendo por que as autoridades responsáveis que fiscalizam não descobrem tanta coisa errada. Queremos saber se os funcionários são coagidos a não falar? E eles acabam por acreditar que o certo é assim, mas isto não foi o que demonstrou uma das funcionárias com quem conversei. Ela estava muito revoltada com a diretoria, com a forma como estão tratando os idosos e funcionários (meros objetos de lucro), palavras da funcionária que teme perder o emprego, e que me pediu que ficasse entre nós, mas isto é impossível, porem não citarei nomes”, disse na carta enviada ao ET.
Diante das denúncias, o ET foi ouvir o outro lado da história, procurando a diretoria do Lar, através de sua presidenta, Sônia A. Silva, em texto fechado, publicado nesta edição, dá sua resposta.
Utilizando o título de pequena coluna na página 2, 'O povo quer saber', ADM faz as seguintes perguntas: “Por que foi cortado o leite dos idosos e o asilo não compra, fica esperando doações ou servem chá com os medicamentos? Por que o Asilo tem o direito de ficar com o benefício todo dos idosos e ainda exigir que a família pague medicações de alto custo e dieta enteral, uma vez que a lei permite somente 70%? Por que há idosos com escaras de decúbito? Por que três quebraduras de fêmur, sem ninguém ter conhecimento?”
Afirma o fazendeiro que há no Lar S. Vicente um paciente que está na cama com pés e costas uma ferida só, e pergunta: “Por que não o tiram da cama?” Sobre uma paciente, pergunta: “Por que ela gritava de dor, pois estava sentada e fui informado de que ele estava com escaras no bumbum, tinha o fêmur quebrado e era tachada de manhosa. Ela continuou gritando e as cuidadoras tentando amenizar seu sofrimento. O povo quer saber: não seria caso de médico ou enfermeiro?” – pergunta.
Sobre a alimentação dos idosos, pergunta por que os idosos só se alimentam de doações, uma vez que o Asilo fica com o benefício todo, não poderia comprar variedades? “Por que o lanche da tarde e da noite sempre são levados por voluntários ou é pedido, se o benefício fica todo para o Asilo?”
Invoca também a figura do promotor público da cidade e pergunta, sem saber se essa autoridade é responsável pelo que acontece na entidade: “Por que o Promotor, em suas visitas, não entra nos quartos e descobre os pacientes, não verifica a farmácia e não conversa com idosos lúcidos? Por que o Promotor não vê a situação das cadeiras de roda e de banho, causando quedas e ferimentos? Denunciando a situação dos banheiros, com vazamentos e paredes quebradas, afirma que são causas de acúmulo de ácaro e bactérias em um local usado pelo idoso”.
Segundo ADM, em sua visita ao Lar, conversou com uma funcionária que estava em serviço e viu que o quiosque estava sendo pintado com tintas doadas por terceiros e pintores cedidos pela Prefeitura e pergunta sobre as verbas recebidas pela instituição. Segundo a funcionária o Asilo recebe muita doação em dinheiro, como por exemplo para consertos de cadeiras, pois ela mesma já presenciou. “E os doadores acabam por comentar”, disse.
Pergunta mais por que os passeios são sempre patrocinados por voluntários e nunca pagos pelo próprio Asilo. E mais: “Por que o Asilo não compra fraldas, estão sempre pedindo? Por que as carnes de vacas chegam inteiras e os idosos só comem a de 2ª. Sei, porque já doei e fiquei vigiando e só vi servirem carne de 2ª aos idosos. Fui durante três meses, olhava os pratos e saía. Nunca os vi comento carne de 1ª. Para onde vão as carnes de 1ª?”, pergunta.
“Por que a família tem que pagar a gasolina para o Asilo levar o paciente para perícia ou qualquer outro fim fora da cidade, uma vez que o carro é do Asilo e o benefício do idoso fica lá e a família ainda tem o custo com medicações? O que é feito com tantas doações que recebem se o idoso pode comer só uma vez? Dizem que é por motivo de saúde, e a sobra?”
“Por que tem funcionários fazendo quase 24 horas de serviço para cobrir atestado de outros com problemas de saúde devido a grande carga de trabalho? Por que não é divulgada ou deixada aos olhos de todos a transparência dentro do Asilo. Digo isto porque procurei várias pessoas da sociedade e todos me disseram a mesma coisa: eu também gostaria de saber”.