Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Casa do Menor Rosa da Matta completa 20 anos

Edição nº 1401 - 14 Fevereiro 2014

A Casa do Menor Rosa da Matta completa este ano 20 anos de existência. Ir. Coleta Cavalcanti de Morais, da Congregação Fransciscana Na. Sra. do Amparo, foi sua primeira coordenadora, em 1994. Retornando à casa 18 anos depois, deixa, com o apoio da diretoria, presidida por Lenice Borges, e por um competente grupo de funcionárias, incluindo duas irmãs da congregação, um trabalho dignificante e meritório, ao cuidar de 154 pessoas, entre bebês, crianças e adolescentes. 


Como Superiora, Ir. Coleta traz as primeiras irmãs

 “Eu estava à frente da Congregação quando Pe. Inácio nos enviou uma carta, solicitando ajuda das irmãs para dirigir a  creche. Vim visitar a obra e a encontrei num estado que desanimaria qualquer um. A situação era muito precária, mas senti logo um carinho muito grande.  Fui embora, mas  não disse ao conselho geral sobre a situação da casa, porque tive medo  que não aprovassem. Assumimos a casa, deixando aqui três irmãs, Maria das Graças,  Maria Martins (falecida) e Terezinha da Silva. Depois vieram outras, mas todas as irmãs que trabalharam aqui, se apaixonaram pela casa, pelas pessoas da cidade, que sempre as acolheram muito bem e mantiveram a casa funcionando”, ressalta.

 Ir. Coleta reconhece e exalta sua alegria em vir para a casa que ela ajudou a abrir na cidade. “Quando vim para Sacramento, senti uma alegria muito grande no meu coração, por ter me esforçado para que ela fosse aberta. Eu me trouxe inteira para cá, coração aberto e estou saindo de consciência tranquila, porque me esforcei muito para melhorar a cada dia a vida das crianças, a convivência entre os funcionários, o relacionamento com  as famílias,  acredito que consegui muita coisa e, tenho a ousadia de dizer que a Rosa da Matta, hoje, está de cara nova”. 

Decidida e cheia de coragem, a nova administradora começou despedindo alguns funcionários. “Quando cheguei, senti que alguns não  'vestiam a camisa' da entidade. E eu exijo isso, mostrei-lhes que estou aqui de passagem e que a creche é muito mais deles do que minha.  E hoje vejo que deu certo. Fizemos uma seleção melhor dos funcionários e hoje vejo que valeu a pena.  Cada um dá o melhor de si, são dedicados, um excelente relacionamento entre eles. Fazemos reunião de avaliação semanal  com todos tendo oportunidade de falar. Outra coisa que ajuda muito é a organização de todas as atividades, por isso temos um organograma  que abrange todo o funcionamento da casa. Temos o bazar funcionando muito bem. Deixamos no refeitório um  balcão self service para terem a comidinha quentinha, máquina de lavar chão, colchões novos, enfim, foram vários investimentos. 

Agora, o mais importante de tudo, a meu ver, é a presença. Como coordenadora estive sempre presente nos trabalhos da obra, com os funcionários, as crianças, na hora da chegada e na saída, nas refeições,  no lazer...”. 

 

 

Com ampliação, poderíamos atender até 200 crianças

Irmã Coleta deixa a Rosa da Matta com 18 funcionários e 154 crianças, número acima do limite, que seria de 120. “A demanda é muito grande. Estamos acima do número previsto, porque  tenho o coração muito 'mole', quando vejo uma mãe sair chorando, pessoas na iminência de perder o emprego por falta de creche, o coração fala mais alto. Temos  um caderninho com uma lista de espera grande, mas não vamos abrir mais”, afirma, destacando a necessidade de mais apoio.

“- Temos a subvenção da prefeitura que, para nós, é muito pequena. Não paga a folha do pessoal, com três funcionários ficando por conta da obra. Some-se a isso, os encargos sociais. Se tivéssemos garantido a folha e os encargos, o resto a gente com a comunidade dá conta.  E não  podemos abrir mão desses funcionários”. 

Fazendo uma avalição, Ir. Coleta ressalta as melhorias realizadas, mas reconhece que faltam obras. “Sempre há algo mais a fazer. Deus quer que ajamos assim, buscando fazer sempre mais e melhor. Estou deixando  com a diretoria, que é maravilhosa e nos apoia demais, presidida por Elenice Maria Borges, uma relação daquilo que acredito,  deva ser feito. São duas as obras mais urgentes: ampliação do dormitório maternal e a construção de uma sala de trabalhos artesanais para as voluntárias.  

“- As crianças dormem duas em cada cama e as  voluntárias, que vêm semanalmente fazer  bordado, costura, crochê, não têm um espaço adequado. Temos o  projeto de uma sala, um ateliê de trabalhos manuais, que deverá ser construído, assim que concluirmos a cobertura da quadra.  Para se ter ideia, a máquina de bordar fica num dos quartos de nossa clausura. E mais, se houvesse uma boa ampliação poderíamos atender  200 crianças, claro, com mais funcionários”, informa, deixando claro que parte com a certeza do dever cumprido.  “Vou embora feliz, mas já com saudades. Amo as minhas crianças, porém, vou tranquila, porque as deixo  com uma irmã que sei dará continuidade ao trabalho. Tem  um espírito de amor muito grande pelas crianças”.

A Casa do Menor Rosa da Matta atende crianças de seis meses a dez anos, com crianças em tempo integral no berçário, maternal 1, 2 e 3 e, as crianças no contra turno  do horário escolar do primeiro ao quinto ano. O atendimento é de alta qualidade, com várias funcionárias por turno e com aulas de música. “Pagamos um professor de música, para encher o coraçãozinho das crianças de alegria. Música educa, acalma e sentimos que a disciplina melhorou muito. Mas a entidade precisa de uma psicóloga, professor de educação física e, uma assistente social seria muito bom, nos ajudaria muito nas visitas domiciliares, porque, infelizmente há pessoas que agem de má fé. Temos casos de mães que trazem declaração de trabalho, assinada pelos patrões e não trabalham, então temos que fazer essa averiguação, periodicamente”, afirma.

Aos 82 anos, Irmã Coleta se entregou de corpo e alma à obra. Nesses dois anos à frente da entidade, não teve um dia sequer de recesso ou que tenha reclamado cansaço. “Graças a Deus, pude levar o trabalho adiante e tenho muito a agradecer: ao povo de Sacramento, que é muito solidário”, afirma e exemplifica com uma doação recebida. 

“- A Prefeitura ainda não começou a dar o leite, então temos que comprar. E ontem tocaram a campainha fora de hora, fomos atender e era uma senhora com uma caixa completa de leite, 12 litros’’.

 

Reconhece a superiora que o povo da cidade é muito caridoso. ‘‘O povo daqui tem o coração aberto para acolher e ajudar e isso nos anima ainda mais para o trabalho. Além da subvenção do poder público, temos mais R$ 1 mil do Fundeb. Da paróquia, a  entidade recebe a verba anual do aluguel do Patronato, cerca de R$ 12 mil, para ser dividida entre a CIJU, Rosa da Mata e catequese. Agora, padre Sérgio nos deu uma ajuda, através da CBMM, no valor de R$ 10 mil para a compra da máquina de bordar ”, finaliza.