Marco Aurélio e Célia, filhos de Carício Eugênio Mota procuraram mais uma vez o ET para fazer um apelo às autoridades em busca de uma resposta para saber o que realmente aconteceu com seu pai, Carício Eugênio Motta, que desapareceu da fazenda Bela Vista, situada entre a região da Lagoa e Samambaia, onde trabalhava há muitos anos, desde o dia 11 de setembro de 2013. Carício morava há cinco anos com Tereza Rodrigues do Carmo, quando aconteceu o fato.
De acordo com os filhos, eles se sentem abandonados porque não há respostas. “Agora, dia 11, completam sete meses do desaparecimento de nosso pai, em circunstâncias muito estranhas e com explicações e declarações cheias de contradição. Queremos ver a conclusão desse inquérito, mas até hoje não chegou o laudo da perícia. A justiça é muito devagar. Parece até que parou tudo, por quê?”, lamentou a filha Célia, com os olhos marejados de lágrimas.
Segundo os filhos, um investigador esteve na fazenda, pegou alguns objetos e levou para a perícia e até hoje nada. “É muito prazo pra não sair o resultado de uma perícia...”. Os filhos informam que no Ministério Público, foram orientados a procurar a Delegacia, só que as investigações não terminam. Procuramos o delegado regional, Dr. Heli, mas também não houve evolução.
De acordo com Marco Aurélio, a família está sofrendo muito com essa situação. “É uma revolta grande entre os sete irmãos, até entre nós mesmos, porque às vezes um busca apoio no outro e não encontra também. O fato é que a família está sofrendo muito, ele era nosso pai, queremos saber se ele está vivo ou morto. E enquanto isso não acontece a gente não dorme direito, não come direito lembrando das comidas que ele gosta, ou seja, não temos paz. A justiça cobra tanta coisa e num caso desses fica demorando tanto. Ela pode ter esquecido, mas nós não esquecemos, estamos todos os dias lembrando dele, procurando por justiça, correndo atrás, e é isso que esperamos das autoridades”, lamentou o filho.
De acordo com Célia, o pai era muito caseiro, sempre morou na fazenda e pouco vinha á cidade. “A gente é que ia vê-lo e quando ele vinha à cidade ia onde estávamos. Ele dormia em casa e ás vezes reclamava de algumas coisas, porém não dávamos opinião, porque era a vida dele. Papai era muito direito, amigo de todo mundo”, afirma, destacando que o pai não vivia bem com Tereza, sua segunda mulher, com quem vivia nos últimos cinco anos. Disse também Célia que Tereza foi presa duas vezes, nesses sete meses. Primeiro, por um problema ocorrido em Araxá e agora, foi presa novamente por envolvimento com drogas.
“- Ele reclamava, mas dizia que ela insistia em ficar com ele. Mas não era uma convivência harmoniosa. Passamos uns 15 dias sem ir à fazenda e aí ela chegou e disse que ele havia viajado pra levar uma carga de sementes, sendo que este não era o trabalho dele, não tinha nem habilitação e não tinha razão para viajar, porque ia começar a plantar no dia seguinte. E o gerente da fazenda disse que lá não tinha semente para ser transportada. Ela mentiu, claro, ela tem que dizer a verdade sobre o que de fato aconteceu”, afirma a filha Célia.
Para a família, o que causa estranheza foi o tempo que Tereza levou pra vir avisar os filhos sobre o desaparecimento do pai. “Depois de cinco dias foi que ela veio nos comunicar. Outra coisa, são os documentos, uma pessoa não viaja sem documentos e papai era cuidadoso, dormia em cima dos documentos... Há muitas contradições e a gente fica sem saber. Ela disse que ele saiu numa pampa vermelha e o gerente disse que a pampa estava na oficina há dois meses”, apontam.
Célia e Marco Aurélio também não entendem a participação dos dois filhos de Tereza, L e T na história. “Meu pai sumiu da tarde de sexta-feira até o sábado de manhã, quando não compareceu ao serviço. Na segunda-feira, o filho residente na cidade, T, e isso quem nos informou foi o patrão dele na época, chegou ao serviço na segunda-feira todo arranhado de carrapicho e com alergia de aroeirinha, como que estivesse andado muito no mato”, questionam.
Dizem os filhos que a falta de estrutura da polícia prejudica as investigações. “Sacramento não tem detetives, os que trabalham aqui são de Conquista. Acho que falta gente pra Polícia investigar, correr atrás. Eu queria ter dinheiro para contratar investigadores particulares e ajudar a polícia. As coisas seriam diferentes”, afirmam, lamentando também a omissão do proprietário da fazenda, para quem seu pai trabalhava há quase 50 anos. “Ele tem filhos advogados, poderia nos ajudar, nos instruir, mas não houve nenhuma ajuda dele. Nosso pai era adolescente quando foi trabalhar na fazenda e desapareceu aos 66 anos...”, lamentam, fazendo uma última súplica:
“Por favor, o que aconteceu com nosso pai? As autoridades precisam entender que só queremos uma resposta. E que se houver um culpado de seu desaparecimento, que seja feita justiça”.
Inquérito sobre desaparecimento de Carício tem mais de 100 páginas
Diante do clamor dos familiares de Carício Eugênio Mota, o ET conversou com o delegado Rafael Jorge (foto), que, apresentando um inquérito com mais de 100 páginas esclarece que não pode ainda encerrá-lo, porque as investigações prosseguem. “Lamento a dor da família, é compreensível, mas estamos ainda trabalhando nas investigações com os recursos que temos às mãos. Muitas pessoas já foram ouvidas, mas, infelizmente, nada ainda consistente foi apurado”, afirma.
Quando o delegado fala da falta de recursos, há vários anos a Depol de Sacramento não tem detetives. “Os detetives são emprestados da Comarca de Conquista, mas o trabalho continua sendo feito, mas faltam provas, na há testemunhas. Ninguém o viu sair da fazenda. Alguns objetos do seu Carício foram encaminhados para a perícia em Belo Horizonte, mas ainda não temos o laudo. Não posso concluir um inquérito sem esses resultados. O caso dele é complexo, porque não há provas. Não foi encontrado corpo ou vestígio, não dá nem pra afirmar que ele morreu. Ele está desaparecido e pode até estar vivo em algum lugar”. O dinheiro da aposentadoria de Carício não foi sacado desde o seu desaparecimento.
De acordo com o delegado, foram feitas várias escavações com máquinas em locais que, supostamente poderia haver um corpo. “A lagoa da fazenda foi vasculhada e nada foi encontrado. Várias pessoas da fazenda foram ouvidas, inclusive familiares, e não há nada até agora que desvende o seu desaparecimento.
Tereza Rodrigues do Carmo Badaró, amásia de Carício por cinco anos, e que avisou a família de seu desaparecimento, cometeu várias contradições em seu depoimento, chegando mesmo a mentir, mas ainda não concluí o inquérito. Segundo Rafael Jorge, Terezinha foi presa no carnaval com mais três rapazes na mesma casa, onde foram encontrados cerca de 100 papelotes de cocaína e 100 de crack. “Eles estão presos pelo crime de tráfico de drogas e o crime de associação para o tráfico”.