‘Clariarce’, um show de dança e emoção

Pura emoção foi o que reinou na Casa da Cultura Sérgio Pacheco na noite da segunda-feira, 10, com a performance de Jussara Miller na apresentação do solo, Clariarce, inspirado na obra “Água Viva” de Clarice Lispector, que culminou em variadas dinâmicas corporais, num jogo de conexões intertextuais de textos coreográficos, literários e fotográficos.  
O trabalho dirigido por Norberto Presta, escritor ítalo-argentino, ator, diretor,  pedagogo, fundador  do Centro de  Produzione Teatrale Via Rosse”, na Itália, encantou o público
Presta já trabalhou  com grupos teatrais da Alemanha, Itália, Argentina  e Suíça e atualmente trabalha como pesquisador da Unicamp. Presta já dirigiu  vários espetáculos, dentre eles, “O que seria de nós sem as coisas que não existem”, do grupo Lume, “Fuga” e Extranjis”, vencedor do prêmio Funarte). 
Jussara Miller, bailarina, coreografa e professora dança, Mestre e Doutora em Artes pela Unicamp, desde 1988 pesquisa a relação entre dança e educação somática - conjunto de métodos que tem como principal foco o aprendizado da consciência do corpo em movimento, sempre em sua relação com o ambiente. 
Esta é a segunda vinda de Jussara Miller a Sacramento; a primeira foi para participar do I Festival em 2012, com o espetáculo, “Cá entre nós”. E hoje, falando sobre o solo Clariarce, que foca os instantes da vida e que veio completar as homenagens às mulheres pelo seu dia e, sobretudo a Carolina Maria de Jesus, destaca a sua alegria de voltar às terras do Borá.
“- Fiquei muito feliz com essa homenagem a Carolina, com esse olhar para o feminino, que tem muito a ver com o espetáculo Clariarce, que vem enriquecer a proposta da Rede Brota Cerrado”, afirma, ressaltando a importância  do Festival. 
“- É um evento que vem contemplar as necessidades do momento, a cultura e agroecologia e isso mostra que em Sacramento estão pessoas que estão bem  à frente. O Festival tem uma agenda cheia  de momentos de reflexão e fico muito agradecida pelo convite de Maria de Fátima para dar a nossa contribuição nessa reflexão”. 
Na avaliação de Jussara, Carolina e Clarice Lispector são exemplos de grandes mulheres que usaram a força da palavra para mostrar as realidades que viviam. Clarice, por exemplo,  na obra Água Viva fala muito do momento presente, dos instantes que nos escapam no dia a dia e é uma temática muito presente, sobretudo na mulher, com a sua intuição, a sua presença,  ávida na sua intensidade e, tanto Carolina quanto Clarice, as duas mulheres que viveram a vida em toda a sua intensidade’’, e completa:
‘‘Foram duas mulheres com visões muito além de seus tempos e são duas mulheres muito contemporâneas, atualíssimas e que são necessárias nos dias de hoje como referencias de superação, de luta, de doação e, sobretudo, do viver mulher”.