Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

O drama de Maísa que teve o medicamento cortado pela PMS

Edição nº 1379 - 13 Setembro 2013

Maísa Ferreira (foto), 35, moradora da rua São Sebastião, no bairro São Geraldo, há três  anos faz tratamento psiquiátrico com acompanhamento no CAPs (Centro de Atenção Psicossocial), e vive hoje um dilema, pois o secretário de Assistência Social, Adriano Magnabosco, não liberou os remédios de uso contínuo da paciente.

“- São quatro medicamentos, mas só um me foi entregue,o Clonazepan 2mg,  os outros a Assistência não liberou e não temos condições de comprar. Nunca fiquei sem os remédios, a Prefeitura sempre me forneceu, só que agora fui lá pegar o remédio e ele foi cortado”, explica, falando com dificuldade,   ao lado de uma vizinha e da filha de pouco mais de 13 anos, que mostra as receitas de medicamentos controlados: Midazolam 15mg;  Razapina 30 mg (Mirtazapina); Olanzapina 5 mg; Venlaflexina 75mg. De acordo com Maísa, os medicamentos custam R$ 535,50, conformeanotado no verso.  E ela já estava há mais de 15 dias sem os remédios.

De acordo com Maísa, ela já recorreu a diversos vereadores, à Prefeitura e ninguém pode ajudar. “Estou numa peregrinação, como não tenho como sair, não tenho quem me leve e a gente fica pedindo ajuda pra ir ou telefonando. Na sexta-feira, fui conversar com o vice-prefeito, ele disse que não podia conversar comigo, porque tinha que receber o governador”, afirmou.

Durante a visita do ET, Maísa,que estava visivelmente debilitada,   foi amparada pela filha e uma vizinha, que explicam que sem os remédios, o estado de Maísa se agrava. “Ela não come, só fica deitada, fechada no quarto escuro, fica nervosa e dorme com o remédio que o médico deu no postinho pra tomar dois comprimidos à noite. Eu fui pegar o remédio pra minha mãe e eles falaram que o prefeito cortou a verba”, conta a menina.

Maísa é casada, mãe de três filhos: duas meninas, que vai completar 14 anos,outra de 11 anos e um menino de 8. O marido trabalha e ganha pouco mais de R$ 800,00. A família mora em casa alugada. Maísa diz que sempre trabalhou e hoje recebe um salário deauxílio doença do INSS. “Eu trabalhava na serraria, de repente adoeci e tive de parare nunca mais pude trabalhar. Pagamos  400 de aluguel, se comprar o remédio , como vamos pagar luz, água e  cuidar das crianças?” – pergunta.

As três crianças estão na escola, mas só o menino de oito anos frequenta a escola em tempo integral. As meninas ficam em casa pra cuidar da mãe, com a ajuda das vizinhas.  Enquanto a mais velha, está na escola pela manhã cursando o 8º ano, a de 11 anos fica com a mãe e vice-versa. 

Maísa disse que no mês passado procurou o Ministério Público para agilizar uma perícia, pois sem ela pode perder o benefício. “A perícia estava marcada,mas o médico não veio  no dia, disseram que o pagamento dele estava  atrasado. E como eu precisava do atestado pra não perder o salário,  procurei o Promotor, que conseguiu a  pericia para o dia 28 de agosto”,  explica,  enquanto a filha apresenta documento, assinado no dia 28 de agosto,  que diz no trecho final “(...) sintomatológico grave e de difícil controle, incapacitante”. 

O presidente da Associação dos Moradores do Bairro São Geraldo, Édio Amur dos Reis Ferreira, ficou de reunir a diretoria para discutir o caso de Maísa e procurar o Ministério Público para resolver a questão.