Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Juíza Letícia Rezende deixa comarca

Edição nº 1384 - 18 Outubro 2013

A juíza Letícia Rezende Castelo Branco deixou Sacramento, depois de quase quatro anos de serviço na Magistratura, por merecida promoção para a comarca de Uberlândia. “Saí de Sacramento com uma sensação forte de ter dado o melhor que pude, dentro de tantas limitações pessoais. Mas, a família é um presente e como presente não poderia deixá-la tanto no futuro, e foi o que me motivou a solicitar a promoção para Uberlândia” justificou em entrevista ao ET. Veja.

 

ET – Primeiro, houve uma experiência como Defensora Pública e, nos últimos mais de três anos, serviu a comarca como Juíza. Quando chegou a Sacramento?

Letícia – Em Sacramento, exerci a judicatura por três anos e sete meses, chegando aos 22 de fevereiro de 2010, deixando a comarca aos 30 de setembro de 2013, com uma sensação forte de ter dado o melhor que pude, dentro de tantas limitações pessoais. Mas antes fui Defensora Pública por sete anos, iniciando minha carreira em Sacramento, no ano de 1998, e quando ingressei na Magistratura, em 2005, confesso que tive receio de me frustrar, tamanha a responsabilidade, sem a devida estrutura; a pressão a que nós, juízes, somos submetidos, principalmente em relação a produtividade, isto é, quantidade, números, metas. Conciliar, equilibrar, a exigência de produtividade com a qualidade do trabalho é um desafio diário – afinal, do outro lado do papel, existem vidas que esperam por um olhar justo, anseiam por uma decisão sensata e a pressão pelos números não pode massacrar 'os direitos'.

 

ET - O que representou a cidade para a Sra. nesse tempo?

Letícia - Sacramento, para mim, representou uma experiência forte, enriquecedora e com alta carga de crescimento pessoal. Claro, passei momentos difíceis e solitários, mas tive uma oportunidade ímpar e abençoada de aprender muito. Aprender no convívio diário com o outro, buscando, com tanto empenho, chegar a uma conciliação, um acordo, um meio termo onde a paz, a almejada pacificação social, fosse possível. Não foram poucas as adversidades, mas também não há como esquecer as realizações e alegrias vividas. 

 

ET – Na vara também da Infância e Juventude, o que a juíza Letícia deixou plantado nessa área, na cidade?

Letícia - Aprendi muito com os menores e seus pais na seara da infância e juventude, tantos conflitos, dificuldades e tanta sede de amor, que infelizmente, na busca cega, se perdia, tantas vezes, no desespero das drogas. Foram muitas as conversas, muitos os 'silêncios' para aprender a realmente ouvir. Muitos os planos, projetos e ações realizadas para melhoria nos setores que atendem o menor em Sacramento, como o abrigo Lar Doce Lar, projetos sociais, parceira com a Prefeitura para fiscalização e acompanhamento dos menores infratores e suas famílias, implementação da estrutura do Comissariado da Juventude. Projetos de trabalho e de vida que aí plantei e espero que continuem germinando e florescendo, pois Sacramento é uma cidade iluminada, com excelente estrutura e pessoas de bem.

 

ET – Leva e deixa, então, muitas saudades...

Letícias – Sim. Vou levar no peito saudades, como as das pessoas que próximo convivia no trabalho, do exemplo de vida de algumas que conheci, como o de José Belizário, com quem tive o privilégio de dar meus primeiros passos na arte do xadrez e de minha querida professora de espanhol e amiga, Vanina, além de tantas outras com quem tive o prazer de conviver e aprender. Em Sacramento, pude observar de perto o trabalho sério, ético e diligente de tantos operadores do direito, que realmente buscam o caminho do justo. Dentre esses, advogados compromissados com a causa do outro, profissionais que deram exemplo e vão deixar saudades!

 

ET - Gosta do exercício da magistratura, a ponto de se sentir realizada e dizer: Sim, era isso mesmo que eu buscava?

Letícia - Claro, juiz quase que invariavelmente vai desagradar alguém, é inevitável e inerente à profissão, mas espero que eu possa ter contribuído mais para construir, para esclarecer e apaziguar. Hoje posso dizer que amo o que eu faço e peço a Deus que me conduza e me dê sabedoria para poder continuar nos caminhos estreitos e sinuosos da retidão – paradoxo inevitável.

 

ET - Quais os motivos que a levaram a buscar essa promoção? 

Letícia - A família é um presente e como presente não poderia deixá-la tanto no futuro, e foi o que me motivou a solicitar a promoção para Uberlândia, para poder, em breve, voltar a conviver com os meus. Aproveito para agradecer a oportunidade de poder deixar aqui algumas palavras como forma de agradecimento pelo que pude vivenciar em Sacramento e também para me despedir daqueles com quem pude cruzar o caminho.