Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Herlei morre vítima de picada de cobra

Edição nº 1394 - 27 Dezembro 2013

O jovem Herlei Mariano Valdo, 26, morreu nesta quarta-feira, 25, por volta das 14h, no Hospital Escola de Uberaba, onde estava internado desde a segunda-feira, 23, vítima de picada de cobra. 

De acordo com amigos, Herlei foi picado por uma serpente não identificada na noite do sábado, na região de Jaguara (trecho próximo onde o ribeirão Castelhano deságua no rio Grande), onde havia montado  acampamento com mais cinco amigos.  De acordo com Rogério Oliveira, que acampou naquela local pela primeira vez, eles chegaram ao local por volta das 16h, organizaram tudo, inclusive a fogueira e, entre as 20h30 e 21h, foram tomar banho no rio. 

“- O Herlei já havia acampando lá e é realmente um lugar muito bom. Depois que organizamos tudo, Herlei e eu fomos tomar banho no rio. Assim que saímos do acampamento, ele ia na frente e a cobra o pegou. Não vimos a cobra. Na hora ele dobrou a perna, amarraram uma tira em sua perna e a  Mônica o trouxe para a cidade”, explica, acrescentando que permaneceu no acampamento. “Não fui à cidade, mas o pessoal disse que o atendimento foi imediato”, afirma e completa: “É difícil pra gente entender, mas acho que Deus precisava de um músico muito bom no céu...”.

Eduardo Costa Vaz (Du Pimenta), da Cia de Teatro Movimento Cênico, grupo teatral do qual Herlei fazia parte, deu as informações do atendimento na Santa Casa. “Ele chegou e logo tomou o soro polivalente, porque não identificaram o tipo de cobra. Embora os sintomas fossem de uma picada de jararaca, optou-se pelo soro geral, não específico. No domingo pela manhã, estive no hospital e o estado dele estava dentro da normalidade para esses casos. Ele apresentou um quadro febril, mas foi controlado. Na manhã seguinte, segunda-feira, ele acordou mal. A pressão muito baixa, batimentos fracos e muita sudorese (transpiração). Foi quando decidiram encaminhá-lo para Uberaba”, conta. 

Segundo ainda Dudu, Herlei teve uma melhora antes de chegar a Uberaba. “O médico até se sentiu surpreso, pois, de acordo com as informações que havia recebido da Santa Casa o seu quadro era bem mais grave. Na verdade, ele chegou a Uberaba com um quadro diferente do que haviam passado. Na tarde de terça-feira, porém, ele começou com febre e, na manhã seguinte, da quarta-feira, eles avisaram que ele havia piorado muito. Fomos para Uberaba e logo depois do almoço ele faleceu”, conta o amigo Eduardo, muito emocionado. “É difícil entender e dizer alguma coisa sobre essa perda, agora ele vai atuar em outra dimensão”. 

Trasladado para Sacramento Herlei foi velado por familiares e um grande número de amigos. Após  as exéquias proferidas pela ministra Maria do Carmo Chaer Borges e Pe. Eduardo Ferreira, Herlei foi sepultado no Cemitério São Francisco de Assis, às 10h00 dessa quinta-feira, 26.

 Herlei era filho único de Luiz Afonso Valdo, Ivanda Mariano Valdo, cujo sofrimento estampado não tem palavras que o descreva.  Demais familiares e os amigos inconsoláveis buscavam uma resposta para tão prematura morte.  Após  o sepultamento, os amigos permaneceram ao lado do túmulo   abraçados, no que foram respeitados pelos demais presentes que deixaram o local.  

O triste adeus ao jovem Herlei
Herlei era um jovem ativo, dinâmico, engajado atuando nos esportes e nas artes. No teatro, era membro da Cia de Teatro Movimento  Cênico de Sacramento; na  música, era integrante da banda de rock Cavalo Ervado e freelancer em outros  grupos. No artesanato, participou de vários cursos promovidos pela ASAA e foi muito atuante também em esportes diversos como futsal, ciclismo e rapel. Herlei era amante de vida livre, a vida campestre, enfim adorava acampamentos, coisa que fazia sempre com os amigos e justamente por um acidente num acampamento, artes e esportes se fecharam no luto.  
 Para Júlio Cesar, coordenador do coletivo  Prosa Boa & Arte, a arte em geral ficou de luto. “O samba, o rock, o pagode, os esportes, porque Herlei era um slackline, um menino que esticava a fita... Era livre. Gostava de uma vida saudável, de andar de bike, de estar na beirado do mato, de calças largas, de andar descalço. Fazia parte de vários grupos, era exemplo e amigo. E se foi, mas o que mais nos conforta é saber que não perdemos a oportunidade de falar para as pessoas do que a gente gosta. Dizem que artista não morre, só muda de dimensão e tudo o que ele fez na música, no teatro, no esporte ficará aí para sempre registrado”. 
Ronald Pires, do Grupo Insensato, muito emocionado, lamentou a morte do amigo. “Uma perda muito grande para nós. É um irmão que parte, o consolo é que ele viveu a vida como gostava e deixou lições. Para mim essa é uma experiência muito triste que estou vivendo... a gente não entende, na tem uma resposta”.  O jovem Henrique Teodoro, integrante do Grupo insensato e outras bandas, assim como Herlei, tocava onde precisavam de um contrabaixo. 
Henrique , não falou com o ET. Mais tarde postou a mensagem: “À minha esquerda ou a minha direita, mas sempre ao meu lado, e agora não vai ser diferente, Nossa irmandade, nossa parceiragem, nossa cumplicidade será eterna. Poucos entenderam a nossa troca de olhares em uma mudança de acordes, poucos entenderam nossos sons viajados, 'O nosso som' como você  sempre diz. Deus vai me dar força pra que cada corda que eu tocar, faça vibrar 'O nosso som', faça vibrar os nossos sonhos, e que possa tocar os corações de todos. Ainda não estou conformado, não sei quando vou estar, mas sei que você ainda vai estar aqui sempre ao meu lado, me dando forças. Obrigado, meu irmão.... Até logo...”