Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Cidade participa de Semana de Combate à violência contra o idoso

Edição nº 1366 - 14 Junho 2013

Idosos de Sacramento viveram uma semana de atividades envolvendo palestras, teatro, caminhadas e culto ecumênico, dentro da Semana de Combate á Violência Contra o Idoso, realizada pela Prefeitura, através da Secretaria  de Ação Social, que encerrou na última sexta-feira, 14.  

O Dia Mundial de Combate à Violência contra o Idoso, 15 de junho, foi instituído  pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa em 2006,   com o objetivo de desenvolver uma consciência mundial, social e política da existência da violência contra a pessoa idosa e, simultaneamente, disseminar a ideia de não aceitá-la como normal. A violência contra os idosos deve ser entendida como uma grave violação aos Direitos Humanos.  
Os idosos são pessoas que geralmente têm uma maior fragilidade, precisam de cuidados e de paciência. Agressões físicas, psicológicas, abandono e exploração financeira são as denúncias mais comuns nas delegacias especiais de atendimento ao idoso. Dados apontam que no Brasil, dois milhões de idosos são vítimas de agressões todos os anos. E infelizmente a violência, geralmente, vem de quem deveria cuidar deles.
Em Sacramento, um dos pontos altos da semana foi a caminhada no Bosque do Ipê, na manhã de quinta-feira, 13, seguida de culto ecumênico no Centro Administrativo, quando os idosos, acompanhados pela coordenadora do projeto, Profa. Sinara Fátima Silva, puderam unir atividades do corpo e do espírito, a velha sabedoria milenar: “mente sã em corpo são”.
Para os participantes, o projeto 'Geração 60 Mais', que trabalha com mais de 200 integrantes da chamada terceira idade, tem aprovação maciça de todos os seus integrantes, desde que foi fundado, em 1996, pela então secretária de Ação Social, Salete Gerolim, no governo do ex-prefeito, Nobuhiro Karashima.
Laudelina de Oliveira Santos (Lode), 71, que está no projeto desde sua criação é a primeira a elogiar os benefícios. “Valeu muito a pena. De uma 'velha' parada em casa a uma senhora que hoje participa de todas as atividades, caminha, brinca, nada, joga... Sou uma eterna jovem, melhorei em todos os sentidos, até na convivência com outras pessoas. E quando eu comecei não tinha ainda 60 anos. Então, foi uma boa alternativa para mim, e acho que foi uma bênção para todos nós, porque temos amizades, apoios, viramos uma família”, avalia.
Ao seu lado, Luzia Afonso Gomide, 69, endossando suas palavras, diz mais: “É uma maravilha isso pra nós. É um projeto muito bom, para mim foi ótimo, porque eu era uma pessoa que sempre arranjava dificuldades para freqüentar, nunca achava tempo. Hoje, minha agenda começa com as atividades do projeto. Não deixo por nada, estou sempre participando das atividades, não tem coisa melhor. O dia, que às vezes a gente não pode ir, sente falta. Isso faz parte do nosso dia a dia”, afirma.
E, juntas, reafirmam um agradecimento aos seus criadores e mantenedores: “O projeto é ótimo, não nos falta nada. E agradecemos muito a Deus por nos dar forças para participar. Agradecemos à Sinara e a cada um dos governantes desde o Biro, que vêm mantendo esse projeto tão bom”
Projeto da terceira idade existe há 17 anos
“São quase 17 anos de trabalho com a 3ª idade, desenvolvendo um trabalho com atividades físicas, passeios, recreações, palestras, reuniões psicossociais”, explica, lembrando que no início do projeto houve uma certa resistência. “Era uma atividade nova para o idoso, coisas nunca vivenciadas e foi difícil a aceitação; o grupo  começou muito pequeno, aos poucos foi aumentando, cada um trazendo um colega e hoje são mais de 200 participantes, embora possa ser muito maior”, explica, lembrando que a questão da pirâmide social também foi um dos fatores responsáveis pela resistência.
 “- Muitas pessoas de classe social mais elevada não aceitavam participar e ainda hoje é visível essa resistência e, talvez por isso, a quantidade ainda seja tão pequena, se considerarmos a população idosa da cidade em torno de 20%, o que seriam 5 mil pessoas”.
O projeto iniciou há 17 anos com o nome de 'Arte de envelhecer', o tempo passou e a cada mudança de governo, o projeto veio recebendo um novo nome. Passou para 'Melhor Viver', e hoje chama-se  'Geração 60 Mais', conforme concurso vencido por Dorcelina Pereira, 77. Mas a Associação,  que é separada do projeto, continua com o nome de 'Arte de Envelhecer', o que também não significa nada, pois muda-se o nome, mas a proposta, os objetivos e o apoio dos governos continuam os mesmos. Isso é o que vale”,  pondera a coordenadora. 
Para Sinara, diariamente, é perceptível a  mudança no comportamento e na qualidade de vida dos participantes. “A cada dia vemos essa mudança. Para mim, o que foi mais gratificante foi ver um idoso dentro de uma piscina, nadando, uma coisa que a maioria deles nunca teve a oportunidade de fazer. É gratificante ver a mudança em todos os aspectos”, relata, enumerando os benefícios: “diminuição no uso de medicamentos, melhora nas sequelas em vítimas de AVC, melhoria na expressão corporal, no bom humor, no apetite, enfim, na qualidade de vida como um todo”.  
“- Por tudo isso – diz mais Sinara - eu acho que a população de idosos, que ainda tem um certo preconceito, inclusive o fato de aceitar ser idoso, que deixe isso de lado e venha praticar essas atividades que, além de fazerem bem para o corpo, é bom para a alma, para a interatividade, conhecer outras pessoas, fazer amizades”.
Ainda de acordo com Sinara, fazer ou não fazer a atividade diária depende também da predisposição do idoso. “Se ele chegar e se queixar de qualquer sintoma, a atividade passa a ser moderada ou até cancelada. Por isso temos profissionais que nos acompanham, mantendo sempre o cuidado de controle da pressão arterial,  as taxas do sangue, etc. E sempre que precisamos, temos médicos para atender de pronto. Esse é um projeto que não trabalha sozinho, ele precisa de parcerias, pela idade  e fragilidade dos participantes ”, adverte. 
Sinara de Fátima Silva é sacramentana, formada em Educação Física, com dois cursos de pós-graduação, um para treinamento de vôlei e outra para deficientes e, recentemente, fez um treinamento funcional em Belo Horizonte. Funcionária concursada da PMS, Sinara confessa o seu amor ao projeto:
“- Sinto-me  muito feliz com essa atividade, embora a gente tenha muitas barreiras, obstáculos, nada é fácil, ainda mais com Prefeitura, em que tudo depende do outro. Às vezes, dá vontade de largar tudo, mas o trabalho com eles, o carinho, a amizade , o respeito nos faz superar tudo”.