Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Bem-vindos, congadeiros!!

Edição nº 1386 - 01 Novembro 2013

‘Mamãe do Rosário, sua casa cheira, cheira cravo e rosa,  flor de laranjeira’

Como sempre, a centenária tradição do Congado e Moçambique mais uma vez uniu a fé e a alegria da comunidade negra da região para saudar sua padroeira, Na. Sra. do Rosário, e São Benedito. Realizada nos últimos 11 anos, no último domingo de outubro, 13 ternos visitantes e mais três de Sacramento encheram as ruas da cidade de sons, cores e muita alegria.

Como o Salão de Festas da Igreja de Na. Sra. d'Abadia não pôde ser cedido, devido a um encontro de jovens, o cortejo partiu da Quadra de Esportes Joélcio de Oliveira, aumentando o trajeto. Mesmo assim e debaixo de um sol causticante, embalados pela fé, batuques e muita dança, os congadeiros chegaram à Igreja do Rosário depois de uma hora e meia de caminhada. 

“- Nós representamos a irmandade de Na. Sra. do Rosário há 11 anos, embora a festa seja realizada há mais de um século em Sacramento. E foi sempre tradição a procissão com os andores de Na. Sra. do Rosário e de São Benedito sair da Igreja de Na. Sra. da Abadia, onde está a imagem de São Benedito, para a Igreja do Rosário, onde está também nossa padroeira, mas, infelizmente, este ano não foi possível, segundo o vigário, Pe. Eduardo, por conta de um encontro de jovens marcado para o mesmo dia. Saímos lá da quadra, passamos na porta da Igreja de Na. Sra. d'Abadia e chegamos à casa de nossa mãe, Na. Sra. do Rosário. O que vale é nossa fé, o importante é esse congraçamento das irmandades e de todo o povo para louvar nossos santos protetores”, disse o congadeiro voluntário, professor Júlio César Pereira. 

Falando de seu gosto pela Congada, Júlio César lembra sua descendência. “Sou bisneto de pai e mãe de santo pela família de minha mãe, pessoas que deram a vida pelo sincretismo religioso e, principalmente por esse encontro de Congada, que entre os anos 20 a 40 eram muito fortes em Sacramento”, conta, lembrando o fato histórico de 1948, quando o bispo proibiu a festa dos pretos. “A festa retornou nos anos 60,  fomos vencendo obstáculos e estamos com a festa oficial há 11 anos”, destaca, lembrando também a participação do ex-pároco, Pe. Valmir Ribeiro, que recepcionava os visitantes abençoando e dançando com os ternos. “Então, minha relação com essa tradição é uma relação de amor, de paixão, de resgate e, como pesquisador a gente vai descobrindo a riqueza de  tudo isso”, confessou.

Delcides Thiago Filho, presidente da Guarda de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, que desde o início participa da festa lamentou a mudança de local do encontro. “Lamentamos, porque ali é a casa de São Benedito, a nossa casa, e dali saíamos há 11 anos desde que a festa foi oficializada. Só que houve um encontro da juventude no salão, mas graças a Deus conseguimos a quadra. Lamento também nosso atraso, para chegar à igreja de Na. Sra. do Rosário, porque o almoço pra esse pessoal todo, distribuído em  vários locais, termina sempre quase às 3h da tarde... E não podemos almoçar e sair dançando”, justificou, reconhecendo o sucesso de mais um ano de festa. 

Miguel Ferreira, guardião da Coroa da rainha conga Vânia Lúcia Eli Silva vieram de Araxá e a rainha confessam sua alegria: “Para mim é sempre uma festa muito bonita e de muita fé nos nossos protetores Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Ifigênia. É uma alegria muito grande participar de uma festa dessas”. 

 

José do Carmo Martins, o capitão patriarca dos moçambiqueiros, levando no peito a Medalha da Ordem de Nossa Senhora do Patrocínio do Ssmo. Sacramento, fala mais uma vez de sua alegria em participar da festa. “Graças a Deus deu tudo certo, já saudamos a rainha e agora vamos à mamãe do Rosário”, afirma, lembrando que participa de congado e Moçambique desde criança com antigos moçambiqueiros, José Santana e os Inácios. 

 

Ternos com roupas coloridas, batuques, chocalhos e roupas dos ancestrais africanos, chegam à Igreja da Mãezinha do Rosário para as bênçãos de Pe. Paulo Henrique