A Associação dos Psicultores e Aquicultores de Sacramento (APAMUS) poderá adquirir, uma grande área para criação de peixes, de acordo com o que foi anunciado na segunda-feira, 7, na reunião do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS), pelo secretário de Planejamento, Marcelino Marra. De acordo com o presidente da Associação, Álvaro Reis, serão R$ 10,5 milhões de reais, oriundos do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), que deverão chegar através da prefeitura. “Estávamos esperando essa verba desde quando criamos a Associação, mas só agora está chegando”, disse.
Segundo o presidente, a negociação para se adquirir uma área foi uma das primeiras iniciativas do grupo de associados. “O último contato foi este ano, quando estive em Uberlândia, no dia 20 de maio, conversando com Maria Fernanda Nince Ferreira, Secretária de Planejamento e Ordenamento da Aquicultura, do Ministério da Pesca, mostrando os planos da Associação e a necessidade da área. Ela falou da possibilidade e explicou que caberia à Prefeitura o poder de gestão, isto é, toda a negociação deveria passar pela prefeitura”, explicou.
Criada há quatro anos, a Associação dos Psicultores foi intermediada por José Roberto Batista de Oliveira, que já era associado à UPPA, de Uberaba, para atender a uma antiga reivindicação dos pescadores do município, numa ação conjunta da Prefeitura e da Emater através dos servidores lotados na cidade Roberto Carlos Mendes e Alysson Rodrigues de Jesus Souza, além de outros funcionários de órgãos estaduais.
“- Hoje, afirma o presidente Álvaro Reis, a APAMUS está totalmente legalizada, com todos os documentos em dia e conta aberta no Sicoob, com R$ 30 mil e mais R$ 26 mil em rotatividade, um dinheiro oriundo da produtividade de três tanques”.
De acordo com Álvaro, no início de 2010, a APAMUS recebeu da prefeitura a doação de mais de três mil alevinos, que foram colocados nos tanques do rio Grande, na região do Cipó, entre o trecho conhecido como Mata Doutor e a foz do ribeirão Borá. E outras doações de 4,5 mil Kg de ração da empresa Agrogado, de Uberaba, entregues pelo gerente geral da empresa, Luiz Alberto Severo. “Assim foi o nosso começo”, afirma o presidente.
Passando por altos e baixos, a Associação chegou a ter 50 associados. Por falta da verba que nunca chegava, os associados caíram para 12 e, atualmente, graças ao trabalho de seu novo presidente e de sua diretoria, o número de sócios passou para 20. “No início, todos tínhamos grandes expectativas, achávamos que o dinheiro para a compra da área e dos tanques viria logo. Só que essa é uma atividade de retorno a médio e a longo prazo, e algumas pessoas desanimaram, outras não tinham mesmo vocação”, justifica.
Procurando interagir com outros criadores, a diretoria está sempre visitando empresas produtoras e até laboratórios. Como Químico, Álvora visitou o laboratório de criação de alevinos em Sales de Oliveira, de onde vêm os filhotinhos para Sacramento. Os demais associados também fizeram visitas á empresa Jatobá, que mantém 110 tanques na Usina Mendonça, e a empresa M. Cassab, em Rifaina.
Mas o grande problema da Associação é mesmo conseguir uma área ribeirinha à represa para montar os seus tanques. “Logo que foi criada, os tanques foram instalados no rio Grande, na região do Cipó, entre o trecho conhecido como Mata Doutor e a foz do ribeirão Borá, mas estavam em área irregular, de propriedade do pescador profissional, José Roberto Batista de Oliveira, Becão, que começou a criação em tanques, através da Associação de Pescadores Profissionais de Uberaba e Aquicultura, de Uberaba (UPPA) e mantém 15 tanques no local”, explica, informando que por conta disso os tanques foram retirados do local.
“- Como os tanques estavam numa situação irregular, nós os retiramos do rio e fomos batalhando para conseguir um local próprio, em conjunto com a prefeitura, porque só assim a psicultura através da associação vai ter um desenvolvimento”, afirma, lembrando que, no final de 2011, através da Prefeitura, conseguiram uma área de um hectare nas margens da represa do Estreito, no rio Grande, que chegou a ser negociada com o fazendeiro Haroldo Jerônimo Santana, mas acabou não dando certo.
“- A Prefeitura chegou a fazer no local, com o assentimento do fazendeiro, a terraplenagem do local, regularizando o terreno, melhorando o acesso, mas faltou energia. Veio a política, o prefeito Baguá perdeu e aí o proprietário da área fechou o local. Mas era um local muito bom, com capacidade para cerca de 200 tanques. Ali caberia uma quantidade elevada de tanques coletivos e cada associado poderia ter, independente, tanques especiais e cuidar do que é seu, mas não deu certo. Agora a negociação é com a atual administração”, explicou mais.
Visita à àrea
Na última terça-feira, 8, a secretária Maria Fernanda e um técnico em sonar estiveram na cidade para sondagem da área e aí a situação complicou, porque o presidente da Associação, Álvaro Reis, foi impedido pelo secretário Marcelino Marra de acompanhar os técnicos em visita à nova área que está sendo negociada, de propriedade de Zico Tolentino, conseguida pelo secretário da Associação, Afonso Salcedo.
“- Na reunião do CMDRS, realizada na véspera, ficou combinado de Maria Fernanda visitar a área. Em nome da diretoria, eu como presidente; o Celso Amâncio de Melo, da diretoria e o técnico da Emater, Alyson, todos interessados diretos no projeto, nos aprontamos para ir para acompanhar a sondagem, saber detalhes dos procedimentos, mas fomos impedidos, de uma forma muito estranha”, conta Álvaro, informando que o único que chegou ao local foi o Afonso Salcedo, o secretário da Associação. “Ele chegou, porque foi antes. Só encontraram com ele lá”.
“- Primeiro, quando abastecíamos o veículo no Posto e pegávamos um lanche prá levar, chega um técnico da Prefeitura, muito mal-educadamente, afirmando que não iria dar comida pra tanta gente, que a Prefeitura tinha que economizar. Respondemos que não estávamos indo lá pra comer, mas como diretores da Associação e um técnico da Emater, que acompanhou a Associação desde o princípio, dando todo o suporte técnico, para acompanhar o serviço. E fomos. Mas quando estávamos já na estrada, o secretário Marcelino enviou outra ordem proibindo nossa presença. Não sei por que nos querem de fora, se nós somos os produtores”, questionou o presidente.
Presidente pede respeito
Lamentando todo o ocorrido, Álvaro disse que nunca foi tão desrespeitado. “Esse funcionário precisa saber que não estou atrás de favores. Eu tenho fonte de renda através de concurso público, onde me aposentei, não é de pistolão, não. Ele pode trabalhar na prefeitura, mas quando quiser falar comigo, me chame em particular e fale com educação. Sou muito mais compromissado com a verdade e a razão. Verdade é aquilo que acontece e que a gente assume. Esse negócio de na frente jogar flor e nas costas falar mal, não dá.
A razão para mim é aquilo que a gente tem por direito, não por fantasia, sonhos, favores. Aprendi isso desde criança, por isso venci na vida. Aliás vencemos todos os meus irmãos. Vimos de uma família de semi-mendigos, como todos sabem, no entanto todos vencemos, estudamos, nos formamos.
A Associação tem muito de luta nossa, trabalho nosso e só não desenvolveu ainda, porque as coisas não dependem só da associação, portanto peço que me respeitem. Na Associação, nosso lema é 'um por todos e todos por um'.