O Posto do Tião da Curandeira – Posto São Domingos, importante ponto de abastecimento localizado no entroncamento da MG 428 (Araxá – Franca) com a rodovia municipal Sacramento Chapadão da Azagaia, que serve todos os ruralistas da zona leste do município, está fechado há mais de dois anos e vem fazendo uma grande falta aos produtores da região.
Por décadas, o Posto do Tião, como era conhecido, pertencia a Sebastião Verônica Pacheco, o Tião da Curadeira. Foi sempre uma serventia aos moradores das fazendas da região, que davam um 'pulinho' à sua venda, para abastecer, além de suas despensas, os tanques de veículos e máquinas agrícolas, de combustível. Mais tarde, o local tornou-se também ponto de parada para os motoristas que trafegavam pela nova rodovia MG-428.
Com a morte de Tião, o Posto foi vendido à Distribuidora Rio Branco que, ao longo desses dois anos, veio investindo no local com nova plataforma, novas bombas e um prédio administrativo com borracharia. Tudo pronto para começar a funcionar, há três meses, um temporal de vento arrancou a cobertura da plataforma e, desde então, está tudo parado. As bombas, embora não tivessem sido danificadas foram arrancadas e guardadas.
Mário Batista dos Santos, o Mário Borracheiro, é o único profissional que trabalha no local, há 26 anos, completos no último dia 6 de abril, além dos funcionários da antiga Pastelaria do Tião da Curandeira, que mudou de nome para Pastelaria Canastra, mas que todo mundo continua chamando de Pastelaria do Tião, administrada pelo filho Carlos Pacheco.
Mario Borracheiro, que começou com o velho Tião, seis dias antes de completar 20 anos de idade, tem muitas histórias para contar. “O posto hoje se tornou apenas um local de parada na Pastelaria do Tião. O único que está aguentando as pontas aqui chama-se Mário Borracheiro, que sou eu”, diz com certa tristeza.
Segundo Mário, na época da colheita o movimento melhora um pouco, mas fora dela está difícil. “Minha sorte são meus clientes tradicionais. Já pensei parar, mas só sei fazer isso, vou tocando até quando puder. Trabalho por conta, mas pago aluguel do barracão. Estou honrando o contrato com a Rio Branco que vai até 2017, mas o serviço caiu 80%”, resigna-se.
Mesmo assim, Mário não tem dia nem hora para o trabalho, precisou está pronto a servir. “O certo seria trabalhar de segunda a sábado, mas aqui, se precisou, se chamou, eu atendo, seja sábado, domingo, feriado. O pessoal da zona rural, onde tenho muitos clientes está acostumado. Deu problema nas máquinas, em caso de emergência, basta me ligar que vou ao local. Já fui várias vezes até de madrugada, faço o que posso pra atender os clientes”, frisa.
Mário que é leiloeiro nas festas de igreja, uma de suas diversões, conta que, várias vezes já se atrasou para começar o leilão por causa do trabalho. “Não posso deixar meus clientes na mão e, às vezes me atraso, por isso, sempre há um leiloeiro reserva. E assim a gente vai fazendo o que gosta”.
De acordo com Mário, o posto de combustível está fazendo muita falta. “São muitos e muitas pessoas que param pra abastecer, e como não tem combustível, eles são obrigados a chegar até Sacramento, 10 km pela estrada de terra ou 12, pelo asfalto”, explica, ressaltando também a falta que faz o posto para os produtores rurais.
“- O posto era serventia para todos os produtores rurais dessa região. Agora são obrigados a ir até a cidade. Vinte e seis anos não são vinte e seis dias, eu posso testemunhar a queda do movimento e a procura que há”, afirma, destacando a antiga bandeira do posto, que nunca cai de moda, o ‘Posto do Tião. “Aqui não tem bandeira da Petrobrás, da Esso, da Rio Branco, aqui, prá todo mundo, é Posto do Tião e vai sempre ser Posto do Tião da Curandeira. Ninguém vai mudar. Todo mundo que chega fala 'o Posto do Tião fechou' ou, 'vou parar no Posto do Tião'”, finaliza.