Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Rei Momo, Bateria 2000 e blocos abrem Carnasacra 2012

Edição n° 1298 - 24 Fevereiro 2012

Aberto oficialmente no  sábado, 18, o Carnaval 2012 movimentou a cidade, que recebeu muitos visitantes, com destaque para os sacramentanos ausentes,  que aproveitaram o feriado prolongado pra matar a saudade dos familiares e da terrinha. 

Na noite da abertura do reinado de Momo, uma inesperada chuva, que serviu para amenizar o calor, atrasou o início das festividades, mas não diminuiu o ânimo dos foliões que aplaudiram a passagem do Rei Momo Nelson e das rainhas Jussânia (2012) e Ana Flávia Miguel (2011), que deram um show de beleza e samba, ao som da Bateria 2000, comandada pelo  mestre Marcelino dos Santos.

Inovação bem recebida e aplaudida foi a presença de parte do elenco da Banda Lira do Borá à frente da Bateria 2000. Sob a marcação dos ritmistas da Bateria 2000, os jovens músicos, Thallys Bianchini(presidente da Banda), Waltinho Rios, Camila Souza e Daniely Oliveira, lembraram as tradicionais marchinhas, sambas e frevos carnavalescos, que ainda hoje tanto encantam os foliões. 

Desfilaram também os blocos da Alegria, As Quase Virgens, As Robertas e as baterias mirins das escolas Treze de Maio e Unidos do Areão com alguns passistas e, fechando o também tradicional 'Vai quem quer'.  

Um dos pontos altos da abertura do Carnaval foi a homenagem  às “Personagens que fazem  historia”, destacando  pessoas que contribuíram ou  ainda continuam fazendo a alegria na passarela do samba: os passistas Tiola e Zezé; as baianas  Dona Eva e Maria Miguel e Izinha;  Rei Momo  Murilo;  destaques,  Domingos, Meire Idualte, Reinaldão; fundadores de escolas ou blocos Noninho (Maria Giriza), Avelu (Mocidade alegre), Macalé e Azor; porta-bandeira Dalva; mestre de bateria Mirandinha e o organizador do Carnaval, Polaco.  Cada um dos 16 homenageados receberam uma estatueta com sua caricatura criação do jovem artista Dênis Balduino. 

 

Unidos do Areão não termina desfile

 

A escola verde e branco, motivo de orgulho para a cidade, pela sua tradição, pelos grandes nomes legados à história, Conceição, Bigico, Azor, Curtume, Izinha... e tantos outros, no domingo fez juz à grande escola que é, apresentando na terça-feira, um desfile com uma inconsequente faixa de protesto.

Não precisava, além do troféu de vice-campeã e um cheque de R$ 1 mil, arrastou troféus nos quesitos: ala das baianas, comissão de frente, porta-bandeira e mestre sala. Troféus também para o destaque individual, Luiz Alberto (Dragão chinês) e dos passistas infantil e adulto, masculino e feminino. 

Em meio a foguetório e fogos pirotécnicos e saudada com aplausos incessantes ao longo da avenida, a Unidos do Areão iniciou o seu desfile de campeã, confirmando o que era esperado desde a primeira apresentação de domingo. 

A bateria, batizada este ano de“A Furiosa”, foi ao delírio ao erguer o troféu de campeã, momento em que o mestre Luiz Carlos de Oliveira (Testa) fez um agradecimento aos ritmistas pelo empenho, ao apoio de toda a diretoria da escola, e agradecendo, sobretudo,  ao seu maior incentivador, o avô Bigico(In memorian). “Dedico essa vitória ao meu vô Bigico,que sempre me apoiou, me incentivou. Não fosse ele eu teria saído fora. Ele nunca foi homenageado, mas eu faço homenagem a ele. Hoje, 'vô' faço essa homenagem,  oferecendo essa vitória ao senhor”- disse ao microfone. 

Além do troféu de campeã e um cheque no valor de R$ 2 mil, recebeu troféus também nos quesitos; comissão de frente, ala das baianas, porta bandeira e mestre sala, três alas luxo e beleza e destaque feminino adulto. Um dos próprios integrantes da escola comentou: “Nos 12 anos da Unidos do Areão, este foi o desfile mais bonito que fizemos”. 

Terminada a homenagem, a bateria seguiu até em frente à arquibancada, quando o locutor pediu a presença de seguranças na área de dispersão. Repetido o pedido, a movimentação dos seguranças aumentou, acompanhados depois por cinco PMs. Membros da escola recuavam, a bateria parou e a apreensão tomou conta do pessoal da escola. Membros da imprensa bem que tentaram, na hora, saber o que de fato ocorria, mas sem resultado concreto. (Veja o B.O. lavrado, na coluna Polícia em Ação).

Como não havia mais clima para desfile, deu-se por encerrada a festa. A comissão organizadora, formada por Antônio Claret Scalon – Polaco (Presidente), secretário Amir Salomão Jacob, Kelly Bizinoto, Wagner Montanher, Joel Bitonni, Clementino Cândido da Cunha e Marcos Pires, autoridades lamentaram o ocorrido e, feito um cordão de isolamento para os integrantes da escola a partir do palanque das autoridades, liberaram o som na avenida com o intuito de acalmar os ânimos. 

 

“Valeu muito a pena esses anos todos na avenida do samba”

 

Avelu Silva, ex-presidente da extinta Mocidade Alegres Sacramentana, disse que não vê um desfile na avenida, há 20 anos. “Desde 1992, ano do último desfile da Mocidade, eu  não pisava nessa passarela no Carnaval, voltei hoje para essa homenagem, que acredito ser merecedor porque a Mocidade  Alegre desfilou 12 anos, entre 1974 a 1992, foi campeã sete vezes e levamos o troféu Conceição. A Mocidade acabou, mas seu nome continua vivo”, disse Avelu Silva, fundador da Mocidade Alegre.  

 

Maria Miguel - “Há mais de 50 anos que desfilo, hoje sou a mais velha foliona na passarela e achei bom demais essa homenagem, porque enquanto eu puder rodar a saia estarei firme na passarela. É uma homenagem muito bonita que nos fazem. Eu me senti muito honrada e agradeço”,  da baiana  Maria Miguel. 

 

Dona Eva - “Tenho 80 anos, comecei a desfilar na Bahia aos oito anos e desfilei até os 74 anos e esta homenagem é muito importante para todos nós, porque valeu muito a pena esses anos todos na avenida do samba. E eu, por incrível que pareça,  sou a única que desfilou no maior número de escolas na cidade: Treze de Maio, Mocidade Alegre, fui tri campeã com a Operários, desfilei também na Tradição Sacramentana e na Beija-Flor. Não desfilei pelas outras porque deixei a passarela em 2006 por motivos de saúde, senão iria em todas pra completar. Gosto muito de carnaval. Carnaval está no meu sangue. Amputei uma perna, mas quando ouço um sambinha ainda chacoalho o corpo...”, de dona Eva, ao lado da filha Zezé, também homenageada como passista. 

 

Tumulto acaba com desfile das campeãs do Carnaval 

 

A terça-feira, último dia do reinado de Momo, tinha tudo para ser uma bela festa, mas um tumulto durante o desfile da campeã, Unidos do Areão, acabou com o brilho da festa, o que foi lamentado por todos, autoridades e público presente.

Lamentavelmente, por conta de inconseqüentes, a escola campeã não terminou o desfile, por nervosismo e insegurança. 

A festa começou bem. Primeiro, o desfile da Bateria 2000, o Rei Momo Nelson e a Rainha Jusçânia, seguidos pelo Bloco da Alegria, recebendo as premiações previstas. Classificada em quarto lugar, com verdadeiro espírito esportivo, Nivaldo Silva, presidente da Acadêmicos do Borá, estava presente com toda a diretoria para a premiação. 

A Beija-Flor Sacramentana, acompanhada pelo presidente César Donizete de Oliveira e a carnavalesca Meire Idualte esbanjou alegria e vibrou com a premiação dos dois destaques: os irmãos Nayan e Nayane com notas máximas do jurados.

A premiação dos filhos, para o presidente César, que recebeu o troféu de terceiro lugar e um cheque no valor de R$ 1 mil, pelo desfile da Beija Flor, foi a maio alegria. “É uma felicidade imensa a família levar dois troféus. Quanto à escola, a avaliação é a mesma de sempre e fica a tristeza, que não ofusca a felicidade que sentimos por nossos filhos’’.   

A XIII de Maio, amargando a derrota, depois de quatro vitórias consecutivas, ao invés de vibrar pelo honroso vice-campeonato, levou uma faixa de protesto à frente da bateria, que perdeu pontos por não incorporar tamborins na bateria. Manchou o lindo desfile que fez no domingo, por conta de uma ideia maluca de algum integrante da escola, ou sabe lá de quem, mas de qualquer forma aprovada pela diretoria, ao estampar a seguinte crítica aos jurados: “VALEU BUGRINHO. Tentamos, mas fomos barrados por uma nota injusta. Estamos prontos para o Carnaval 2013. Parabéns, população de Sacramento.”

A faixa, que segundo um diretor, deveria ser de homenagem ao grande incentivador e diretor da escola, Celso Rezende de Menezes, o Bugrinho, falecido dia 16 de janeiro, depois da derrota, mudou o tom, incorporando uma – aí sim – injusta crítica aos jurados. Homenagem é uma coisa, protesto é outra. E por cima um protesto em cima de uma justificativa pífia, sem fundamento, afirmando que o tamborim não tem importância dentro da escola. Ora, o naipe de tamborins dentro de uma bateria é imprescindível. 

“Com coreografia própria, diferente do restante da bateria, o mestre Testa e seu diretor de Bateria, Paulinho Marincek, levaram para a avenida na bateria da Unidos do Areão, dez ritmistas de tamborim, enquanto a XIII de Maio não levou nenhum”, comentou um jurado, justificando os décimos retirados da nota. 

“O tamborim é um dos instrumentos mais importantes da bateria, já que faz todo o desenho do samba. Enquanto os surdos e a caixa fazem uma marcação contínua, o tamborim faz diferentes bossas no samba e na percussão. Sua baqueta pode ter ponta única ou múltipla, o que produz sons diferentes. Por sua importância dentro da bateria, o naipe de tamborins costuma ter diretores específicos para ele”, diz o site da artes.com.

Sem B.O., mas uma atitude irresponsável foi também registrada por um dos empurradores de carro da Unidos do Areão, que, em frente ao palanque retirou do bolso uma pena verde (cor da XIII de Maio), jogou no chão e dançou sobre ela. Não deu outra, levou uma latada de cerveja. É como no futebol, nenhum perdedor suporta humilhação.

 

Unidos do Areão homenageia Helenice

 

“Essa vitória é da comunidade, da união da comunidade. Não é uma vitória de uma pessoa, mas de uma comunidade que trabalhou unida e que me apoiou muito neste trabalho. A comunidade faz jus ao nome da escola:Unidos do Areão”, de Helenice Maria Borges Marincek, uma das carnavalescas da Unidos do Areão que recebeu homenagens da diretoria da escola, em frente ao palanque oficial. “Em nome da escola Unidos do Areão, queremos homenagear uma pessoa que diuturnamente nãomediu esforços para nos ajudar e está aqui conosco: Helenice” - disse Maria Rezende, ao entregar-lhe uma lembrança da Escola, em nome da diretoria.